Capítulo 08 - Sentidos - Parte 02

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Quando o carro da família chegou a casa, Paula já estava em sua casa, Alfonso havia a deixado primeiro. Carla também já não estava mais na casa, os empregados em sua maioria já recolhidos em seus aposentos, apenas Lucia os aguardava. Alfonso carregou a filha Maya até a cama lhe deixando com Anahí enquanto levou Emily até seu próprio quarto.

─ Se troca, escove os dentes e espere, Anahí já vem te colocar na cama – Anunciou assim que passaram pela porta.

─ Porque você não me espera? – Questionou Emily e Alfonso parou surpreso – Você ... nunca mais fez isso – Considerou baixinho. Alfonso a encarou, era difícil e dolorido a ver daquela maneira.

─ Você não prefere a Anahí? – Questionou Alfonso avaliando a situação. Emily olhou as próprias mãos, não queria ser rejeitada, o medo de baixar a guarda e se machucar era tão grande que ela nem sabia como lidar com aquele sentimento – Vá... se troque, eu espero – Considerou ao notar a dificuldade da filha. Naquele momento ela o fez lembrar dos velhos tempos, aquele tempo em que Erica acabara de dar a luz e Emily sentindo ciúmes de Maya grudou no pai. Alfonso se sentiu tão importante quanto naquela época.

─ Você jura? – Questionou com medo de voltar e ele não estar mais lá.

─ Eu juro – beijou os dedos como nos velhos tempos. Emily sorriu, já fazia tanto tempo que não agia assim.

─ Eu já volto – Considerou ela sorrindo, Alfonso apenas assentiu se acomodando na cama da filha.

Emily nunca fez sua higiene tão rápido como aquela noite, Alfonso sorriu ao notar o quão feliz ela ficou ao perceber que ele havia cumprido sua promessa, ainda estava em sua cama, sentado como havia deixado. Não houve conversa ou carinhos, Alfonso apenas a cobriu e apagou a luz sentando-se ao pé da cama, apenas aguardando a filha pegar no sono, não demorou quase nada para que Emily mesmo resistindo o que podia para o manter presente em seu quarto pegasse no sono.

Anahí deixou Maya e seguiu para o quarto de Emily, mas parou ao ver Alfonso a cobrir e apagar a luz, a porta meio aberta permitia que visse tudo que acontecia, cruzou os braços e esperou, era lindo os ver juntos, não entendia por que Alfonso não desfrutava desses momentos. Quando Alfonso deixou o quarto, quase uma hora depois Anahí ainda os observava.

─ Ainda não foi dormir? – Questionou Alfonso sem graça, havia sido pego. Anahí sorriu da forma como ele desviava o olhar.

─ Você é um ótimo pai – Considerou com o sorriso brincando nos lábios. Alfonso passou os dedos pelo nariz, a outra mão na cintura, sorriu com o elogio – Só precisa demonstrar – Acrescentou e ele assentiu calado.

─ Vá dormir – disparou a tocando no ombro e a encarando – Anahí assentiu sorrindo, sabia que ele estava fugindo do assunto, mas não importava, a única coisa que importava era que ele estava se aproximando das filhas, pouco a pouco. – Não esqueça de preparar as malas – Disparou enquanto se distanciava. Anahí assentiu sendo deixada para trás, o pensamento vagando para o filho, teria pouco tempo, precisava pensar em algo.

Quando os primeiros raios de sol saíram, Anahí já estava de pé, a noite para ela não havia sido nada tranquila, precisou pensar e no meio da madrugada se arriscou indo até o escritório de Alfonso, precisava do computador, depois de algumas pesquisas limpou o histórico a tempo de voltar para o quarto e respirar aliviada, já sabia o que e quando fazer.

Alfonso saiu mais cedo do que de costume e por muito pouco ela não foi surpreendida por ele ao deixar o escritório, mas nem mesmo teve consciência disso.

*****

Maria Fernanda havia tido a pior noite de sua vida após a morte de sua filha, mal conseguiu dormir, a volta de Anahí para sua vida era como uma pedra bloqueando todo seu caminho, não fazia ideia do que poderia acontecer. Rodrigo havia chegado cedo aquela noite, ficou a sondando por horas querendo entender o que havia acontecido, o porquê de ela estar tão longe, tão distante de tudo.

Sacrificado RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora