Papai do céu

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Em meio a um desespero clamei:

"Pai! Eu não tenho forças, nem mais fôlego.
Para caminhar.
Eu cansei de tentar.
Pois a cada passo dado.
Uma queda exagerada.
Papai eu não consigo.
Não posso suportar essa dor.
Esse deserto escaldante.
Que a noite me congela.
Não vou conseguir atravessar.
Me sinto sozinha.
Perdida.
Vazia!
Não consigo mais me levantar.
Algo cegou-me.
Não posso enxergar.
Nem mesmo caminhar.
Papai! Eu sei que errei .
Mas o senhor que olhas ai de cima.
Pode me ouvir?
Ajude-me"

Já sem forças para continuar.
Em meio a um deserto.
Caída, fraca!
Só me lembro de clamar:

"Papai, papai, papai..."

Como um grito de socorro.
Desmoronei.
Então senti mãos.
Me agarrarem pelo braço.
E me levantarem.
Aos poucos me ajudando a caminhar.
Tendo paciência de esperar.
Dar passinho por passinho.
Devagar.
Aos poucos já não sentia o sol me queimar.
Nem o frio da noite me congelar.
Suas mãos me guiavam.
Até certo ponto.
Onde já me encontrava estável.
Sussurrou-me no ouvido.

"Filha, estás segura"

E assim suas mãos me soltaram.
Continuei a caminhar.
Sabendo que estava.
E sempre esteve ao meu lado.
A chuva caia molhando meu rosto.
Fazendo-me enxergar aos poucos.
Logo já não estava cega.
Percebi que não me encontrava mais  no deserto.
E olhando para o céus de onde a chuva vinha.
Sorrindo eu gritei feito criança:

"Eu te amo papai do céu"

Ketly Hettwer

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