O2. Where Not In London Anymore

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"Rose?"

Jonathan chamou-me ao ver-me a alguns metros dele. Sorri em resposta. Ele lembrava-se de mim e eu estava feliz por isso.

"Oh meu deus. Rose estás cada vez mais linda."

Ele aproximou-se de mim e deu-me um abraço. Ficamos a falar por alguns minutos. Até dois rapazes se aproximarem de nos.

"Rose, este é o James e o Harry. Dois amigos meus."

Comprimentei James e Harry. James era alto, com cabelos e olhos castanhos, com uma boa estrutura e um sorriso lindo. Já Harry tinha o cabelo bem encaracolado e tal como James tinha uma boa estrutura e um sorriso de morrer. Mas quando olhei para os seus olhos, um arrepio percorreu a minha espinha. Eram verdes cintilantes. Por algum motivo que não soubesse, o olhar dele transmitia uma paz, um sossego e acima de tudo aparentavam um mistério que eu estava morta para desvendar. Talvez Holmes Chapel até fosse uma boa ideia afinal.

"Olá Rose"

Ele falou pela primeira vez. Havia algo na voz dele que me cativou ainda mais. Era doce e suave, mas ao mesmo tempo tinha um toque de roquidão. Talvez fosse só o impacto. Talvez ele até não fazia o meu estilo. O que é que eu estou para aqui a dizer ele faz o meu estilo.

"Nós estavamos a pensar em ir a um bar hoje à noite. Não é nada de especial, mas nós costumamos encontrar-nos lá com o nosso grupo. Gostavas de ir?"

Jonathan convidou-me pondo o seu braço por cima dos meus ombros. Eu lembro-me de ele fazer isso varias vezes quando eu o conheci e nunca me importei muito com isso.

"Não sei. É o meu primeiro dia cá. Eu vou falar com o Christian e depois digo-te qualquer coisa, ok?"

Sorri-lhe e ele acenou. Pouco depois despedi-me de todos e voltei para casa. Assim que entrei em casa, vi Christian e Karen sentados num sofá na sala. Decidi falar com ele agora que meu pai não estava presente.

"Olá Christian. Hoje vais sair com o Jonathan?"

Sorri e sentei-me ao seu lado, conseguindo a atenção dele.

"Sim. Vamos a um bar que costumamos ir. Porque?"

"Será que eu podia ir contigo?"

"Não achas que devias falar com o teu pai primeiro, Rose?"

Karen perguntou antes que Christian pudesse responder. Ai que chata. Até parece que ela pode controlar o que eu faço.

"Posso ir ou não?"

Sorri para Christian ignorando-a. Sei que não foi o mais educado, mas eu queria mesmo ir. Algo dentro de mim dizia que eu precisava de ver Harry novamente. Aqueles olhos verdes prenderam-me de uma maneira inexplicável. Olhei para Christian e ele encolheu os ombros. Fixe! Peguei no meu telemóvel, e mandei uma mensagem ao Jonathan.

"Vou com o Christian. Vemos-nos logo à noite xx"

Subi até ao meu quarto para encontrar uma desarrumação total. Esqueci-me que ainda tinha que arrumar o quarto. Abri o spotify no meu telemóvel e coloquei os meus favoritos a tocar. A primeira música que deu foi 'Eleanor Rigby'. E ao som dos Beatles eu comecei a arrumar o meu quarto. Comecei pela caixa das roupas. Tirei todas as minhas saias, vestidos e camisas e separei-as. De um lado tinha as que ia pendurar e no outro tinha as que precisavam de ser passadas, depois passei para os meus sapatos, e comecei a arruma-los numa prateleira que havia. Olhei à minha volta e reparei que não havia mais nenhum móvel para além da cama e das mesinhas de cabeceira. Amanhã tenho que comprar algumas coisas para o quarto. Acabei por arrumar algumas peças pessoais nas primeiras gavetas das mesinhas de cabeceira e a minha roupa interior nas últimas gavetas de ambos os lados.

"Pai?"

Gritei da porta do meu quarto para saber onde ele estava. Quando ele respondeu pude perceber que estava no seu quarto, mesmo à frente do meu. Bati à porta e pedi permissão para entrar. Ele concedeu e eu entrei.

"Hoje posso sair com o Christian? Ele vai ter com uns amigos num bar."

Mordi o lábio à espera da resposta dele.

"Por mim podes, mas devias perguntar também à Karen."

Revirei os olhos à sua resposta.

"Eu não lhe vou perguntar nada, mas obrigada."

"Rose... Devias perguntar-lhe sim. Fazias-lhe sentir como se ela já fosse tua mãe."

Olhei para ele séria.

"Pai, eu estou aqui. Estou a fazer um esforço enorme para não dizer o que penso. Estou a ser o mais educada possível, mas eu não lhe vou fazer sentir como se fosse minha mãe. Ela não é, nem nunca vai ser minha mãe."

Ele respirou fundo e passou a mão pelo cabelo, como sempre costuma fazer quando estamos a falar sobre algo difícil. E mãe era normalmente o assunto dessas conversas.

"Rose..."

Ele respirou fundo e olhou para mim.

"Apenas volta cedo ok? Amanhã quero ir contigo cedo para irmos comprar uns moveis, e mostrar-te uma coisa."

Sorri para ele e abracei-o.

"Obrigada"

Voltei para o meu quarto, mas em pouco tempo, Karen chamou toda a gente para jantar. Não estou habituada a jantar sentada na mesa a uma certa hora. Normalmente costumo fazer o meu próprio jantar quando tenho fome. E normalmente é por volta das 9, não das 7. Mas tudo bem. Aposto que é só porque é a primeira noite e querem fazer boa impressão. Estava tudo demasiado calado e eu como sempre tinha que quebrar o gelo.

"Pai, amanhã tenho que levar algumas roupas para o serviço rápido, para eles passarem"

"Ah! Não há problema, eu posso fazer isso."

Karen se ofereceu.

"Não é preciso. Eu não quero dar trabalho à sua empregada de levar as minhas roupas. Eu própria posso fazer isso."

"Empregada? oh, não querida. Aqui nós lavamos e passamos tudo à mão e em casa. Temos uma máquina que lava à roupa, um estendal lá fora e um ferro com uma tábua de passar no armário. Nós alternamos os dias conforme lavar e passar roupas brancas, pretas e coloridas."

Fiquei a olhar para ela com uma cara de estúpida.

"Isso significa que se eu quiser usar uma roupa que esteja suja eu tenho que a lavar dias antes?"

Eu perguntei e ela assentiu. Realmente já não estamos em Londres. Continuei a comer embora não tivesse muita fome. Assim que acabei, fui para o meu quarto preparar-me para sair. Era só um bar certo? Talvez umas calças de pretas e uma blusa servissem. Esperemos que sim.

Don't Forget Where You Belong [Portuguese]Onde histórias criam vida. Descubra agora