capítulo 4

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Já passam das duas da tarde, Jhony ainda estava aqui a uma hora atrás mas teve que sair pra encontrar Eloisa não sem antes me perguntar se eu estava certo em recusar uma noite com os dois.

Mantive a decisão.

Comi alguma coisa enquanto esperava pela ligação de Luna. Confirmando o Jantar. Como ela ainda não ligou, imagino que está cheia de problemas para resolver.

O telefone toca.

É Diego.

- Oi. - Atendo.

- Oi. Eu... Liguei pra saber se você está bem e se o plano deu certo.

- Eu estou bem, mas ainda não sei se funcionou.

Ele respira fundo do outro lado da linha e eu já imagino oque está pensando.

- Eu sei que já disse isso antes. - Ele fala. - Mas acho que você está se arriscando demais.

- Eu vou ficar bem.

- Só não quero que se machuque.

- Eu não vou me machucar. - Falo calmamente tentando passar tranquilidade pra ele. - Eu sei me cuidar.

- Eu sei que sabe, mas... - Silêncio. - Tenho medo. É como se você estivesse andando no escuro. Por mais que todos os seus passos já estejam calculados, você sabe que as coisas podem dar errado.

- É, eu sei.

- Sinto sua falta.

- Também sinto a sua. - É verdade.

- Se cuida, tá legal?

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem.

Ouço alguém bater na porta.

- Alguém está batendo na porta. - Aviso.

- Tudo bem, te ligo mais tarde.

- Tá legal.

Desligo o telefone e vou até a porta.
Ao abrir é como se o chão se abrisse abaixo de mim e eu caísse num buraco escuro e não sounesse o que fazer.

Dylan.

- Oi. - Ele fala casualmente.

- Oi. - Respondo surpreso, como ele descobriu meu endereço?

- Desculpe vir aqui sem avisar, eu pedi seu endereço pro Jhony, vi  vocês juntos la na festa...

- Ah, ok! Tudo bem.

- Eu posso... entrar?

Abro espaço para ele me sentindo levemente desconfortável, qual seria o seu interesse em me visitar?

Dylan está sem jeito, mãos nos bolsos, parece nervoso. Ele analisa a casa enquanto eu fecho a porta.

Sorri.

- É uma bela casa.

- Obrigado.

Parece triste e amedrontado. Não entendo oque pode estar acontecendo, peço para que se sente no sofá e ofereço alguma coisa. Ele recusa e me olha nos olhos.

- Eu sei que é estranho eu estar aqui. - Ele começa. - Mas mas é que, parece loucura, mas é como se eu te conhecesse de algum lugar.

Não o interrompo, não sei oque dizer a ele.

- E desde ontem não consigo tirar aquele abraço da cabeça. - Ele continua e eu me repreende internamente por tê-lo abraçado.-  Eu não quero que pense que sou desses caras que acham que estão apaixonados assim que conhece alguém, e também não diria que estou apaixonado, mas tem alguma coisa em você, que eu não sei explicar...

Não sei oque dizer. Sinto dentro de mim uma mistura de emoções e não sei identificar ao exato oque é. Nao tenho como reagir a isso.

- Por favor, diga alguma coisa. - Ele pede.

- Eu... Não sei oque dizer.

- Sei que peguei você de surpresa com ela loucura toda, e não é como se eu estivesse te pedindo em namoro ou qualquer coisa assim, é só que... Eu precisava te falar.

É claro que la no fundo ele está reconhecendo os traços de Adrian, o garoto que no passado ele sentiu algo, o que me faz perceber que não consegui elimina-lo por completo. Dylan me reconhece sem saber quem sou. Ele reconhece aquele quem eu fui um dia, mas Adrian está morto, eu tenho que acreditar nisso.

- Eu não sei como reagir a isso. - Falo. - É que eu te conheçi ontem e...

- Eu não estou te pedindo nada. - Ele fala calmamente e se aproximando no sofá. - Não pense que eu estou querendo algo de você, só quero poder te conhecer melhor e saber oque é isso que você despertou em mim.

Assinto.

Ele sorri.

- Você quer sair comigo neste sabado? - Ele pergunta esperançoso. - Prometo não tentar nada estranho.

Descido pra mim mesmo que não, eu nao devo sair com ele. Se ele reconhece os traços mais leves traços do Adrian em mim, com certeda com o tempo vai juntar as peças e descobrir que ele nunca morreu. Não posso sair com Dylan. Não posso ter nada com ele.

Olho nos seus olhos, azuis e brilhantes. Um azul escuro e profundo, sinto-Me afundando naquele mar esperançoso. O garoto a minha frente é o mesmo garoto que eu tanto amei antes, o mesmo que tambem me machucou muito, o mesmo que eu nunca esqueci e acaba de despertar tudo aquilo novamente dentro de mim.

Penso em dizer não. Quero dizer não, mas tudo o que consigo é dizer sim.

Sobre Amores e VingançasOnde histórias criam vida. Descubra agora