o bibliotecário

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Depois de errar o endereço três vezes, eles finalmente chegaram ao destino. Um pequeno predio abandonado, em meio a cidade iluminada por luzes artificiais o edifício era quase imperceptível, como se estivesse se escondendo de propósito. A porta estava tampada por tábuas de madeira velha, Josh pegou seu machado no banco de trás do carro, e andou em direção ao prédio, com Malik o seguindo.

Depois de Josh destroçar a entrada eles seguiram para dentro do prédio, o ar abafado e sujo. Chegaram finalmente a uma porta nos fundos da construção, tinha uma aparência empoeirada e velha, mas havia bem no meio, uma fechadura dourada reluzente, como ouro recém polido. Malik tirou uma pequena chave do mesmo material do bolso e a inseriu na fechadura, girando-a em sequência e abrindo a porta. O interior era um grande Hall de entrada, com piso de mármore polido tão limpo que parecia um espelho, diversas colunas brancas seguravam o teto nos cantos do local, na parede contrária à porta haviam duas portas de elevador, espaçadas por alguns metros de parede, onde estava uma pequena mesa vazia de metal escovado, sentado atrás dela em uma cadeira do mesmo material estava um garoto de aproximadamente dezesseis anos, de pele pálida, os cabelos pretos com pontas azuis e verdes estavam bagunçados, ele vestia uma camiseta laranja com "CHB" gravado em preto, uma calça jeans escura e tênis pretos. Ele os encarou com os olhos negros como carvão, enquanto os rapazes se aproximavam.

-Olá, como vão ocupar meu precioso tempo hoje?

Malik o olhou com um sorriso sarcástico, mas antes que dissesse algo, Josh se dirigiu a ele.

-Alexander como vai? Precisamos ver o andar de pesquisa.

O garoto gesticulou para o elevador a direita.

-obrigado vossa majestade.

Malik disse com zombaria, Alex o olhou irritado mas ele já estava junto a josh no elevador. A descida pareceu durar horas, no marcador de andares passavam numeros, simbolos e marcas que Josh não conseguia identificar, até que depois de muito tempo o elevador parou e as portas se abriram com um leve som agudo.

O aposento se tratava de uma biblioteca tão ampla que era impossível ver até onde iam suas prateleiras colossais, o teto devia estar a 20 ou 30 metros de altura e tinha diversas plataformas de bronze com escadas do mesmo material, um pouco a frente do elevador havia uma grande mesa redonda de madeira negra, sobre ela havia uma almofada em vermelho e dourado sobre a qual estava repousando um imenso leão de pelos castanhos. Malik foi até a mesa enquanto Josh olhava em volta, então cutucou o leão com o indicador.

-Arthur precisamos de ajuda.

O leão ainda de olhos fechados pareceu se incomodar um pouco.

-se virem.

Disse o felino com voz grave, Malik ouviu um riso abafado de Josh as suas costas e cutucou novamente o leão com teimosia.

-vamos, precisamos fazer uma pesquisa.

O leão abriu os olhos azuis como o céu de verão, tão intensos que a temperatura da sala parecia ter aumentado.

-se eu ajuda-los vão me deixar em paz?

Malik suspirou como se aquilo fosse incrivelmente comum, e prosseguiu.

-claro, vai poder dormir o quanto quiser. Mas tem que me ajudar a achar uma coisa.

O leão parecia satisfeito com a resposta, pois se levantou e desceu da mesa, de pé nas quatro patas ele era alguns centímetros mais alto que Malik.

-o que busca? Diga-me e vos ajudarei.

O leão dizia com voz solene, Josh sorriu e olhou para o grande felino.

-tem que dizer isso toda vez que vai pesquisar? Tipo "ok siri..."?

-você tem que usar esse corte de cabelo? Existe uma coisa chamada cabeleireiro, ele não faz milagres mas pode melhorar esse desastre que você usa na cabeça.

Malik soltou uma risada e Josh pareceu se ofender muito, mas antes que pudesse retrucar o amigo se volta a Arthur.

-resumindo, alguem foi sequestrado e precisamos descobrir quem sequestrou, pensamos que fossem lobos mas não tinha vestigios de lobos e tudo oque encontramos no local foi um cheiro fraco de drakon que não batia com a hora do sequestro.

O leão pareceu pensar por alguns segundos, e então franziu o cenho.

-como era o local do sequestro?

-Beco escuro, a noite, vazio e sujo, basicamente um beco normal de Nova Iorque.

-mesmo como caçador você não sentiu nada?

-nada que batesse com essa hora em específico.

Arthur assentiu e olhou para Josh.

-ou você não é um bom amuleto ou era um Umbra Mortuis.

Josh pareceu confuso e Malik mais ainda, o leão vendo suas expressões suspirou.

-são criaturas extremamente raras e conseguem passar completamente despercebidas até mesmo por caçadores, geralmente são assasinos de aluguel ou bandidos, pois não podem ser encontrados por meios normais.

-eles morrem?

-o básico, é so bater bastante com alguma coisa de prata.

Malik sorri com uma felicidade sádica.

-gostei.

Josh ainda não pareceu satisfeito.

-e como os encontramos?

-Não vai ser facil porque eles não deixam rastros perceptíveis mas existe um monstro que pode localiza-los: um Katzenmensch. Eles são muito ligados ao mundo espiritual e podem ver o rastro energético dos Umbra Mortuis.

-um homem gato? E onde encontramos um?

-também são raros mas deve ter algum pela cidade, recomendo que procurem em boates ou casas de show. Esse tipo de criatura gosta de uma boa festa.

-vamos ver oque fazer, obrigado Arthur.

-agora saiam daqui e me deixem em paz.

O grande leão deita-se novamente em sua almofada e volta a dormir enquanto os amigos pegam o elevador de volta ao andar de Alex.

Cronicas de Mil Mundos - A Cidade CinzaOnde histórias criam vida. Descubra agora