Capítulo 4

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Estou sentada na cozinha enquanto Rosana ajeita o meu café da manhã, mesmo sendo quase 10h da manhã. Eu realmente estava muito cansada, apaguei que nem percebi o sol nascer. fato estranho, muito estranho para mim, que faça chuva ou faça soul estou de pé até mesmo antes do despertador tocar.

Rosana é um amor, me ajudou a tomar banho e a me trocar. Queria uma Rosana lá em casa, seria um paraíso para mim e para Irene. Aliás, como deve estar Irene. Na hora do almoço eu ligo para ela, assim eu não a atrapalho. Termino meu café da manhã com gosto, o que deixa Rosana muito feliz.

— Obrigada Rosana, estava tudo maravilhoso, você tem mãos maravilhosas para a cozinha.— Agradeço terminando de beber meu leite.

— Obrigada você por ter um apetite ótimo. Eu adoro quando as pessoas comer bem minha comida, adoro gente com um bom apetite.

— Seu patrão não é de comer muito não é? Ontem eu jantei com ele e percebi que ele não é bom de garfo.

— É verdade. Tanto ele como a noiva dele, não tem o mínimo talento para o garfo. — Ambas sorrimos.

— É verdade que a noiva dele vive em regimes?

— Quem te contou isso? — Pergunta Rosana intrigada enquanto lava os pratos na pia.

— O Matheus ontem ao se admirar com a quantidade de comida que eu coloquei no prato. — Rosana me interrompe.

— Aliás, você comeu quanto ontem, pois eu nunca vi nessa casa não sobrar comida.


— Comi duas montanhas de macarrão verde. Estava tudo muito gostoso, é como eu disse, você tem mãos de ouro para a cozinha.

— Pare de me elogiar, caso contrario vou ter que largar meu patrão e ir trabalhar lá na sua casa.

— Sem a mínima chance. Com a quantia que eu ganho só consigo de pagar com pão amanhecido. — Rosana sorri com meu comentário.

— Só você mesmo para alegrar essa casa de manhã. Pelo menos vou ter com quem conversar durante sete dias.

— Seu patrão não aparece aqui durante o dia? — Pergunto com uma pontinha de esperança.

— Geralmente não, ele fica o dia inteiro fora e chega tarde da noite quase todo dia. É por isso que sempre deixo comida pronta para ele, mas é raro ele comer a noite. Ontem você pode considerar como uma exceção a regra. — Essa resposta mostra a realidade para mim, meu mundo meio que desmorona. Fazer o que? Ele é um homem ocupado. Suspiro fundo para tentar me animar.

— O que foi? Há não? Não vai me dizer que você está gostando dele? — Pergunta Rosana para aumentar meu sofrimento.

— Não sei te dizer Rosana. Sou pobre, órfã, trabalho como gari, não tive muito cuidados ou carinho durante minha vida. A única coisa que sei, é que estou gostando de ser bem tratada e que seu patrão é muito bonito. Só isso. Estou tentando colocar na minha cabeça que daqui a sete dias eu retorno para casa e vou seguir minha vida.


— Deixe as coisas acontecerem, não bloqueie seu destino, não se sabote, ok? Viva um dia de cada vez. Venha vamos para o quarto dele, eu preciso começar a arrumar a casa. Quer ajuda?

— Não tudo bem, estou com a bengala, vamos lá assim a agente fica batendo papo.

Sigo Rosana o dia todo pela casa, ficamos conversando por horas e horas, acho que ela está mais carente do que eu. Imagina trabalhar sozinha em um apartamento tão grande como esse. Pelo menos o Matheus é um bom patrão, pois dá duas folgas por semana para ela, aos sábados e domingos e nos feriados ela não trabalha. Já vi casos de pessoas que trabalhão 6 dias por semana e ainda tem que dormir no serviço.

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