III - ELA

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Enquanto se está vivo, a vida continua. O mundo não para de girar. E nós precisamos seguir também. Vários dias se foram, e Felipe sabia que precisava reencontrar Gabi, ou Biela, como ele a chamava. Sabia que isso estava próximo, mas, talvez não próximo o suficiente.

Felipe era um jovem moreno, de altura mediana, olhos e cabelos castanhos. Há quatro anos havia deixado a casa de sua irmã, para realizar seus estudos numa faculdade do interior. Foi lá, em seu último ano de curso, no último período que ele conheceu a "moça dos cabelos cor-de-ouro". Gabrielle era uma jovem loira, de cabelos cacheados e estudava na mesma faculdade. Ele, cursava História; ela, cursava Física. 

Os dois haviam se conhecido após uma discussão entre os dois, por ocasião da formatura que ambas as turmas iriam realizar juntas. Os dois se odiavam no inicio. Aos poucos, porém, foram se conhecendo e se aproximando.

-Você é uma idiota, sabia?

-Ah, é? E você é um cavalo batizado! -Os dois riram e se olharam de forma que nem mesmo eles conseguiam entender.

-Ainda bem que as coisas da formatura estão caminhando não é?

-É sim. Mesmo que você continue sendo um chato e implicante.

-Eu sou, é?

-Pode ter certeza disso.

-Ainda bem que você me conhece. -Disse ele rindo de si mesmo. E os dois novamente riram.

Noites como aquelas eram bem comuns, após a reconciliação. Eles se provocavam um ao outro sempre que podiam. Até então, não havia nada de mais. Entretanto, as coisas mudam, e com eles não seria diferente...

Ele lembrou de tudo isso, e foi despertado pelo toque do telefone. Saltou ligeiro do sofá.

-E aí Felipão, tudo certo?

-Tudo sim, mala. Como estão as coisas por aí?

-Tudo beleza. E aí, pronto pra agitar geral? Vai ser demais essa festa. -Falou seu amigo, Renan, deixando o entusiasmo aparecer em sua voz.

-Sim! Nossa cara, já vai ser na próxima semana.

-Sim, você está no mundo da lua?

-Quase isso! Mas, eu irei sim.

-Beleza cara, falou. Até lá, de boa.

-Até irmão. Falou.

Ele podia não estar na lua, todavia, não era bem ali que estava. Há muito que estava longe dali. Ao certo, não sabia bem onde estava. Uma semana, era isso. Uma semana e ele a veria novamente. Desde a última mensagem, achou melhor não ligar mais não entrar em contato. Não queria forçar a barra. Ela tinha um namorado, tinha uma vida, e ele precisava respeitar isso. Era só uma questão de tempo até esclarecer tudo. E ele torcia para que o silêncio entre eles tivesse dito algo que ambos precisavam ouvir.

COR DE OUROOnde histórias criam vida. Descubra agora