Contos de Lugar Nenhum

O Último Suspiro

Foi quando tudo começou, o início da contagem regressiva para o fim. Antes da criação de tudo, quando nem o tempo existia algo começou a morrer.

Mas como dizem, "nunca nos sentimos tão vivos como na hora da morte" foi quando surgiu a luz na mente que antes era escura e vazia, um mínimo lampejo foi o suficiente para o surgimento de infinitas ideias e possibilidades.

O modelo do universo havia sido criado, e desse modelo infinitas versões surgiram e ficaram sobrepostas umas às outras, separadas por ínfimas camadas de realidade. Cada versão tinha os seus próprios deuses que ele havia criado a partir dos seus sentimentos e se tornaram independentes daquele que os havia criado.

Depois da luz veio a criatura, em seu próprio mundo ele se lembrou de quando era jovem e o fez surgir em meio ao caos, aquele que fora o primeiro de seus filhos, o qual lhe deu a permissão e poder para criar. Logo depois veio os demais e assim surgiram os Celestes, que sob ordem de seu criador fizeram com que tudo acontecesse.

Uma cidade foi erguida no ponto de origem, e a matéria primordial "Bahay" se encontrava no alto da torre oculta do palácio, um lugar que nem o primogênito poderia ir, até que tal permissão lhe foi concedida. O celeste viu, pela primeira e única vez, a verdade.

Depois disso ele nunca mais fora o mesmo, não se rebelou, nem foi expulso de sua própria casa. Apenas se retirou e passou a vagar pelo mundo, assistindo de perto tudo o que seu criador ordenava e levando toda a culpa. Era como um consolo para a humanidade, alguém que não se divertia com o seu sofrimento nem interferia em suas vidas, mas que estava disposto a ser culpado apenas por estar sempre por perto.

Qual era a verdade? Simples, somos todos sonhos vivos de uma mente em seu leito de morte, vivendo na infinidade de seu último suspiro. O tempo está acabando e por hora não há salvação. Se estivermos aqui quando essa luz se apagar nunca teremos existido e esse é o seu maior medo.