- Mamãe, eles estão aqui. Temos que partir...
- Não vou à lugar algum!
- Mamãe, não temos tempo para isso, por favor venha conosco. Ainda tem uma chance de se salvar.
- Filha, eu nasci aqui, vivi aqui, me apaixonei por seu pai aqui e tive você aqui. Se eu tiver que morrer, morrerei aqui!
- Oh, mamãe! - Choro.
Mãe e filha se abraçam.
- Traga Jade para eu abraçá-la uma última vez.
- Sim senhora mãe.
A menina entra na tenda da avó.
- Minha flor. Vovó irá ficar...
- Não vó, tem que vir conosco. Deixa a mamãe transformar a senhora. Sabe que se virar uma de nós poderá viver por muito tempo.
- Pequena Jade, me apaixonei por seu avô sem saber que ela era um vampiro. Mas ele sempre me amou, e respeitou a minha decisão de não querer me transformar. E você minha flor, tem o melhor dos dois lados. É meio humana, e meio vampira, seja uma boa menina... Ajude sua mãe. Vá com ela para longe, e sempre se lembre de respeitar a humanidade, controle sua sede, pois você carrega consigo a minha parte humana, sempre estarei contigo em seu coração.
- Nós te amamos vovó.
As três se abraçaram, e a mãe jovem, com sua criança, fugiu.
Não demorou muito para que os caçadores chegassem. A avó de Jade estava tomando um chá quente.- Ora, ora. Se não é a velha bruxa que acoberta os demônios!
- Penny Haminton! Que surpresa, receber o melhor caçador de monstros do mundo certamente é uma honra.
- Não seja cínica, onde estão? Onde os esconde?
O homem apontou uma besta em direção a testa da idosa que estava sentada em sua própria varanda tomando chá.
- Nunca os achará.
- Velha imunda. Suas crias mataram minha família, toda ela! Minha mãe, meu pai, meus irmãos e irmãs...
- Vocês os caçam e arrancam suas cabeças à anos. Eles foram mortos aos milhares, obrigados a se esconder e ainda são caçados. Está chorando porque perdeu dois ou três parentes? Não tem do que reclamar!
O tiro fez um eco enorme. Jade chorou no colo de sua mãe, enquanto essa corria junto ao seu marido, tentavam se salvar, eles eram os últimos vampiros do mundo, mas não só por isso, eles amavam sua filha. Ela estava com oito anos quando isso aconteceu.
Eles moravam em Portugal. Pegaram uma embarcação para fugir para qualquer lugar. Não sabiam que o caçador de vampiros estava infiltrado na embarcação.
Eles viajaram para a França. Lá o povo cigano se escondia, eram muitíssimo perseguidos, sim, isso aconteceu há muito tempo.
Jade, sua mãe e seu pai se aliaram aos ciganos que os aceitaram sem nenhum problema.Eles passaram dois anos em plena paz. A mãe de Jade engravidou de novo, ela teria um irmão. E finalmente existiriam mais vampiros, transformar humanos era muito complicado, e nem sempre os humanos eram realmente fiéis aos vampiros de sangue.
- Filha, venha, vou a levar até cigana mãe. Ela é a mais anciã dessa família.
- Mamãe eu já a conheço.
- Sim Jade, mas sinto cheiro de perigo. Tenho medo de não conseguir salvar a todos nós, mas você meu amor, você é o futuro da nossa raça. Ela vai ler sua mão, vai nos dar uma pista...
Os olhos verdes da pequena Jade brilhavam, ela estava assustada por tudo, a fuga, a morte de todos os vampiros do mundo, o abandono de sua avó. Ela era uma criança, mas entendia o que estava acontecendo.
A mãe da pequena a levou à cabana de Lucinda. A cigana que também era uma vidente.
- Olá Lucinda, sei que não tem muito tempo, mas gostaria de pedir que lesse a mão de minha filha. Preciso saber se ela ficará segura.
- Pequena Jade. Venha até mim... - Disse Lucinda.
A cigana era esplêndida, a imagem de Lucinda ficou na cabeça de Jade por toda sua vida. Ela tinha longos cabelos negros encaracolados, sua pele brilhava em uma tonalidade marrom como chocolate, seus olhos azuis-claros pareciam lanternas em uma noite escura, suas joias faziam uma sonoridade engraçada, porém chamativa, tinha lindas argolas nas orelhas, anéis nos dedos, pulseiras e braceletes nos braços, tinha mais ouro do que em uma mina.
Ela segurou a mão da pequena criança.
- Você é intrigante minha pequena, seu passado é lindo, uma infância normal, com uma família normal. Seu presente é difícil, uma fuga, teve de abandonar sua avó que você tanto amava, engraçado, não consigo ver um futuro. Deve tomar cuidado pequena, o caçador vem atrás de você, consigo ver o nome Penny Haminton, nunca se aproxime de alguém com esse nome.
Naquela mesma noite, algo perturbou a paz na vila em que moravam com os ciganos, era o caçador.
- Ora, achou que fugiriam? - Diz o caçador entrando na cabana de Jade e seus pais.
A mãe de Jade se levantou.
- Não ouse chegar perto de mim...
Ele tinha um punhal de prata. O pai de Jade o atacou por trás, mordendo suas costas.
Ele se jogou no chão, caindo em cima do pai de Jade e quando se soltou enfiou o punhal no peito do vampiro, esse começou a se contorcer, todo o sangue de seu corpo saiu pelos ouvidos, nariz e boca, depois ele petrificou e virou pó.
O caçador saiu atrás da esposa que havia corrido cabana à fora com sua filha no colo em uma manta.
Ela corria pelas ruas, descalça, apenas usando uma camisola de seda.
- Não me faça correr... - Disse o caçador.
Ela olhou para trás não o viu mais. Continuou correndo.
Depois em uma esquina, lá estava ele, em sua frente.- Achou que fugiria? Eu sou o caçador e você é a caça! Me dê a criança...
- Não, por favor...
Ele puxou a manta de seus braços jogando a vampira no chão. Não, os vampiros não eram fortes ou algo do tipo. Mas para a sua surpresa eram apenas um monte de panos enrolados.
- O quê? Onde ela está?
- Achou mesmo que eu daria minha filha de mão beijada à você? Só sendo muito burro mesmo...
Ele a pegou pelo pescoço - Eu a caçarei até o meu último suspiro, você será morta e depois ela, e então não sobrará mais nenhum vampiro para matar famílias humanas inocentes!
- Vocês não são inocentes, matam a nós monstros aos montes faz anos e por preconceito, seu pai, e o pai dele, e todos que vieram antes nos caçaram, adultos, adolescentes, crianças e idosos, sem piedade... Mas minha filha vai viver, terá um futuro... e você não irá impedir!
O caçador cravou o punhal de prata na barriga da mãe de Jade e a deixou no chão.
Ele voltou a vila, esta ficava perto do mar, ele foi até o cais e viu no horizonte uma pequena embarcação. Lá estava Jade, sua mãe a entregou à Lucinda que se responsabilizou por salvar a menina que ainda tinha cinco anos na época em questão.
- Vou te achar demônio, e depois vou matá-la! Só preciso de um pouco de tempo... e amor.
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O Estrategista
Short Story(...)"Não seria o amor, a maior das estratégias? (...) (Terceiro lugar no concurso W10)