Onde Está?

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Por mais que os policiais e detetives no caso estivessem se dando de corpo e alma naquele caso, eles ainda não sabiam ao certo o que estavam procurando na antiga cabana de madeira dos Millstone, que ficava subindo a colina da cidade. O local estava cheio de fotógrafos e policiais, pessoas que estavam realmente se dedicando a seja lá o que estavam fazendo, já que toda cena do crime havia sido analisada dois anos atrás em 2016, dois dias depois do desaparecimento.

Na delegacia da cidade, o atual detetive encarregado do caso estava sentado em sua cadeira com seu copo de café do Starbucks enquanto lia os depoimentos das três principais testemunhas, Daniel, Alison e Nicolas, os três melhores amigos do garoto desaparecido, e os últimos a terem visto Caleb com vida. O detetive ficou lendo e relendo aqueles depoimentos tentando achar algo que não se encaixasse, algo que os entregassem para ele ter pelo menos noção de onde começar, mas tudo estava ligado de um jeito ou de outro.

Os amigos ficaram juntos a noite inteira, e a única coisa em que se lembram de estranho aquela noite de bebedeira é de Caleb agindo de um jeito que não era o normal dele, estava mais agressivo e parecia estar sempre esperando alguma coisa a chegar, mas tinham medo de o confrontar.

Clark Sumers, o detetive, saiu de seus pensamentos imediatamente quando sua amiga e parceira entra em sua sala com um saco de papel com comida. Ela sorriu ao vê-lo, mas seu semblante mudou novamente ao ver que ele estava lendo aqueles depoimentos.

- Eu não posso ser sua mãe aqui também, Sumers! Você precisa se alimentar e sair um pouco dessa sala, conhecer alguém... Não sei! - Ela voltou a sorrir para ele após ver que ele fechou as pastas.

- Obrigado, Miranda! - ele esticou a mão e pegou seu pote com comida, arroz com frango a milanesa e salada verde, ela realmente agia como a mãe dele. Ele colocou os depoimentos dentro da gaveta e voltou a falar sobre o caso. - Tudo nesse caso faz sentido, Miranda. Os depoimentos dos três garotos batem com seus álibis, as fotos e a investigação a fundo na vida de cada um também não deu em nada, e o que me preocupa é isso.

- O fato de tudo ir ao favor desses três te deixa preocupado? - ela colocou sua comida sobre a mesa do amigo, abriu a gaveta e pegou de volta os depoimentos. O primeiro que ela abriu foi o de Alison, não lia, apenas passava a olhar as palavras, mão em ordem, mas talvez algo muito repetitivo até achar a palavra "capa preta" duas vezes seguidas. Ela pegou os outros dois depoimentos e abriu, e assim como o de Alison começou a achar coisas que aparecessem várias vezes, e quando achou não se surpreendeu ao ver que os três tinham a mesma coisa em comum. - "Capa Preta"! Os garotos citaram várias vezes sobre esse capa preta durante os depoimentos e você nunca deu importância? Tô me sentindo melhor do que você.

- Tudo o que sabemos desse "Capa Preta", é que é alguém que apareceu seis meses atrás ameaçando vários adolescentes em suas redes sociais. O perfil dessa pessoa foi excluído várias vezes, mas toda vez voltava sempre com o mesmo nome e a mesma foto. O único adolescente que realmente pareceu ter visto esse "Capa Preta", foi uma garota que eu mal lembro o nome. - Miranda largou os depoimentos em cima da mesa do amigo novamente e voltou a focar na sua comida, mas ela percebeu o por que dele estar tão preso a esse caso. Assim como ela, Clark também gostava de um bom mistério, e como tudo se encaixava de uma maneira estranha, qualquer pessoa ficaria presa facilmente para tentar descobrir o enigma que esses quatro garotos eram. - Eu não sei Miranda, eles eram o grupo de garotos populares na cidade, principalmente o Millstone, aquela família é muito conhecida. Tem algo nesse caso que não se encaixa.

- Já fazem dois anos desde que esse garoto desapareceu, não achamos nada de novo no caso e tenho quase certeza que não acharemos. - Miranda finalmente conseguiu convencer o amigo que por um momento não adiantaria perder noites de sono por um caso que em dois anos não mudou.

Miranda depois de muita conversa e muito tentar conseguiu fazer Clark comer algo que não fosse feito de uma máquina de mistura e levasse corantes, seu frango a milanesa, ela se sentiu e revigorada e aproveitou para colocar o assunto em dia com o amigo, com esse caso ainda em sua mesa eles mal conseguiam se ver e manter contato mesmo com seus celulares na palma da mão.

Conversaram uns quarenta minutos sem parar até Miranda ser chamada por um policial, o caso em que ela estava trabalhando sem o companheiro era sobre uma garota que também estava desaparecida a uma semana e foi vista recentemente. Clark continuou em sua sala com o computador ligado tocando uma música para evitar ficar na mesmice, parou em frente ao quadro que montou tentando ligar as pistas, quadro que montou a dois anos e já estava com poeira por estar tanto tempo parado, ficou olhando para a foto de Caleb sem parar, olhando para aquele garoto com cabelos castanhos e os olhos claros, e aquele cordão que o mesmo não tirava por nada.

Enquanto olhava para a foto do garoto, Clark começou a se lembrar como eram as coisas na época em que ele ainda era vivo, e em como o tempo que passaram juntos foi bom. Caleb era tipo de pessoa que conseguia tudo o que queria e não ligava o jeito como ia ter as coisas, ele só tinha. Era o garoto popular da cidade, ele e seus três melhores amigos, o quanto as pessoas falavam dele até quando não queriam falar. Mas também lembrava de como ele manipulava e expusera várias pessoas por diversão própria, em como ele conseguia saber o segredo de todos ao seu redor, mas além disso em como os dois ficarem bem o tempo que saíam.

Clark estava fazendo todo aquele esforço pela família Millstone e por que sabia que tinha algo errado em toda aquela história, e alguém não estava sendo totalmente sincero em relação a noite em que ele desapareceu. Ele cortou seus pensamentos de repente quando uma colega de trabalho, uma policial recém formada, entrou segurando um envelope em suas mãos.

- Bom dia, Clark, me pediram pra te notificar sobre duas coisas e bem, eu não sei como falar isso. A primeira é essa aqui. - Clark abriu o envelope de papel pardo e retirou de dentro dele uma foto de Alison, Nicolas e Daniel em uma local quase impossível de reconhecer, com tantas árvores ao redor, e no rodapé da fotografia uma mensagem: "A temporada de caça começou, Detetive. Bjs!"

No exato momento em que acabou de ler a nota do rodapé ficou paralisado sem saber o que fazer, lembrou de coisas que eram comuns saírem da boca de Caleb, e essa frase apareceu em sua cabeça junto com uma memória muito peculiar de Caleb vendo dois garotos muito atrapalhados correndo, e os comparou com dois animais em época de caça.

Clark caminhou em direção ao quadro com a foto em sua mão, a posicionou bem no meio do quadro logo abaixo a foto de Caleb, usou três tachinhas e as espetou no rosto de cada um. Ele se virou para a policial tentando parecer normal, mas estava claramente incomodado com toda situação.

- Qual a outra coisa que tem para mim, policial? - A policial percebeu que ele estava com a voz alterada e não parecia estar nada bem.

- Acharam um corpo na margem do Rio Fangs, e acham que é o Caleb Millstone.

[...]

Dois dias antes...

Mal Intencionados: CulpadosOnde histórias criam vida. Descubra agora