Thartaros [Cancelada/Em pausa]

Capítulo 1 - Tempestade

Era um dia chuvoso. As nuvens escuras ocupavam o céu por completo, ofuscando os raios de luz solar. Os estrondos dos trovões, junto com o ruído das gotas de chuva, rompiam o silêncio e assolavam os estudantes do Colégio Tartharos. Os trovões eram tão fortes que pareciam ser capazes de romper os céus, por isso os alunos e funcionários da escola estavam tapando seus ouvidos fortemente com suas duas mãos. Nenhuma comunicação auditiva poderia ser feita diante desses estrondos, mesmo que a pessoa gritasse até ficar rouca.

Relâmpagos caíam aleatoriamente; matavam pessoas, incendiavam florestas e destruíam construções. Todos os que presenciavam esse misterioso fenômeno apenas se trancavam em casa e rezavam para sobreviver. Os crentes acreditavam que o julgamento divino finalmente havia caído sobre a raça humana, enquanto os céticos alegavam que isso tinha uma explicação lógica por trás e eram consequências de ação humana.

Esse fenômeno não ocorria apenas no Colégio Tartharos, ele ocorria simultaneamente ao redor do mundo inteiro, intrigando os meteorologistas. Uma tempestade tão forte e repentina capaz de atingir todo o planeta ao mesmo tempo, que tipo de ideia era essa?

Os estudantes do Colégio Tartharos estavam todos assustados e desesperados. Ou melhor, quase todos. Havia uma exceção. Ele tinha um cabelo negro cheio e levemente ondulado nas pontas. Normalmente, seu cabelo era bem penteado, mas agora estava bagunçado e caía-lhe sobre os olhos também escuros e com olheiras profundas. Seu fino e pequeno nariz sustentava um óculos retangular preto. Seus lábios lisos e rosados viviam entreabertos, mostrando dentes alinhados e brancos. A estatura do garoto era mediana, aparentando ter 1,75m. Porém, ele era muito magro e andava ligeiramente curvado, olhando sempre para o chão. Emanava uma aura de timidez e fraqueza, que contrariava sua boa aparência. Por isso, nenhuma garota se sentia atraída por ele. O garoto usava roupas pretas casuais de dois números acima do seu.

Esse garoto estava sentado agarrado com sua mochila no canto mais distante da sala, perto da janela. No momento, os trovões já não eram mais ouvidos, possibilitando a estadia dele perto da janela seguramente. Entretanto, mesmo que estivesse temporariamente seguro, ninguém queria sentar ali. Portanto, fizeram uma votação, e o garoto de cabelos negros foi obrigado a ficar ali. Ocasionalmente, o garoto de cabelos negros olhava para sua mochila e para dois garotos que estavam na direção oposta da sala, cercados por duas garotas, uma de cabelos castanhos, a outra de cabelos negros.

Aproveitando do momentâneo silêncio, os estudantes da sala discutiam e conversavam entre si.

— Ei, Kudo. Ele está olhanda para cá novamente! — A garota de cabelos castanhos puxa levemente a manga da camisa de um jovem alto e atlético ao seu lado.

— O quê? Novamente? — O garoto atlético, chamado de Kudo pela garota de cabelos castanhos, indaga.

— Talvez devêssemos lembrá-lo de sua posição, acho que, devido à esse acidente, ele deve ter esquecido suas boas maneiras — o outro garoto sugere. Ele era gordo, mas era bem alto, compensando seu peso.

— Agora o professor está tomando conta. Devemos esperar ele sair, então posicionamos alguém no corredor para que possa avisar sua volta. Então, poderemos fazer o que quisermos com ele que ninguém sequer se importará de notificar o professor — diz a garota de cabelos pretos.

Os dois garotos e as duas garotas continuaram planejando e cochichando no seu canto, e, dois minutos depois, o professor foi chamado para uma reunião.

O garoto de cabelos negros continuava alheio à tudo isso. Ele apenas olhava o céu, que estava lentamente adquirindo um tom avermelhado.

— Ei, pequeno lixo! — Uma voz acorda o garoto de cabelos negros de seu devaneio. Ele reconhecia muito bem o dono dessa voz.