Não olhe...

1.5K 177 66
                                    

Escuridão. Uma palavra que muitos temem e tem medo, outros apenas são tentados pela curiosidade de descobrir o que se esconde nela. Muitos não conseguem ver, e os poucos que conseguem são atormentados por ela. 

Muitas perguntas se passam pelas mentes dessas pobres almas que são atormentadas pela escuridão. No fim disso tudo, elas acabam manchando o chão em um tom de vermelho por não conseguirem aguentar a pressão que ela causa. 

Dizem que quando você encara a escuridão, você consegue ver seus olhos brilhantes. Ela causa paz a quem olha e outros dizem que você cai em um eterno sono repleto de pesadelos sem fim.

Você resistiria olhar para aqueles grandes olhos vazios que te observam no escuro?

Aguentaria sentir aquela sensação de estar sendo observado e não poder olhar de volta por medo de se perder?

Minha mãe sempre dizia que uma sombra sempre a observava, ela morava em cada canto que era desprovido de luz. Ela sempre resistia não olhar para essa criatura que a tormentava, pois ela sabia que se ela olhasse de volta, seria o seu fim. Papai falava que ela era uma pessoa doente, e era para eu não acreditar em tudo o que ela dizia, aquilo tudo não passava de sua imaginação fértil e perturbada.

As vezes ela tinha ataques de pânico e gritava para a criatura deixa-la em paz. As vezes ela era muito assustadora, afinal, para uma criança testemunhar tal coisa, aquilo realmente seria perturbador e amedrontador.

Mas em uma noite fria de inverno, eu preparava o jantar. Meu pai estava no banho e minha mãe estava em sua velha cadeira de balanço no quarto do segundo andar. Ela quase não falava mais, mas seus ataques de pânico haviam sumido. Mas agora uma áurea sombria a rodeava, era como se ela tivesse perdido sua alma. As vezes eu ficava me perguntando se ela tivesse finalmente olhado para a tal criatura que ela supostamente havia criado para si, e por isso ela havia ficado desse modo, mas era apenas a sua doença que havia piorado. No fundo eu sabia que aquilo não era real, era apenas algo inventado por ela mesma. 

Algumas pessoas falam que quando você acredita em algo, e insiste que aquilo é real, ela acaba criando vida e atormenta todos aqueles a sua volta, mas isso é apenas uma historia de terror para assustar seus amigos.

Então quando eu havia terminado o jantar, eu subi as escadas cuidadosamente, a cada passo que eu dava a madeira fazia um rangido. Nossa casa era velha, admito. Mas nenhum de nós tínhamos motivação de reforma-la. 

Ao ficar em frente ao quarto em que minha mãe estava, dei leves batidas na porta. Falei o meu nome e entrei. Um vento forte veio de encontro ao meu rosto e acabei levando o meu braço na direção dos meus olhos para proteger do vento frio. Chamei pelo nome de minha mãe e ao olha-la eu presenciei algo que achei que nunca veria. Minha mãe estava na sacada com seus braços abertos como se estivesse prestar a bater suas asas e voar, dei alguns passos em sua direção e pelas tabuas fazerem barulho minha mãe abaixou os braços e se virou lentamente, assim que nossos olhos se encontraram um calafrio tomou conta do meu corpo. Seus olhos estavam estavam negros e ela sorria de uma forma atormentadora. Logo em seguida eu pude olhar uma sombra ao seu redor, ela parecia ter a forma de uma pessoa.

Então aquela... forma... possuiu a minha mãe fazendo ela se dobrar ao meio, eu pude ouvir seus ossos se partindo e ela emitindo um grito abafado e rouco. Após testemunhar tal coisa, soltei um grito de pavor e sentei no chão em estado de choque. Meu pai apareceu do meu lado e ao ver minha mãe atirada ao chão correu até ela, mas ele acabou sendo jogado contra parede antes que ele conseguisse encostar em minha mãe. O impacto foi tão grande que acabou atravessando a parede do quarto e indo de encontro a parede do nosso corredor. Virei lentamente na direção do meu pai e meio aos destroços ele parecia como se fosse uma marionete, todos os seus membros estavam contorcidos.

Minha mãe começou a se mexer e se ergueu ainda dobrada ao meio, ela contorceu seu quadril para que pudesse olhar em minha direção, no mesmo instante eu desviei o meu olhar e fiquei olhando para o chão enquanto ela se aproximava de mim de uma forma horripilante.

A cada passo que ela dava, mais o meu coração congelava, eu queria sair correndo mais o medo tomava conta do meu corpo fazendo eu ficar imóvel. Eu consegui me arrastar aos poucos e cheguei até a parede, ainda olhando para baixo eu ouvi outro estralo, e pelo barulho eu havia presumido que minha mãe havia ficado ereta. 

Ela se aproximou de mim e eu pude ver seus pés descalços, lentamente ela se abaixou para que seus olhos ficassem na mesma altura que os meus, e naquele momento eu fiquei muito tentada a olha-la nos olhos, mas as palavras que ela sempre dizia vieram a tona em minha mente... "Não olhe nos olhos". A coisa que havia tomado posse do corpo da minha mãe estava tão perto do meu rosto que eu podia ouvir sua respiração rouca, e por ver seus longos cabelos se movendo, dava para perceber que ela inclinava seu rosto de um lado para o outro, como se estivesse confusa por eu não estar a olhando de volta. 

Ao apoiar suas mãos no chão, ela se aproximou ainda mais de mim, senti sua língua áspera tocar a região do meu ouvido e depois sussurrou algo em um sotaque estranho e rouco.

"Olhees nos olhooss de sua mãess"

Logo em seguida ela encostou seu nariz em meu pescoço para sentir o meu cheiro. Minha respiração começou a ficar ofegante enquanto aquela coisa se aproveitava de mim. Depois ela agarrou meu rosto e me obrigou a ergue-lo e ao fazer isso eu fechei os meus olhos, eu não iria me render assim tão fácil. Ouvi ela chiar e depois fui jogada contra o outro lado do quarto. Fiquei encolhida no chão enquanto sentia uma dor crescendo nas minhas costelas. A criatura chiou novamente só que mais alto e ouvi o corpo da minha mãe caindo no chão. Fiquei me perguntando se ele havia desistido de me levar junto com os meus pais e tivesse ido embora, mas como eu poderia checar? E se fosse uma armadilha? De tanto pensar em perguntas eu acabei desmaiando e quando acordei novamente eu estava em uma cama de hospital. 

Os médicos juntamente com alguns policiais, deduziram que esse incidente tenha sido por causa de algum lunático que invadiu a nossa casa e matou os meus pais. Eu não podia contar a eles a verdade pois eles não acreditariam e eu acabaria internada em um hospital psiquiátrico.

Depois desse acontecimento, eu nunca mais consegui dormir com as luzes apagadas por medo daquela coisa aparecer para tentar me levar outra vez.

Será que ela está assombrando outra família ou esperando o momento certo de ataca-los?

Provavelmente ela está se escondendo nas sombras e esperando que alguém olhe em seus olhos, para que desse modo, ela leve as suas almas.

Notas da Autora: Olá leitores e escritores, gostou do meu conto de terror? Eu não sou tão boa assim neste gênero, mas espero que eu tenha feito vocês se arrepiarem pelo menos um pouquinho

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Notas da Autora: Olá leitores e escritores, gostou do meu conto de terror? Eu não sou tão boa assim neste gênero, mas espero que eu tenha feito vocês se arrepiarem pelo menos um pouquinho. Ele foi só uma ideia que eu tive e então fiz. Enfim... espero que tenham gostado.

Não olhe nos olhos.Onde histórias criam vida. Descubra agora