Assim que Luna Valente é demitida do emprego que trabalhara por anos, sua prima Ambar Smith, a chama para um novo trabalho, como babá de seu filho. Na luta de conciliar sua nova vida na faculdade ao seu novo emprego, Luna conhece Matteo Balsano, um...
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17 de Março de 2018, Sábado
Apenas 3 quilômetros me separavam do conforto da minha casa até o meu local de trabalho. Trabalho esse que tenho a mais de 3 anos. Comecei esse meu novo emprego assim que iniciei o ensino médio, na tentativa de ajudar meus pais com o dinheiro para a nossa nova casa em Buenos Aires. Morei no México acho que minha vida toda e logo que meus pais decidiram se mudar para a Argentina, no mesmo instante pareceu que meu mundo caiu entretanto eu aprendi a amar esse lugar ao decorrer desses anos. Não tem aquela brisa do mar batendo no rosto, mas tem a sensação acolhedora de estar aqui, como se esse lugar me pertencesse. Argentina simplesmente se tornou meu lar.
Passei mais uma vez pela mesa cinco que chamava por mim como um raio, indo em direção a Karen que pedia minha ajuda para a limpeza de outras mesas. Antes que eu pudesse chegar a minha colega, escuto uma voz extremamente aguda clamar por meu nome. Viro-me e deparo-me com a general com uma expressão nada feliz. Poderia dizer com clareza que essa não foi a primeira vez que chamava.
- Valente! – A general engole em seco ao chamar-me mais uma vez atrás da bancada – Está em que mundo? Preciso que você faça uma entrega.
- Desculpa. – Digo, aproximando-me dela – Me dê o endereço, por favor.
Ela me entrega um post-it com o destino e eu saio em disparada com meus pés sobre rodas e o pedido nas mãos. Na saída do ar condicionado do restaurante, eu estremeço ao sentir o ar quente ainda refletindo o verão que estava indo embora bater em minha pele. O mês de março na Argentina é um tanto quente. Não é aquele calor de morrer de dezembro e também não é aquele frio de Julho. Outono e primavera sempre são melhores que verão e inverno.
Desço as ladeiras em alta velocidade e pulo alguns quebra-molas ainda admirando a paisagem. Passo pelo Obelisco de Buenos Aires e fico a observar por um tempo considerável aquele monumento. Argentina é um país lindo. Não tem como se negar isso.
Seis longos quarteirões depois, e consideravelmente suada, chego ao meu destino. Faço a entrega à uma adolescente que aparentava ter não mais de 15 anos e retiro-me voltando ao restaurante. Como sempre minha entrada não é nada acolhedora mas sim despercebida porém os gritos cotidianos fazem falta e eu fico a procurar pela chefe me dizendo o que fazer. Dirijo-me até Karen que também parecia estranha assim como o ambiente.
- O que está acontecendo? Cade a general? – Pergunto-lhe, a ajudando na arrumação.
- Está lá dentro com o chefão. – Ela aponta com a cabeça para a sala onde nada bom era dito – Coisa boa não vem ai, Luna. Melhor nos prepararmos.
Outrora eu pudesse lhe responder, todos ouvimos um barulho da porta ao ser aberta e o baque ao ser fechada de forma brusca. Karen estava certa. Coisa boa com certeza não vem aí.
- Todos venham aqui, por favor. – A general nos pede e cada funcionário se aproxima com temor – Não tenho notícias boas. – Respiro fundo tentando entender o tom de sua voz. Estava no intermédio de raiva e muita tristeza – Não tenho como adiar isso, então serei direta... – Dessa vez, ela que respira fundo e manda a bomba – O restaurante será fechado. Não temos mais como continuar e...
