A Estrela

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                   Havia um ponto negro no céu diurno.

                   Imponente, se mantinha imóvel e a vista todos os dias, mesmo as nuvens mais pesadas em dias nublados eram incapazes de escondê-la.

                    Muitos, principalmente os humanos apenas imaginavam o que poderia ser, ou de onde se originou. Naquela época a conclusão mais disseminada entre as maiores cidades era que aquele ponto escuro pairando sobre a terra seria uma rachadura no domo que os protegiam do espaço e exibia a escuridão existente lá fora. Entre as pequenas vilas a sabedoria dos mais velhos contavam que era naquele único ponto que os deuses permitiam que a noite permanecesse no céu o tempo todo.

                     Mas a verdade apenas pertencia ao passado, aos deuses e aos mortos fazendo com que tal história se apagasse.

                     Tudo começou na formação deste mundo quando algo desconhecido criou a tudo e infinitas versões disso que ficaram sobrepostas umas às outras, separadas por ínfimas camadas de realidade. Foi a origem do multiverso e suas infinitas possibilidades.

                     Cada versão seguiu seu rumo sob o comando de diferentes divindades que de certo modo também foram criados pelo mesmo ser, alguns como a matriz obtiveram êxito, outros desapareceram completamente sem ter a chance de ser habitado. A estrela negra veio de uma realidade que a seu modo havia dado certo, mas não durou muito sob aquele comando.

                     Aquele mundo sempre foi um campo de guerra sem fim, toda a vida gerada ali havia sido modelada para a constante batalha, muitos não duravam meras horas os mais velhos não completavam uma semana, não havia infância nem gestação, apenas a guerra, um show macabro para um deus sanguinário que via tudo aquilo apenas como um divertimento.

                     E assim foi por milhares de anos no planeta tingido de vermelho, até uma das raças existentes alí, na procura de novas e eficientes armas encontraram bem fundo na crosta um mineral que continha uma energia descomunal, aquele era o principal elemento na composição da vida o qual nomearam de Bahay. Logo a pedra foi corrompida se transformando em algo extremamente nocivo que acabaria com toda aquela realidade, eles a chamaram de Wakas.

                     De uma hora para outra a vida sumiu, assim como todo aquele universo deixando apenas um rasgo no fino tecido da realidade por onde aquele deus que havia ficado a deriva no mais completo vazio passou para a realidade vizinha sendo acolhido pela deusa que a regia, mais tarde aquele deus se rebelou tentando tomar aquele mundo para si, mas não deu em nada, ele era apenas um deus sozinho num mundo estralho, e por isso começou a recriar as suas criaturas juntando um verdadeiro exercito para a próxima investida que mais uma vez deu errado.

                     Os seres criados por ele se submeteram a deusa que os permitiram viver em seu mundo, a estrela veio após tudo isso, por aquele mesmo rasgo na realidade ela chegou nesse mundo arriscando cair e destruir mais uma realidade. Wakas não era apenas a arma mais poderosa já vista, mas a essência de toda a destruição, o fim.

                     A deusa para evitar a destruição de toda a vida que havia criado usou todo o seu poder para manter o Wakas suspenso sobre a terra em meio às suas jóias mais preciosas que iluminavam a noite daquele lugar. A nova joia no entanto não aparecia durante a noite mas manchava o céu de negro durante os dias.

                     O deus exilado nunca desistiu de tomar aquelas terras e de tempos em tempos soprava nos ouvidos dos seres existentes ali guiando-os para a guerra, ou criava seres que corromperiam a vida daquele lugar tomando cada vez mais espaço. O seu desejo maior com o tempo se tornou a de reaver o Wakas e subjugar a deusa tomando-lhe o seu posto naquele universo e instaurando mais uma guerra infinita.

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