Corra

27 4 2
                                    

Ela bradara alto, mas não pudera escutar. Sentira que estava surda aos sons comuns, porém ao fechar sua boca, os sons da floresta retornaram aos poucos, primeiro as águas do rio, o pio das corujas, o bater dos galhos uns nos outros graças aos ventos que ali cercavam e rodopiavam ao redor das árvores.

Um som diferente se misturara aos outros. Alyssa ergueu a cabeça ao mesmo instante, suas orelhas mexeram, os sentidos aguçados, fora treinada para aquilo.

Podia ver mais de que o comum por parte de muitas outras pessoas.

Ouça, veja, mate.

As três palavras que sua mãe lhe ensinara, como principais ordens para que vivesse. Matar ou morrer, não havia outra escolha.

Mate, ou morra.

Ela removera o pano xadrez da cesta e jogara-o ao chão, um leve reluzir de um metal atingira aos seus olhos, porém em momentos passados, sumira.

Uma adaga jazia ali, o passar a saber daquilo quando era menor lhe fizera entender por parte, o porquê de sua mãe levar aquela cesta consigo.

Ela ia atrás de alguém, enfrentava alguém, talvez matasse alguém...

Mas esse alguém estava vivo. A sim... Estava.

Algo mexera entre arbustos secos, e Alyssa movera seu vizar para a mesma. Oeste, 178 graus... Sibilara internamente, andando por entre passos rápidos, parecia algo como um raio, corria com vontade, virando a lâmina de sua adaga prateada para fora, a mesma raspou em alguém que gritara alto.

Alyssa virando-se para a direção do som, vira o sangue de tom vermelho escuro respingar e manchar sua mão. Olhando para o local, vira um homem, trajando roupas de couro, os olhos vermelhos escuros.

- Corra garotinha - sussurrara em tom malicioso - É melhor correr...

Ela ignorara o aviso, e jogou-o ao chão, se posicionando sobre ele, acertara-o de novo com a adaga sobre seu peito, enquanto o mesmo soltara um brador misto a uma risada. Um uivo.

O homem ria de forma perturbadora, os olhos vermelhos cravados em Alyssa, não morrera.

Vários uivos surgiram em meio aos sons da mata. Estavam perto, por trás do homem, que se levantara.

Recuara. Diversos pares de olhos vermelhos como o dele surgiram. Eles a queriam, tinha de correr, fugir.

Seu coração batia descompassada mente, dera um passo para trás e se preparara para correr.

Era forte, não milagrosa. Não acreditava em milagres.

AlyssaOnde histórias criam vida. Descubra agora