VI - Travelling

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Sexta-feira, 5 de julho de 2013 | Kansas City, Kansas - 04:10 PM

- Moça, a fila andou - alguém atrás de Cosima toca seu ombro a assustando.
- Oh, me desculpe - exclama, e em seguida se vira pra a atendente de aparência arrogante a sua frente - bom dia, eu quero um Frappuccino de chocolate com cobertura extra, um café preto sem açúcar, um café misto com leite de soja e dois muffins de Blueberry, por favor - a morena fala rápido e logo estende uma nota de 20 dólares. A morena espera que a funcionária lhe entregue o troco e o deposita no pote de gorjetas - obrigada - agradece. Passado poucos minutos, já com o pedido em mãos, se direciona a uma mesa do pequeno estabelecimento, tomando cuidado pra equilibrar tudo em suas mãos para não causar um acidente, pois sabia o quanto podia ser estabanada.

- Esse muffin está com uma cara ótima - Olívia diz assim que a pequena Niehaus se acomoda em seu lugar.
- Está mesmo, acho que vou pegar um! - aponta Gene se levantando de onde estava, porém antes que pudesse dar qualquer passo a filha é mais rápida e o interrompe.
- Pode ficar com o meu, pai, não estou com fome - empurrou o bolinho em direção ao grisalho.
- Você comeu tão mal hoje, está se sentido bem? - pergunta a mãe, já preocupada enquanto tocava levemente a testa da filha, garantindo  que a mesma não estava com febre.
- Estou, mamãe, é só a ansiedade, é um grande cargo - sorve um pouco do líquido em seu copo, se deliciando com o maravilhoso gosto, adorava café preto principalmente do jeito que o pai preparava, entretanto, adorava poder descobrir novas bebidas para enaltecer seu paladar.
- Você vai se sair muito bem, Gary - diz o pai enquanto toma a mão livre da filha sobre a mesa, a encorajando. Cosima apenas forçou um leve sorriso para Gene, por mais que quisesse parecer tranquila para não preocupar os pais, seu corpo não colaborava e deixava explícita sua inquietação.

Tomaram o resto do café num clima mais ameno, para assim tentar distrair e acalmar o coração da pequena Cos. Momentos em família como aquele faziam Cosima querer voltar para casa, mas sabia que depois de voar uma vez que fosse, o ninho iria parecer-lhe pequeno em relação a imensidão azul ao seu redor. Aves grandes, visitam, porém nunca retornam novamente a seus ninhos.
Durante algumas horas a morena  pode sentir seu pensamento em ascensão, longe de toda a informação que antes trazia em seu peito como pequenos espinhos de uma roseira.

•••

Pouco antes de seu vôo ser anunciado Cosima se despede de seus pais, mesmo com o coração em fatias tinha que seguir seu caminho, adoraria que os pais pudessem acompanha-la, porém Olívia tinha que voltar para o consultório e Gene iria em seu encalço, para mais tarde voltar ao mar, onde era seu lugar

A mais nova lutava contra suas lágrimas enquanto abraçava seu pai, este que sussurrava palavras carinhosas para filha e enfatizava o quanto ela faria falta, manteram o afeto durante alguns minutos, depois foi a vez de entregar-se a mãe, assim que apertou seus braços entorno de Olívia as lágrimas antes controladas rolaram, a menina não podia mensurar a saudade que sentiria de seus pais, sua mãe a aconselhou dizendo coisas como: "Use sempre agasalhos", "Tranque bem as portas" entre outras frases típicas de mãe, o que tirou um sorriso de Cos, sua mãe sempre foi muito protetora e isso não mudou muito depois que a morena atingiu a maior idade.

Cosima sempre teve consciência que o amor que seus país tinham por ela fora sempre imensurável, conhecia de cor a luta que ambos travaram para tê-la em seus braços. Mas também, sabia que não se tratava de egoísmo ir para tão longe e deixa-los, pois não havia melhor forma de lhes agradecer, do que mostrando o maravilhoso trabalho que poderia desenvolver.
Em sua concepção, por mais que não queiramos deixar alguém, por medo da saudade,  mais racional e até mais saudável,é guarda-las no coração e carregar para todos os lados.

Após encerrarem a breve despedida, palavra essa que sempre perturbou os pensamentos de Cosima, a mesma se encaminhou em direção a algumas cadeiras próximas ao seu portão de embarque, reparava na multidão de pessoas passando por ali, a maioria parecia muito entretido em seu próprio celular, alguns estavam em outro mundo, às vezes um ou outro tropeçava em alguma mala, ou até mesmo nos próprios sapatos. Muitos cercados de sua própria solidão cotidiana, outros embalados na mais pura liberdade, cabia a cada um decidir onde melhor se encaixava.

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