Seis

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Uma semana passou após o resfriado que peguei, eu e Caleb teríamos que começar uma nova rotina de estudo, dessa vez na casa dele, já que a mãe dele viajou a trabalho e como o único parente próximo, teria que ficar com sua irmãzinha, dei a ideia de ela ir pra minha casa, mas Caleb retrucou dizendo que Sara era tímida e antes de levarmos pra minha casa, ela teria que pegar intimidade comigo, então deixei para lá.
— Bom dia! — Caleb diz entrando em minha casa.
Eu estava sentada comendo o cereal de sempre, Hilary estava lendo seu livro enquanto tomava café e comia algumas bolachas, papai estava lendo o jornal do dia, enquanto tomava um suco de laranja na qual gostava tanto, mamãe estava na cozinha preparando panqueca para ela.
— Bom dia Caleb! — Papai falou sorrindo.
— Bom dia, venha se juntar ao café conosco! — Mamãe sai da cozinha secando um prato.
Hilary estranhamente olha pra Caleb levanta e sai sem ao menos falar com ele, deixando aquele clima confuso entre nós, Caleb observa ela sair e vejo seu rosto escurecer.
— Não Sra Stevens, obrigada, vim apenas buscar Hanna, estou de carro hoje!
— E você sabe dirigir? — Papai retruca.
— Se ele veio até aqui de carro, é óbvio que ele sabe né pai! — Digo um pouco grossa, que faz meu pai suspirar e murmurar.
Mamãe solta uma risadinha discreta, me levanto pegando minha mochila e dando um beijo na bochecha do meu pai, que faz um pouco de drama mas retribui. — Tchau mãe!
— Tchau Sr e Sra Stevens! — Caleb fala um pouco formal, fazendo Papai debocha-lo respondendo:
— Tchauzinho Sr Caleb!
Dou uma risadinha zombando de Caleb que me empurra levemente com seus ombros. Saímos da minha casa e vejo o carro na qual ele estava, era um Honda City, cor preta, limpo, não conseguia notar nenhuma mancha ou sujeira.
— Roubou o carro de quem? — Falo dando umas risadas.
— Larga de ser idiota. — Ele bufa. — Mamãe deixou ele comigo pra levar Sara a escola e pra fazer as compras do mês, já que ela vai passar 3 meses fora!
Olho pra ele que aparenta não está feliz com a situação.
— Bom, de qualquer forma tem um lado bom! — Digo indo em direção ao carro.
Ele vai atras dizendo:
— Sim! — Ele destrava as portas e eu sento logo em seguida.
Observo como aquele carro era confortável e o cheirinho de que foi lavado a pouco tempo estava no ar, ele da a partida e eu o observo, ele tinha bastante foco e respeitava qualquer regra do trânsito na qual passamos, provavelmente pra mostrar pra mim que sabia dirigir, não demorou muito para que chegássemos na escola, vimos alguns alunos olhar quando saímos juntos do carro.
— Isso é estranho. — Falei olhando para todo mundo na qual nos observava.
— O que, exatamente ? — Ele pergunta.
— Até um mês atras ninguém fazia questão da minha presença e agora veja, ninguém para de olhar!
Ele para o que me deixa confusa e paro junto.
— Já que te levei para isso, como recompensa queria que me acompanha-se a uma festa na casa de Dênis!
Olho pra ele tentando não rir, já que era besteira eu ir a uma festa
— E sua irmã? — Tentando desviar do foco. — Vai deixá-la sozinha?
Ele olha pra mim rindo.
— Tem uma moça chamada Alexandra, que Sara ama ela e sempre que é necessário deixamos Sara com ela!
— Nossa, mas deixar ela sozinha assim com uma babá! — Tento convencer.
— Eu sei o que está tentando fazer, não quer ir e está usando Sara como refúgio! — Ele fala um pouco intrigado.
Realmente estava, até porque eu não sou muito fã de festas, fui uma vez no 8 ano e odiei, ainda mais que fiquei com menino chamado Davi, ele era bonitinho e sendo o primeiro menino que fiquei, acabei criando sentimentos fortes por ele, depois de uma semana ele saiu da escola e nunca mais soube nenhuma notícia dele. Mas quem sabe não seja diferente?
— Tá bom, eu vou! — Sorrio após ver o sorriso de Vitória dele. — Mas por uma condição!
Ele fecha a cara.
— Qual?
— Não quero que a Sara durma sem um abraço seu, então temos que voltar o mais rápido possível para que ela não se entristeça!
— Combinado! — Ele sorri dando uma pequena torcida em seus lábios.
Fomos para a sala de literatura, percebo a mudança de suas atitudes, ele senta do meu lado, e o observo prestar atenção na aula o que me tira totalmente do foco, olho para frente quando percebo o meu descuido e tento não pensar nele, o que é complicado já que ele está sentado do meu lado, tão perto que posso sentir o aroma de seu perfume, o que me faz dar uma respirada funda, tinha vontade de lhe atacar com beijos, então prendi a respiração para não deixar a minha agonia a mostra, sinto Caleb olhar pra mim, o que me faz corar e suar bastante.
— Está tudo bem Hanna? — Caleb poe sua mão em meu braço o que deixa meus braços formigando. — Está suando!
Levanto da cadeira o que faz todo mundo olhar para mim.
— Desculpe, preciso ir ao banheiro!
Saio da sala sem olhar para trás.
Não entendo o porque estou assim, isso só pode ser coisa da minha cabeça.
Paro em frente ao espelho que ficava no meio do corredor, começo a reparar nos detalhes dos meus olhos verdes, estavam mais verdes que o normal, minha pele branca estava quase pálida, e meus cabelos castanho caído em minhas costas estava desarrumado, ponho-o no lado direito do meu ombro, e sinto uma mão pesada passar pela minha costa, olho para traz era Caleb.
— Estou preocupado, você está bem? — Ele olha nos meus olhos o que me faz ficar vermelha, abaixo a cabeça e respondo.
— Está tudo bem, acho que o cereal estava vencido!
Olho novamente para seus olhos que ganha um novo brilho ao olhar para o meu.
— Já sei o que devemos fazer! — Ele abre um sorriso e segura meus braços me fazendo acompanha-lo.
— Para aonde vamos?
Ele não responde, apenas me leva, saímos da escola, que provavelmente seria um problema se alguém descobrisse ou nos pegasse, andamos um pouco na principal e logo pude avistar o shopping, parei no meio da calçada fazendo ele parar também.
— O que está fazendo? — Pergunto com a cara fechada.
— Você precisa se divertir, você estuda muito e se preocupa demais, precisa de distração! — Ele me olha sorrindo.
— Não podia ser depois que acabasse a aula?
— É bem mais divertido em horário de aula.
— Ser suspensa não é divertido! — Falo um pouco insegura.
— Se solta um pouco Hanna Stevens, você passa o tempo inteiro se preocupando, está mais que na hora de quebrar um pouco as regras. — Ele segura a minha mão. — Vamos?
Por mais que ele esteja certo, eu sinto um enorme medo tomar conta de mim, talvez a escolha que eu for fazer agora mude completamente a minha vida, um dia eu posso me arrepender, mas, com ele ali, eu só queria quebrar as regras, só queria voar e abraçar o mundo, foi por isso que segurei firme em sua mão e disse:
— Vamos quebrar as regras!
Entramos naquele shopping, não muito lotado, entramos em uma loja de roupa qualquer, ele me fez usar roupas caras de madame, entrei na onda me fazendo de uma, tiramos algumas fotos e demos risadas, fiz ele usar vestidos femininos e tirei algumas fotos dele fazemos a nossa gargalhada incomodar os atendentes, que nos fez sair da loja, compramos besteiras e entramos na sala do cinema escondidos, o que foi totalmente interessante, já que ninguém viu, incomodamos alguns casais jogando salgadinhos neles, e depois fizemos uma guerrinha de salgadinho, fazendo com que as pessoas se incomodassem e mandasse a gente calar a boca, saímos da sessão rindo bastante e sentamos e um dos sofás espaçosos que havia no meio do shopping, nos olhamos sem falar nada, até ele quebrar o silêncio falando:
— Vou ao banheiro.
Quando ele levantou deixou o seu celular cair, porém não notou, peguei seu celular e vi uma mensagem.
"Conversamos sobre a nossa volta na festa do Peter, irei vestida com aquela lingerie que tanto gosta"
Soltei o seu celular chateada com o que li, eu era apenas uma distração para ele, aposto que ele queria voltar com a Melissa, deve ter me chamado pra essa festa só para fazer ciúmes a ela. Não demorou muito para que ele voltasse.
— Trouxe um sorvete pra você! — Ele diz me entregado.
— Obrigado, posso ir pra casa agora? — digo pegando o sorvete um pouco seria.
— Aconteceu alguma coisa Hanna?
— Aconteceu, quero ir para minha casa e ficar sozinha!
Ele sem retrucar me acompanha até minha casa, não falamos uma palavra se quer, apenas quando chegamos a porta da minha casa que ele pergunta.
— Te busco as 19:00?
Olho pra ele entrando em casa.
— Eu não vou mais! — Digo fechando a porta.
Ele segura a porta.
— Por que? — Pergunta olhando pra mim. — Você falou que iria.
— E agora estou falando que não vou!
Fecho a porta e ele não impede mais, deve ter entendido.

17:30 da tarde.
Estava em meu quarto, quando escuto alguém bater na porta, desço um pouco desanimada e dou de cara com a Kaily, ela estava com uma mochila e uma maleta, provavelmente com maquiagem e cheio de roupa pra escolher, me faço de sonsa e pergunto:
— O que veio fazer aqui?
— Peter falou pra Dênis que falou pra mim que seu nome está na lista, o que significa que vai, então pensei em nós arrumarmos juntas! — Ela diz entrando na minha casa.
— Pois è, só acontece que não vou mais!
Ela olha pra mim revirando os olhos.
— Vamos subir, a gente vai conversar e você vai me contar tudo que aconteceu durante esse tempo que eu estava distante, então eu te convenço a ir! — Ela diz subindo pro meu quarto.
Isso é fato, ela sempre consegue me convencer, pois há argumentos para tudo, mas tentarei me manter firme...
Contei tudo pra ela, dos meus sentimentos até da mensagem da Melissa, ela ficou totalmente boquiaberta.
— Isso è só mais um motivo pra você ir! — Ela diz tirando todos os seus vestidos da mochila.
— Claro que não, não vou ver eles de pegação na minha frente.
— Você è burra Hanna? — Ela fala um pouco zangada. — Vai ter um monte de garotos na festa, pega alguém, na frente dele.
Dou uma risada
— Você tá louca Kaily?
— Você quer ou não conquistar o gatinho? — Ela fala sorrindo.
— Como vou conquistar ele ficando com outros? Aliás, ninguém daquela escola ficaria comigo.
— Gata, ele é popular e se ele gosta de você, ele vai ficar com ciúmes. — Ela pisca pra mim. — E você é linda, só não sabe se arrumar, então hoje é seu dia de arrasar!
Como eu disse, Kaily tinha o poder de me convencer, ela escolheu um dos vestidos mais justos que tinha em sua coleção, que por mais que meu corpo fosse magro, acabou deixando as curvas deles atraente, ela fez cachos com babyliss que caia sobre meu busto, a maquiagem se destacou em meus olhos verdes com um lindo delineado, e um salto não muito alto, porém desconfortável, já que odiava usar. Ela se arrumou e ficou um escândalo de linda, como sempre foi, não demorou muito para Dênis avisar que estava nos esperando lá embaixo, sem olhar muito a rua, entrei com muita pressa no carro, e Dênis deu a partida.

Teu abraço meu abrigo Onde histórias criam vida. Descubra agora