Fragmentos de ti

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Uma obra-prima, poesia, perfeição...
Temo que não as encontre aqui,
Sacrifico-as, todas elas, em nome de ti.
Sinto em não te entregar poesia ou prosa,
Ao contrário, ofereço-te, pensamentos desencontrados.
Depois de muito procurar naquela face indefinida,
Nas garras que devoram minha liberdade.
Ela, doce amante dos poetas, a inspiração
Negou mostrar-me sua beleza
Jogou-me no abismo e sussurrou em meu ser:
“Encontre-o”.
Palavras a ressoar, a desejar o papel,
Nesse arremedo desconexo deitarei sentimentos e nada mais.
Confusos e indecifráveis assim são eles,
Os olhos profundos de cor desconhecida
Fito-os na esperança de desbravar seus labirintos,
Perdida em teus becos sem saída,
Tencionada a escalar teus muros inexplorados,
Intrusa, olhando por fração diminuta de uma fenda na armadura.
Destruiria tal barreira se pudesse, enfim, traçar de ti um poema,
Fazer marcante canção de uma pequena parte,
Não obstante, apenas rogo por vislumbrar
Entre tua voz serena e teu silêncio
Entre teus movimentos despretensiosos e tuas histórias amadas
Entre as marcas externas e os abismos interiores
O mistério expresso no sorriso e a força confessa no olhar.
O impenetrável universo a habitar em ti
A ecoar em teu ser, a desenhar-se em teu corpo,
A serpentear em teu caminho, a refletir-se no outro.
Repousa aqui, um pequeno acorde de tua canção
As poucas notas ouvidas por uma surda intrusa.

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