Capítulo 2

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Abro os olhos, olho para o lado e vejo um belo rapaz dormindo profundamente de um jeito pouco confortável, de camisa e calça social sentado em um sofá ao lado da minha cama. Seu paletó está sobre o pé da minha cama e ao seu lado, em uma mesinha, estão minhas coisas e meu celular ligado a um carregador.

Ao fundo escuto o som dos aparelhos que medem meus sinais vitais. Pela janela é possível ver o sol começando a nascer. Será que minha amiga veio até aqui? Preciso falar com esse moço e perguntar o que aconteceu enquanto eu estive desacordada. E descobrir por que ele está aqui.

Tento me mexer na cama com cuidado, meu corpo inteiro dói, sinto uma pontada na cabeça e desisto de fazer esforço na mesma hora

Paro e fico olhando para meu príncipe encantado enquanto dorme. Como ele é lindo. Seus cabelos castanhos, sua pele branca, é alto e magro. Qual será a cor dos seus olhos? Azuis? Castanhos? Mal faço a pergunta e já recebo a resposta. Castanhos, pois eles se abrem e me olham surpresos. Seu olhar é lindo, mesmo em uma situação como essa consigo fantasiar. Bem que o dono desses olhos lindos poderiam ser apenas meu, penso comigo mesma.

— Então você acordou? — Diz o rapaz enquanto se desentorta. — Deixe-me ver, que horas são. Nossa! São 5 da manhã. Você está sentindo dor, Paula?

Acho que minha amiga deve ter dado uma passada por aqui, ou ele deve ter mexido no meu celular.

— Um pouco, mas não se compara nem um pouco com a que senti quando estava deitada na rua, depois do acidente. — Respondo para ele. — Posso lhe perguntar como você sabe meu nome?

— Ah! Deixe-me apresentar antes da enfermeira chegar e me expulsar daqui. Eu me chamo Matheus Albuquerque, fui eu e meu motorista que te atropelamos na esquina da Rua Bela Cintra. Você estava parada no meio da faixa de pedestres mexendo em sua mochila quando foi atingida pelo meu carro. Mas realmente o sinal de pedestre estava verde para você e continuou verde durante todo o período do seu resgate. Depois de ser socorrida você foi operada e a sua cirurgia foi bem sucedida e sua recuperação será em um período de um mês. — Ele se levanta e pega o meu celular que está em cima da mesa. — Eu sei seu nome por causa do celular. Foi através dele que conseguimos entrar em contato com seu serviço e com sua amiga Irene...

— Como assim? Um mês, é muito tempo. Vou ser mandada embora da cooperativa. — Interrompo sua fala.

— Calma! — Interrompe Matheus colocando sua mão em meu braço. — Eu entrei em contato com seu serviço ontem mesmo. Sua amiga Irene, ela esteve aqui, mas foi embora porque tinha que trabalhar. Ela pediu para avisar que ela esqueceu de pegar o dinheiro do aluguel, mas como ela contou para o proprietário o que tinha ocorrido com você ele deu um prazo maior. Disse para você ficar tranquila que hoje ela pega antes de vir para o hospital. Eu vou dar uma carona para ela hoje a noite.

— Por que você ficou aqui depois do acidente? Você me parece uma pessoa bem ocupada. Desse jeito eu vou acabar te atrapalhando, ou atrapalhando seu serviço. Isso vai me deixar mais... — Sou interrompida por Matheus que me faz sinal de silêncio colocando o dedo indicador em frente à boca.

— Eu estou lhe ajudando porque seu acidente foi provocado por mim e pelo meu motorista. Porque você conseguiu uma fratura exposta muito feia. Porque você desmaiou de dor na minha frente. Porque você terá que ficar um mês com bota ortopédica para se recuperar e provavelmente vai ter que fazer fisioterapia para os movimentos da perna. Porque se eu deixasse você ser levada por aquela ambulância você nem teria sido operada ainda.

— Este hospital é particular? Ai meu Deus! Eu não tenho como pagar. Senhor Matheus, eu preciso ser transferida para um hospital público.

— Calma! Olhe isso. — Matheus me mostra as fotos do acidente em seu celular.

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