Estefani, a coroa mágica

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Cordilheira Âmbar, ou Cordambar, como também é conhecido, é um vilarejo rodeado por grandes montanhas. No pico da montanha mais alta ficava o Orfanato Educacional de Cordambar. Mas não se tratava de qualquer orfanato, aquele era conhecido como o orfanato dos esquecidos, onde viviam todos os tipos de seres sobrenaturais que não tinha família alguma.

O orfanato era um grande castelo com tijolos escuros. A vegetação à sua volta era maltratada, e o ar que emanava daquela propriedade fazia com que ninguém quisesse se aproximar. Havia, também, um cemitério que ocupava parte do terreno da propriedade. Trepadeiras subiam pelas paredes do castelo e as raízes das arvores ficavam emaranhadas ao grande portão de entrada do orfanato. A única coisa linda naquela montanha era vista que se tinha dali.

A vista era deslumbrante. Dava para ver todo o vilarejo de Cordambar, as luzes acesas das casas e o Coral de Âmbar cantando no centro da cidade como se fossem pontinhos minúsculos à distância.

As crianças só podiam sair do orfanato assim que completassem 21 anos, mas aos 18 anos, as "crianças" iam para outra ala e ali escolhiam no que quereriam se especializar pelos próximos quatro anos. Aquela outra ala era como um ensino superior que dava diploma aos estudantes e os preparava para uma vida melhor. Aquele era o melhor orfanato que existia.

Todos os órfãos iam para ali, pois quem entrava ali tinha o futuro garantido.

Em cima da torre mais alta do castelo, ficava o alojamento das meninas e era ali onde Estefani se encontrava. Ela amava olhar pela janela e admirar o vilarejo, além de ser uma criança de treze anos bastante sonhadora.

Estefani não era uma criança comum, ela era uma fada. Sua pele negra era tão negra como a noite. Seus cabelos até a cintura eram cacheados como molas, enquanto que seus olhos amarelados davam uma alma encantada para aquela menina. Não eram apenas os olhos que traziam magica para a menina, mas também, suas asinhas de cor branca que contrastavam com o lindo tom de sua pele.

Por algum motivo, a jovem falava pouco. Estefani crescera naquele orfanato e nunca dissera além do necessário.

– Estefani, querida., – falou a monitora do alojamento feminino – já soou o sino do jantar.

Às vezes Estefani esquecia de jantar, mas o barulho do roncar de seu estômago a fez perceber de que já mais do que passara a hora de sua próxima refeição.

A jovem olhou para a monitora e sorriu em agradecimento pela lembrança.

Ao sair do alojamento das meninas, a jovem fada desceu as escadarias do castelo sombrio. Às vezes Estefani encarava os imensos candelabros que pendiam das paredes, antes de observar pelas grandes e transparentes portas duplas do salão de igual majestade.

A menina escancarou as gigantescas portas, de onde pode-se ver uma mesa de jantar tão grande que dava voltas por todo o salão. Em alguns cantos haviam lagos e em volta dos laguinhos mesas baixinhas, onde os seres aquáticos faziam suas refeições.

Ali estavam sentados todos os tipos de crianças: vampiros, lobisomens, metamorfos, bruxas, magos, elfos, druidas, centauros, sereias aos lagos, dentre outros seres que a menina nem sabia o nome.

– Olhe quem chegou, – disse a amiga bruxa, dando uma colherada em sua sopa fedorenta.

A menina sorriu e sentou-se ao lado seu lado.

– Meninas, olhem o que eu encontrei – uma vampira se achegara às duas, colocando um livro à frente delas.

A vampira não fazia sua refeição ali, afinal ela era vampira e tinha seu próprio lugar de jantar, mas depois daquilo, nada a impedia de fazer uma visitinha para as amigas.

O Segredo dos NomesOnde histórias criam vida. Descubra agora