Medo

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Atravesso o portal e apareço ao lado dos guardiões. Um deles é um Grifo e o outro um Ente, há uma porta enorme de pedra entre eles. Assim que me vêem, o Grifo se aproxima de mim, o Ente consegue apenas esticar seus braços pois está preso à parede.

- Bem vinda Serafim. - Eles dizem em uníssono.

- Victor e as crianças já chegaram? - Pergunto nervosa.

- Primeiramente, se acalme. - O Grifo responde.

- Sim, eles chegaram. - O ente responde.

- Vocês vão precisar reforçar a segurança daqui! Tem um vampiro nos seguindo!

- Já sabemos. - O Grifo responde. - Mas não podemos impedi-lo.

- Se ele nos encontrar e passar no teste, ele poderá passar. - O ente responde.

- Pelo menos me avisem quando ele estiver perto, não posso deixar que nos encontre. - Começo a ficar ofegante, já estou sentindo frio novamente. - Me deixem entrar logo, por favor.

- Seja bem vinda. - Eles dizem em uníssono novamente e seus olhos começam a brilhar.

A porta se abre fazendo bastante barulho, tenho medo que Hector possa ter ouvido. Entro correndo assim que abre o suficiente para eu passar.

O lugar é brilhante, há uma área circular no meio de duas cachoeiras, Victor está lá com Alene e Niero, estão comendo algumas frutas daqui.

- Mamãe! - Alene e Niero gritam e correm em minha direção me abraçando.

- Desculpem a demora. - Respondo sorrindo.

- Serafim... Seu braço! - Victor olha para mim assustado, logo as crianças o percebem e também se assustam. - Você está bem?

- Estou. - Menti. - Eu consigo me regenerar se eu arranjar algo para absorver.

- Então nós devemos cuidar de você logo. - Victor se vira procurando por algo.

- Não! - Grito, Victor volta para mim assustado. - Nós devemos sair daqui o mais rápido possível! Hector criou algum aparelho que consegue transformar seres em fragmentos!

- Como assim? - Victor olha confuso.

- Ele absorve assim como meus fragmentos. Eu não sei o que mais a máquina dele faz, mas não quero ficar aqui para descobrir.

- Mamãe, você vai ficar bem? - Niero pergunta com um olhar triste.

- Eu vou, assim como todos nós, vamos sair daqui rápido. - Digo com uma voz mais calma para não assustá-los.

- Não precisam, já cheguei! - Ouço a voz de Hector vindo da porta, ele está passando por um portal na porta e os Ogros passam logo depois dele.

- Como você passou pelos guardiões!? - Victor grita, vou para o lado dele e coloco as crianças atrás de nós.

- Com este poder foi bem simples, usamos o portal que você criou para cá como guia. - Ele mostra o aparelho hexagonal para nós, parece ter algum tipo de agulha no meio. - Só preciso aperfeiçoar um pouco mais e logo ele será tão poderoso quanto seus fragmentos. - Ele sorri.

Olho mais atentamente para a porta e percebo manchas de sangue do outro lado do portal.

- Victor... - Sussurro e olho para ele. - Segure as crianças um pouco. - Começo a me afastar deles.

- Não! - Ele segura minha mão. Me viro para ele assustada. - Eu vou com você. - Ele diz sorrindo. - Fiquem afastados! - Ele fala para as crianças.

- Certo! - Eles dão alguns passos para trás e ficam nos olhando de longe.

- Sinceramente, acho que vou gostar de ouvir o choro delas. - Hector diz sorrindo.

Um círculo mágico aparece no pé de cada ogro, Hector levanta o aparelho e os Ogros começam a ser dissolvidos. Eles gritam enquanto desaparecem, o lado direito de Hector é coberto por fragmentos roxos e o aparelho desaparece, o olho direito dele que antes era vermelho, agora está roxo, diferente do esquerdo e seu sorriso está mais largo que antes.

- Maravilha! - Ele dá uma risada. - Agora veremos se eu sou inferior a você, Serafim Mainheart!

Ele estende sua mão em nossa direção, um espinho gigante é disparado em nossa direção. Materializo minha lança e as garras de Victor rapidamente, destruo o espinho e Victor corre em direção a ele e tenta desferir um ataque, mas Hector consegue se defender com seu braço. Encontro uma brecha, corro em direção a Hector e tento desferir um ataque, mas uma placa de fragmentos para a lâmina de minha lança, ele empurra Victor e dá um tapa em meu rosto que me joga para perto das crianças.

- Mãe! - Alene corre para meu lado.

Eu não me sinto bem, sinto o frio mais forte e meu braço está dolorido olhando para ele percebo que começou a rachar meu cotovelo.

- Mais fácil do que eu pensava! - Hector sorri. Victor está parado entre mim e Hector, as garras que fiz para ele deveriam ser indestrutíveis, mas as pontas já estão gastas. - Acho que vocês não precisam mais deles! - Hector estende sua mão e minha lança e a garra de Victor são fragmentadas.

- Como? - Digo surpresa. O quão grande é esse poder?

- Incrível! - Hector sorri, todo seu lado direito está coberto, um cristal roxo começa a aparecer em seu peito. - Com isso eu serei até mesmo mais forte que meu irmão! Mas isso não é o suficiente! - Ele estica sua mão novamente. Tudo ao nosso redor começa a ser fragmentado.

- Não! - Grito e tento usar meu poder para para-lo, mas logo os meus fragmentos também são absorvidos por ele. - Não...

Todo o lugar agora é uma caverna comum, todas as árvores, os riachos, as estátuas, tudo desapareceu. Hector agora está com uma armadura roxa, o cristal em seu peito brilha forte. Ele ri alto, eu estou com medo disso... Não tem como eu vencê-lo.

- Você não deve precisar deles se estiver morta! - Hector cria dois portais a sua frente e passa suas mãos por eles.

- Mãe! - Niero grita de trás de mim, me viro e vejo ele e Alene sendo puxados pelos portais.

- Não! - Salto tentando alcançá-los, consigo alcançar apenas uma das pernas de Alene, eu seguro ela por um tempo, mas logo o portal se fecha. - Não...

Me viro para Hector, ele está segurando Alene, sem a perna direita. Alene está gritando de dor com sua perna derramando sangue, Niero está tentando lutar contra Hector, mas ele está sendo enforcado por ele.

- Hector! - Victor grita e corre em direção a ele.

- Basta! Eu não preciso de você também! - Ele cria um espinho e o lança em direção a Victor que atravessa seu peito.

- Victor!

- Pai! - Niero grita, mas não a nada que ele possa fazer, assim como eu.

- Por que você está fazendo isso conosco!? Michael nos deixou ir! - Grito começando a chorar.

- Dane-se o que ele pensa! - Hector grita de volta. - Ele não é mais ninguém agora! Eu serei o Rei das dimensões! O Rei do Vazio! Você e meu irmão não sabem nada sobre Poder!

Sinto algo dentro de mim, estou perdendo todos, o choro de Alene e os gritos de Niero ecoam pela caverna. Não tem nada que eu possa fazer... Nada que eu não possa fazer...

Sem o Vazio.

- Hector! - Grito o nome dele. - Morra!

Serafim - Guerra Perdida - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora