Não use pregos de aço,
Use palavras de incentivo,
Não engane com um breve abraço,
Preserve o meu olhar feminino.
Essas cordas que perseguem os meus passos,
Carregam séculos e gerações,
Todas as lágrimas que constroem o meu rosto,
São lembranças de muitas aflições.
Crucificam-me com apedrejamentos e galanteios,
Esquecem-se de que sou a semente que eles mesmos plantaram,
Atiraram-me sobre mesas e sorteios,
Sou a colheita que eles mesmos semearam.
Regaram-me com raiva e floresci em abundância,
Deram-me ódio em vez de sol,
Salpicaram-me com tristeza formatada em fragância,
Tornaram-me num vazio e hoje sinto-me só.
Carrego alguma culpa pelos maus tratos que sofri,
Doei as minhas forças para quem me enfraqueceu,
Desprezei os vários conselhos e nenhum deles ouvi,
Sou o presente do passado que o futuro escolheu.
Engana-se quem pensa que sinto-me derrotada,
Ressuscitei das cinzas e transformei-me em brasas,
Riram-se da minha dor enquanto gritava,
Carrego a luz nos olhos reflectida em chamas.
Não pedi para ser mal amada,
Não pedi para ser julgada,
Não quero ser condenada
Apenas quero libertar as minhas asas.