Capítulo 3

33 7 2
                                    

Fiquei um pouco mais de três semanas sem trabalhar então estava ansiosa para chegar o dia seguinte em que eu iria poder finalmente ocupar minha cabeça com alguma coisa. E trabalhar com Peter seria um bônus, ele tem sido um amigo maravilhoso desde que nos conhecemos há uns três anos atrás. Deixei a roupa separada para o dia seguinte e segui para a casa da minha mãe, fomos ao mercado, depois andamos pela praça e paramos para tomar um sorvete.

- Ontem estava dizendo para o seu pai que estamos exagerando na quantidade de vezes que tomamos sorvete. Você não tem ido mais a academia há quase dois anos, pode começar a crescer nos lugares errados, não vejo você passando algum tempo com algum rapaz também, você está nova para se preocupar, mas devia começar a prestar mais atenção.

- Atenção em que, dona Agnes?

-De um moço de boa família, não quero ter netos para falar com eles apenas por Skype. Daqui a pouco Bruno estará finalmente me dando netos, mas está longe demais para que eu possa agarrar o bebê o tempo todo.

- E desde quando a senhora sabe que existe Skype? - Me surpreendo.

- Seu pai me ensinou.

- E quem ensinou o papai? - Pergunto ainda mais surpresa

- Lucas, na semana do casamento da sua prima.

- Uau, pelo menos me livrei de ter que ensiná-los isso, eu não tenho mesmo paciência para explicar qualquer coisa que envolva tecnologia para vocês dois. - Ri.

- Mas quem disse que você não vai me ensinar nada? - Ela então parou de comer seu sorvete, tirou algo da bolsa e reparei em seguida se tratar de um celular. - Olha o que seu pai me deu de presente de aniversário de casamento! Chegou ontem, foi uma ótima surpresa, mas eu não sei mexer muito bem com isso, só sei que quero o tal do "zap" e do "face".

Resmunguei e fui devidamente ignorada, minha mãe estendeu o celular na minha direção e sem opção comecei a configurar e ensiná-la como fazer ligações, adicionar números a agenda, instalei os aplicativos que ela gostaria de usar, até um de receitas diferentes que também iria me favorecer futuramente.

Deixei-a em casa e segui para a minha pois já estava escurecendo, morávamos a poucas casas de distância, na mesma rua, então em poucos instantes eu também já abria a porta de casa. No mesmo instante o telefone fixo começou a tocar. Fechando, mas sem trancar a porta corri para atender sabendo que seria Bruno já que ninguém além dele ligava para meu fixo.

- Alô.

- Júlia, ainda bem que você está em casa, escuta só, eu preciso que você me façam um favorzão.

- Não sei que horas são aí no teu fuso horário, irmãozinho, mas aqui no Brasil o horário da escravidão termina às seis.

- Júlia, por favor, eu preciso que você veja se chegaram umas cartas lá na minha antiga casa, com o tempo que solicitei os documentos não tinha como saber que mudaria para cá e...

- Ai, já vi que não vou poder escapar não é? O que eu tenho que fazer?

- A chave da casa está com você, vê pra mim se chegaram umas cartas de Salvador eu preciso que o Fausto as receba ainda hoje.

- Eu passei a tarde toda andando e você vai me fazer ir até a casa do Fausto entregar umas cartas? Bruno, eu não sou de xingar, mas put...

- Irmãzinha, irmãzinha, eu não faria você andar até a casa dele, ele irá buscar na sua casa às oito, você só andará alguns metros até a minha casa e voltará para o conforto do seu lar.

- Tá né, Bruno, mas isso vai te custar um convite para eu te visitar na Itália.

Ouvi seu riso pelo telefone e sabia que de qualquer forma ele iria me levar novamente para aquele lugar magnífico que agora ele chamava de casa.

Dama de Copas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora