IV - De volta para casa

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O avião enfim pousou em Miami, apesar de ser algo que as duas conversaram, mantiveram o segredo, seria uma surpresa para todos. Passaram-se duas semanas, tempo suficiente para a legista e a agente prepararem papeladas e acordos de transferências, nesse caso, apenas o delegado Rey sabia da chegada delas, pois Anne voltaria para sua função na delegacia e Sam seria uma pessoa diretamente ligada ao FBI.

- Vamos direto para o apartamento, amor, estou exausta.

- Está sentindo alguma coisa, algum dor?

As últimas semanas se resumiram em elas arrumarem as malas, assinarem papéis e Sam cuidar excessivamente da esposa, apesar de querer mostrar para Anne que a deixaria viver uma vida normal, a ruiva não conseguia não se preocupar.

- Estou bem, querida, apenas cansada.

- Certo, logo que falarmos para a sua mãe, iremos procurar um médico, vamos fazer tudo direitinho, não quero que nada dê errado.

- Sam, imprevistos acontecem, sabemos disso.

- Pode ser, mas não será por minha culpa.

- Amor, eu não disse isso.

A mais velha nada responde, colocou a última mala no carrinho e começou a andar, sendo acompanhada pela esposa, que preferiu manter silêncio, estava tentando ao máximo entender o lado de Samanta, só esperava que essa fase de aceitação passasse logo, pois ela não sabe como seria dali a uns meses que estaria inchada, estressada e com os hormônios em grande bagunça.

Não demoraram a pegar dois táxis, um para elas e outro para o monte de malas. Iriam para o antigo apartamento da loira, que estava devidamente limpo e esperando por elas. Anne encosta sua cabeça no ombro da esposa, Samanta coloca sua mão na perna dela, acariciando o lugar com carinho, ambas sabendo que seria um recomeço do recomeço. A vida delas era isso, dando várias voltas, porém sempre trazia boas supressas, uma delas estava dentro da barriga da loira, elas só ainda não sabiam que isso era só o começo.

Assim que pararem em frente ao prédio, o porteiro, o mesmo de sempre, as abraçou e ajudou com as malas, três viagens no elevador foram suficientes para o monte de malas e estarem dentro do apartamento. Elas paralisaram no meio da sala e analisaram tudo com cuidado, lembranças sentimentais. Foi naquela sala que a ruiva disse que ia embora, foi naquela sala que Anne não teve coragem de pedir para ela ficar e foi naquela sala que elas juraram que se amariam para sempre, vinham cumprindo isso muito bem.

- Lar, doce lar. _ A ruiva sorri e chega perto da esposa, abraçando seu corpo e beijando seus lábios.

- Vá descansar, querida, depois damos um jeito nessas malas.

Anne lhe dá um selinho e se encaminha para o quarto, roupas de cama trocadas, limpas e cheirosas, a loira só teve o trabalho de tirar a calça jeans e blusa, ficando apenas de roupas íntimas, puxou o cobertor e abraçou o travesseiro, logo pegando no sono.

Desde o dia que descobriu da gravidez no banheiro da sua antiga casa em Los Angeles, ela vinha sonhando com um garotinho de cabelo loiro e olhos verdes, talvez fosse um presságio do que viria pela frente. Na sala, Samanta foi até a janela e olhou para fora, percebendo que nada mudou desde a última vez.

Quando vieram para a cidade as primeiras vezes, ficavam no apartamento, mas depois perceberam que tinham mais trabalho, assim passaram a ficar na casa dos sogros da ruiva, era mais fácil e prático, no entanto nunca alugaram o lugar. Anne nunca gostou da ideia de outras pessoas morando em sua casa, por isso uma faxineira da confiança dela tinha a missão de manter o lugar em bom estado, ela fez isso muito bem durante os três anos.

Sobrevivendo ao prazer - Família (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora