A Bailarina
Bela bailarina.
Nas ponta dos pés.
Contando-me uma história.
Sem dizer uma palavra.
Quieta.
Rodopiando para lá.
E para cá.
Fazendo gestos delicados.
Para uma história tão bruta.
Costurando o palco.
Se movendo.
De olhos fechados.
Ela me recitava uma poesia com os pés
Eu reconhecia!
Era a poesia da saudade.
Talvez a bailarina sentisse falta de seu soldadinho.
Tão frágil quanto uma rosa espinhosa.
Dançava com firmeza.
Mas ela sabia que uma hora daria um passo em vão.
Pobre bailarina.
Em uma de suas costuras quebrou a agulha.
A platéia riu.
De canto a vi chorar.
Quietinha.
Todos riam.
Mas a bailarina secou as lágrimas.
Se levantou.
Encarou todos.
Olhando um por um.
Inclusive para mim.
Fechou os olhos.
E rodopiou.
Recitando agora sua historia.
E todos que riam.
Agora choravam.
Ela terminou seu passo.
Contando que essa era sua vitória.
Abriu seus olhos e sorriu.
Como ninguém jamais havia sorrido.
Se despediu e saiu.
Rodopiando.Ketly Hettwer
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Susceptível
PoesíaSendo eu susceptível, procurando-te por essas ruas mal iluminadas, sozinha! Não tão sozinha, guiada pela lua tendo as estrelas de companhia , sentindo um peso dentro de mim como se carregasse por essas ruas o peso do mundo. Caminho devagar pois uma...