Capítulo 4 - A Cidade Sobre o Rio

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AS SOMBRAS ARRASTAVAM-SE na estrada poeirenta de Aedificatio, silhuetas de grandes casas de pedra e madeira

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AS SOMBRAS ARRASTAVAM-SE na estrada poeirenta de Aedificatio, silhuetas de grandes casas de pedra e madeira. Tudo indicava que seria um dia agradável e quente. Graças aos deuses, o verão mostrou-se vigoroso e permitiu uma ótima colheita de frutos, possibilitando a produção de variadas tortas. O forno de tijolos assoprou uma baforada de ar quente no rosto de Ayla quando ela abriu a portinhola de ferro para retirar de lá suas produções. Sentiu o dedo polegar queimar quando o encostou a uma das formas metálicas. Largou-a rapidamente sobre a mesa.

O doce aroma caramelizado do açúcar subiu pelas paredes da casa, galgou escadas e despertou os seus dois meninos das camas. Leonard desceu a escada em polvorosa, tropeçou no último degrau e quase caiu no chão. Liam vinha mais resignado, alargando os braços e bocejando de sono.

O sol era uma esfera maciça nascendo no horizonte, lançando à janela beijos de luz.

— Tão cedo? — perguntou com não mais que um sorriso, colocando as mãos na cintura.

— Liam disse que você fez uma torta de limão — falou o caçula.

— Eu não disse nada! Você que sonha muito tempo acordado — respondeu Liam, rolando os olhos. Podiam ser cópias idênticas se não tivessem idades tão distintas. Os dois compartilhavam o mesmo cabelo cor de carvão e os olhos escuros do pai. O mais velho era também mais forte, ainda que na sua juventude, com palavras mais aguçadas e uma perícia melhor nas espadas. — Leonard não dormiu nada hoje, mãe! Como alguém pode conseguir ficar acordado por tanto tempo e não mostrar um pingo de sono?

— Já disse! — defendeu-se Leonard — A feiticeira veio novamente noite passada.

Era a terceira vez que ele falava de bruxas na semana. Isso acontecera, certamente, por alguns dias atrás ter suscitado a ideia de que a mãe lhes contasse uma história sobre elas. O menino mais novo agarrou-se avidamente à trama, principalmente quando a feiticeira transformou o herói em sapo. Ele deve temer a mesma coisa.

— Uma feiticeira com um chapéu pontudo estrelado, meu filho? — questionou a mãe, lançando ao menino um olhar de descrença.

— Não! Não é como a feiticeira da sua história... É...

— Meu amor, já lhe disse que as histórias terríveis são apenas histórias. Tente tirar seus medos da cabeça. Na próxima vez contarei um conto do Cavaleiro dos Cavaleiros, tudo bem? — e então indicou a mesa com as tortas para os dois — Escolham uma para vocês.

Leonard era claramente o mais empolgado na sua espontaneidade de menino, pulando em um salto para perto da borda da mesa. Liam avançou os olhos cautelosamente para as formas.

— A de uva — sugeriu Liam.

— Não! Eu quero a de limão! — retrucou Leonard.

A Tempestade Pede Ajuda - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora