Capítulo 11

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O tempo aqui não passa. Eu estou no Afeganistão e quase não tenho descanso. A comida é horrível, tudo está como sempre foi. Passo todo meu trabalhando com armas e as vezes sou necessário pra concertar carros.

XXX: olha quem resolveu voltar

Era um antigo amigo que eu não via desde quando fui em borá

Gabriel: e aí Luís
Luís: achei que tinha morrido
Gabriel: te digo o mesmo

Ele sentiu na mesa na minha frente e pegou uma arma

Luís: como você ta?
Gabriel: to bem e você?
Luís: também
Gabriel: o que faz aqui?
Luís: me transferiam a  3 meses e você?
Gabriel: não sei, me mandaram pra cá e deram algumas coisas pra fazer
Luís: você tem sorte, lá fora está um inferno
Gabriel: você está em missão?
Luís: sim, ontem matei 3 terroristas e 5 soldados foram feridos
Gabriel: tão ruim assim?
Luís: aham

Ele me ajudou a montar algumas armas e depois foi chamado por um cara

Luís: nos vemos depois

Ele saiu e eu acabei de montar as armas e fui levar para o depósito depois fui dormir. Acordei às 4:30 antes do sol nascer e sai pra correr pela base, aqui era muito quente e durante o dia era quase impossível. Eu voltei, tomei um banho e fui dar aula com instruções de tiro depois almocei e a tarde era a mesma coisa. Eu ocupava o meu tempo com mais coisas do que podia pra não pensar na Ana, mesmo sendo difícil.
Passei 4 meses assim até que fui mandado pra uma missão de busca por armas em um galpão. Era noite e estava tudo muito silencioso e tenso. Fomos andando por um corredor até que começaram os tiros e um monte de bomba de fumaça que mal dava pra enxergar e eu fiquei procurando da onde vinham os tiros

XXX: SOLDADO FERIDO

a situação parecia uma armadilha. Eu me abaixei atrás de um muro e esperei a fumaça sumir um pouco até que consegui ver os atiradores.

Gabriel: EM CIMA

Eles estavam no andar de cima e nós começamos a atirar até que todos caíram. A missão foi um sucesso e nós achamos muitas armas. Voltamos pra base e eu não consegui dormir lembrando do medo que passei.
Depois disso todos os dias eu recebia uma missão nova e cada vez elas eram piores. Um mês depois eu pude fazer uma ligação pra casa

Gabriel: oi mãe
Camila: como você ta meu filho? Estou tão preocupada
Gabriel: não precisa se preocupar, aqui está tudo tranquilo
Camila: só mas um mês
Gabriel: mãe eu vou ficar
Camila: não vai não, eu te proíbo de ficar aí
Gabriel: eu não tenho motivo pra voltar
Camila: Gabriel só pq as coisas deram errado não significa que você não ter uma nova chance, não vai conhecer uma garota legal, casar e ter filhos
Gabriel: mas...
Camila: você vai voltar e pronto
Gabriel: tudo bem, como estão as coisas em casa?
Camila: as coisas vão bem, seu pai foi visitar a Helena na faculdade
Gabriel: você sabe algo da Ana?
Camila: ela veio aqui em casa a uma semana
Gabriel: fazer o que?
Camila: conversar
Gabriel: e como ela tá?
Camila: ela casou, disse que tá feliz e que voltou pra faculdade
Gabriel: você acha que ela tá feliz mesmo?
Camila: acho que sim
Gabriel: mãe preciso desligar, mês que vem nos vemos
Camila: tá bom, eu te amo tá
Gabriel: também te amo

Desliguei o telefone e fui dar uma volta. Acendi um cigarro e fiquei sentado em um banco observando as pessoas e pensando na Ana. Eu não acreditava que ela estava feliz, a minha mãe estava mentindo sobre algo. Passou um mês e meus dias de exército acabaram. Me despedi das pessoas e fui pro aeroporto, a viajem foi longa e eu fiquei dormindo o caminho todo até que chegamos. Assim que desci meus pais estavam me esperando

Let her goOnde histórias criam vida. Descubra agora