CAPÍTULO 2

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Dias atuais.

Vida que segue!

Foi assim que se passou dois anos após minha separação. O apartamento mobiliado ficou sendo meu, e um bom dinheiro que Alberto deixou para mim. O contato com meu ex-marido além da nossa última discussão foi apenas no tribunal, um mês depois, quando o divórcio saiu em tempo recorde. Desde então, não tivemos nenhum contato.

Ocupei minha mente o máximo possível durante esse tempo. Deixei de trabalhar nas escolas e me dediquei apenas ao consultório. Há dois meses, várias mulheres vinham se consultar e desabafava sobre a vida conjugal. Todas elas reclamavam que os companheiros não se esforçava mais na hora do sexo e estavam vendo o casamento esfriar por falta desse contato. Elas diziam que sentiam como se fosse uma obrigação e o ato era feito de qualquer jeito... quando era feito. Às vezes eram elas que não sentiam tanto prazer, por criar expetativas e a realidade ser totalmente diferente.

Com o tempo percebi que essas pacientes precisariam de consultas diferenciadas, e comecei as aconselhando a terapia de casal. Elas estavam dispostas a salvar o casamento. Eu precisava saber se eles também queriam. E saber o motivo que estavam desgastando a relação.

Não fui feliz em meu casamento, mas não me sinto magoada ou frustrada, no entanto, sei que nem todas as pessoas tem a mesma reação que eu, e por isso queria ajuda-los a recuperar o que eles tanto queriam.

A semana se encerrou e com ela, o cansaço invadiu meu corpo. Só nessa sexta-feira atendi quatro casais, com o mesmo problema e dispostos a fazer de tudo para melhorar. Já estava com tudo traçado. Ideias e mais ideias surgiram em minha mente, quando atendi o primeiro casal. Trabalharia com os homens, de uma forma diferente.

— Joy, o senhor Hélio já chegou. — Esse não é meu nome, mas foi dessa forma que minha funcionária foi instruída a me chamar.

Joy nasceu na decisão que tomei após as terapias de casais. Sabia que no meu consultório, os maridos não se sentiriam a vontade para conversar sobre a mulher, mesmo que eu mantivesse minha palavra sobre sigilo e profissionalismo e por isso, comecei a indicar o consultório da Joy.

— Peça para ele entrar.

Lorena foi contratada para receber um bom salário, em troca de sua descrição e profissionalismo. Tudo foi descrito no contrato, e o sigilo era uma das partes mais importantes.

O consultório da Joy terapeuta, fica localizado no último andar de um prédio empresarial no centro de São Paulo. Grande parte do prédio era composto por consultórios e clínicas, mas um ou outro escritório de marketing e contabilidade faziam parte do imponente prédio.

O consultório da Psicóloga Andrade ficava no primeiro andar do mesmo prédio que o consultório da Joy.

Mesma localização, para facilitar consultas futuras, ou quem sabe, alguma emergência.

Ajustei a mascara em meu rosto, antes de abrir a porta da antessala para recebe-lo.

— Bom dia, Hélio! — Recebi o paciente na antessala que antecede a terapia.

— Bom dia, doutora Joy. — Hélio me cumprimentou e senti o quanto ele estava nervoso.

— Aqui você deverá me chamar de Mrs. Joy, sem o doutora. Por favor, me acompanhe.

Abri uma porta localizada próximo a estante de livros e revelei uma sala aconchegante a meia luz, com várias velas espalhadas, um divã vermelho no meio da sala, e minha poltrona grafite de frente. O lugar ideal para fazer o meu trabalho. Todo projetado detalhadamente, através das ideias que eu vinha trabalhando.

Mrs. Joy - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora