Capítulo 26 - Questões de Amor - Parte 01

1.1K 76 21
                                    

No controle de um patrimônio usamos muito o termo a essência sobre a forma, quer dizer, natureza ou origem principal sobre algo. Nanci é John se enquadravam nisso, a condição deles referente a Maria Fernanda se enquadra perfeitamente na essência sobre a forma. Eles não eram os pais de sangue, aqueles que a colocaram no mundo, no caso a forma, mas havia a essência. Se tornaram os pais, a amaram, a educaram, a protegeram do mundo assim como fizeram com Anahí. Ao contrário do que Maria Fernanda sentia, não houve distinção, as duas foram amadas na mesma intensidade. Os filhos em sua maioria sentem em algum momento da vida que os pais podem ter alguma preferência entre os filhos, isso não é apenas de uma das partes, não era diferente naquela família, Maria Fernanda sempre acreditou que ela era a preferência de John, mas Anahí sempre acreditou que John protegia muito mais a irmã por ela ser a caçula, quem nunca?

O caso é que Maria Fernanda não conseguia processar a notícia, sua infância inteira veio a mente, todos os momentos em família. Anahí a olhava sentida, os olhos a ponto de soltar as primeiras lágrimas, não que a descoberta mudaria algo nem para melhor, nem para pior, mas a ver perdida daquela forma lhe dava uma sensação horrível.

─ Você é a nossa filha - começou John - Não importa as circunstâncias, não importa como aconteceu, eu a considero assim em meu coração, eu a amei como uma filha e não como uma sobrinha - disparou se abaixando a frente da filha.

─ Por... Porque não me contaram? - Conseguiu questionar, as lágrimas rolavam pelo rosto sem controle, uma dor insuportável, um sentimento de perda indescritível.

─ Porque? Eu não sei - respondeu Nanci sincera, ainda segurando as mãos trêmulas da filha - Talvez porque não faça diferença, eu a amo, você é minha filha - considerou sincera.

─ Então porque me deixar saber agora? Eu preferia não saber - desabafou irritada. John suspirou se sentando no chão entre as três.

─ Fernanda, quando seus pais se foram nós pensamos muito a respeito, pensamos em como seria se fosse nos, como queríamos que Anahí fosse criada e se ela precisaria saber - Maria Fernanda desabou. Nanci a puxou para seus braços a acolhendo como fazia quando criança. - Eu gostaria que ela soubesse que foi amada por mim e Nanci, que foi desejada, que éramos extremamente felizes por ela existir enquanto estamos vivos, era exatamente isso com Margareth e Lúcio - Considerou a consolando.

─ O fato de você não ser filha deles é apenas um detalhe, somos uma família, fomos criadas como irmãs - Se pronunciou Anahí e Maria Fernanda a olhou. A mente divagando em mil pensamentos, o aperto no peito não passava, estava sufocando e então ela desmaiou. John a socorreu a levando ao quarto, chamou um médico e os procedimentos foram feitos de forma que a situação se acalmou.

─ O melhor é deixá-la descansar, é muita emoção, a deixem sozinha para desabafar - considerou o médico após o atendimento. As crianças que não estavam entendendo nada rodeavam os adultos em busca de informações, mas Theo pareceu agoniado demais e Anahí se preocupou o levando para o quarto.

─ Está tudo bem? - Questionou ela assim que o colocou sentado na cama. O menino balançou a cabeça antes de começar a chorar, não estava entendendo nada, mas a tia havia sido carregada e agora ele não havia a visto mais. - Ei... Está tudo bem filho, não precisa chorar - consolou Anahí o colocando no colo.

─ A titia... - contou cocando os olhos, o beicinho anunciando que o choro iria continuar.

─ Ela já está melhor, você quer vê-la? - Theo assentiu de imediato e Anahí respirou fundo sem saber ao certo o que fazer, a irmã poderia se negar. - A mamãe vai ver se ela já está acordada, o médico disse que ela estava dormindo - mentiu, se Maria Fernanda não o quisesse receber ao menos a desculpa poderia valer de algo.

Sacrificado RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora