Estava mesmo precisando experimentar outros ares, outras pessoas, ter uma nova vida... Vicky havia me dito que um rapaz chamado Luiz viria nos buscar de carro as 14:30 e eu não havia nem pensando em que vestir, só queria impressionar. Mas vamos lá, era jogo do Brasil, não havia como errar no figurino. Então pra fugir um pouco do padrão vesti um cropped azul do Brasil que deixava parte da minha barriguinha de fora, um short jeans não muito curto, rasteirinhas, cabelos soltos e um make bem leve. Saio do meu quarto e vou bater na porta da Vicky:
-Bora Maria-Fumaça, que hoje eu to facim
Pouco tempo me aparece abrindo a porta uma Victória linda, sorridente e cheia de estilo. Ela estava usando uma Babylook cinza com o nome Brasil escrito em branco, soltinha no seu corpo, um short branco curtinho que mostrava que apesar de magrinha as pernas dela eram bem torneadas, um tênis vans dessa vez amarelo ( o que me fez deduzir que ela tinha uma coleção destes) usando óculos escuros é claro, pra esconder seus olhos de chaminé.
Ela me abraçou beijou, meu rosto e disse: -Hj tem putinha, vamos arrasar. Finalizou dando um tapinha na minha bunda.
Sorri e sai puxando a Vicky pelo braço: -vem, que hoje nós ja vamos chegar no Grau.
Levei a vicky até um barzinho que tínhamos em nossa sala, peguei um litro de Red Label tomei um gole grande no gargalo msm e passei pra ela, já em nosso terceiro gole o Luíz manda mensagem pra Victória falando que já estava na frente do apê, nos esperando.
O Luiz era aquele típico cara bonito, barba por fazer, simpático, estava usando uma camiseta da seleção, boné pra trás e tinha aquela carinha de cachorrinho que caio da mudança, ao seu lado ,no banco da frente do carro havia uma ruiva de cara enjoada que supus ser sua ficante ou namorada, segurando um latinha de cerveja, passamos em mais um apê pra pegar uma garota chamada Raquel e seguimos pra o barzinho chamado Lapa 40°.
Chegando lá ja havia uma mesa com uma galera animada, tomando caipirinha e discutindo sobre a escalação do time, a minha maria fumaça favorita foi quem fez as honras da casa e me apresentou a turma toda:
-Atenção pessoal, essa é a Pietra Maria Peituda,ela veio la do sertão do nordeste porque estava precisando de sexo, vocês podem tudo, EXCETO, zoar o sotaque dela, e agora,,,pra poder saber o nome de todos vocês a Pietra vai virar um dose de tequila.
Sinto uma maré de mãos bagunçarem os meus cabelos e me balançarem de um lado para o outro, junto forças lá no meu interior e consigo finalmente gritar mais alto do que todos eles:
-EU SOU MEIGA PORRA, E TRÁS LOGO A TEQUILA.
Todos começam a aplaudir e me abraçarem, os meninos solicitam ao garçom uma garrafa de tequila e colocam em minha frente, pego dois copinhos e digo:
-Duas doses, pra provar que a mulher do nordeste é forte
Toma primeira quase sem fazer careta e na segunda quase engasgo por ter a visão mais espetacular da minha vida. Ele estava ali, sentando a minha frente, com cara de bravo, emburrado ou sei lá o que, mas parecia preocupado ou irritado, e era lindo, Estava sentado sozinho em sua mesa, com um copo de whisky com duas pedras de gelo, seu olhar era distante o que o deixava ainda mais lindo, sua aparência era completamente máscula, barba já crescida de alguns dias, olhos pequenos de um tom esverdeado indescritível. Quase entro em transe olhando pra ele, ele parecia tão sozinho, precisando de cuidados, tomou um grande gole de whisky e por menos de um segundo nossos olhos de encontraram, gelei, mas foi por pouco tempo, logo estavam todos me aplaudindo, me abraçando,me girando e em um desses giros eu pude ver aquele meio sorriso de cafajeste e sorri junto, na verdade gargalhei e meu coração pulava de alegria, pensei comigo: " devo estar realmente ficando bêbada, ninguém em sã consciência fica tão feliz com um sorriso de um estranho."
Quando finalmente decidiram parar de me sacudir, balancei a minha cabeça tentando afastar o pensamento do cara sentado na minha frente e sorrio para todos, a Vicky me puxa de lado, o que faz os meus olhos e o do estranho se cruzarem novamente e ela diz:
-Agora você terá a sua recompensa
fico encarando ele, me esforçando pra prestar atenção Victória e ela prossegue:
-A loirinha de cerveja na mão se chama Duda, o cara moreno de boné é o Jota, o casal aí do Grandão com a pequenina é a Jessica e o Anão. Vê se aprende o nome de todo mundo loira senão vai tomar tequila.
Uma nova algazarra se forma e o telão avisa que em instantes o jogo ira começar,eu ainda estou em uma intensa troca de olhares com o meu doce estranho na minha frente com carinha de quem está precisando de colo quando sinto uma cotovelada forte em minhas costelas, quase perco o ar, Olho e canto do olho e é obvio que é a Victória, digo zangada:
-Puta que pariu Vicky, o que foi?
-Tá de olho no Fernando é Pih? CUIDADO!!! Ele é o Diabo!
-Quer dizer que ele se chama Fernando....Me faça acreditar então!
-Tô falando Pietra, quem avisa amigo é.
-AHHHHHHH, desencana Victória, vai tomar uma Vodka.
Peço mais uma dose de tequila pra mim e por um instante penso estar vendo a Vicky dando ideia em uma menina e mais uma vez me pergunto se estou bêbada. O jogo começa e todos ficam atentos a tv, logo após o primeiro gol do Brasil e multidão fazer aquela festa toda me sinto um pouco enjoada e caminho até o banheiro,me olho no espelho e lavo o meu rosto: -Meu Deus, eu estou um trapo, não posso mais beber. Pensei comigo mesma e sai caminhando. Pode parecer clichê eu sei, mas esbarro justamente naquela barriga super sarada de tanquinho ao sair do banheiro, não precisei de olhar pra cima pra saber, eu senti que era ele, senti meu corpo amolecer, meus joelhos tremerem, quando finalmente criei coragem e olhei no fundo daqueles olhos verdes, teria caído se ele não estive com a mão segurando firme pela minha cintura, balancei a cabeça e tentei pedir desculpas,mas só gaguejei: eu...euu...me....Eu bebi demais!
Ele simplesmente deu uma gargalhada, uma gargalhada de deboche, eu pude sentir, fez minha espinha esfriar, me olhou com despreso e disse: -Cuidado Criança, cuidado,
Fiquei embacada olhando pra ele, achando ele um super idiota e me achando mais idiota ainda, tentei esmurra-lo e ele continuo sorrindo,o que me fez ficar ainda mais vermelha de raiva, respirei fundo e finalmente vejo o Jota, o rapaz moreno que estava em nossa mesa se aproximar: -Fernando, já esta criando problema.
- A patricinha que andou bebendo demais e esbarrando onde não deveria.
Finalmente me soltou, sai bufando de raiva enquanto o Jota tentava me consolar:
-Relaxa, Fernando é um Playboy cheio de marra,você não deve esquentar,
Fiquei ouvindo o sermão da Victória por pelo menos uns 20 minutos o que me fez ficar ainda mais irritada, não queria ver mais porra de jogo nenhum. Chamei o garçom e pedi que ele trouxesse alguma coisa capaz de me apagar, pouco tempo depois ele volta, passo pra dentro sem ao menos saber o q era, fico super tonta novamente e saio pra calçada do bar tentando tomar um pouco de ar, quando avisto novamente o meu cara estranho, que não é mais estranho e sim um playboy FDP que me tirou de tempo hoje a noite, ele chega cada vez mais perto e diz:
- Você me beija e fica tudo certo
Fico encarando ele por um tempo, tentando assimilar aquelas palavras, não conseguia compreender, não sei se pelo excesso de bebida ou pela cena de um pouco mais cedo, ele se achegou ainda mais a mim, colocou meus cabelos atrás da minha orelha e falou:
-Deus, eu poderia passar a noite inteira te admirando sabia,você é uma graça quando fica irritada, mas olhando assim de perto e calminha não consigo resistir....
Não sei dizer se foi ele ou se foi eu quem beijou primeiro, só me lembro de estarmos lá, nos beijando, e foi um beijo calmo e terno,o sabor da boca dele era tão espetacular, gosto de hortelã misturado com o gosto de algo que eu não sabia decifrar, o beijo não era nada parecido com a forma que ele havia me tratado, e eu soube desde aquele momento que eu não queria parar de beija-lo nunca mais...