Videogame vs Livros

94 7 2
                                    

Quando você assistir a algum filme dos Estados Unidos, se deslumbrar com aquelas casas lindas e pensar que, na vida real, elas também são assim, então você está certíssimo. Como William me avisara, eu adorei a casa. Ela ficava no bairro de Malibu, em frente a praia, era toda pintada de branco, tinha dois andares, suas janelas eram espelhadas e cada andar tinha uma varanda, para cada quarto, com vista para o mar. O interior era melhor ainda: o hall da casa era tão iluminado que poderia ser confundido com o paraíso, havia um candelabro de cristal enfeitando o centro da sala, uma grande mesa com um vaso de lavandas e, ao lado, uma escada em espiral que levava para o andar dos quartos.
Carla me olhou como se estivesse com pena e disse: " James, leve Marina para seu quarto e mostre a ela onde ela pode guardar suas coisas e descansar. Ela deve estar exausta! Querida, descanse um pouco, eu vou preparar o jantar e quando estiver pronto chamo vocês." James subiu as escadas e fez um gesto com a cabeça para que eu o seguisse. O andar de cima é um grande corredor com várias portas, que eram os quartos. James entrou na segunda porta a direita e estendeu o braço para que eu entrasse. O quarto era enorme,-impressionantemente maior que o meu, no Brasil- ele era divido em dois por uma prateleira cheia de livros, o que me deixou muito interessada, um dos lados era todo decorado com flores e luzes de natal e era ligado à varanda. James me disse que esse era é o lado de sua irmã. O outro lado era todo bagunçado: havia fios de controles de videogame espalhados pelo chão, capas de jogos, livros de zumbi, CD's e roupas jogadas em cima da cama, obviamente, esse era o lado de James. Quando finalmente caiu a fixa que eu iria dividir o quarto com ele, borboletas rodopiaram em meu estômago. Fiquei um pouco ansiosa e envergonhada daquela situação, tive de conter um sorriso, James também parecia um pouco constrangido e um silêncio claustrofóbico surgiu entre nós até que ele soltou uma gargalhada e eu perguntei: " O que foi? Por que você está rindo tanto? " Ele abriu um sorriso torto e disse: " Desculpe-me, eu não pude me conter. É que é engraçado, sabe? Uma menina bonita como você vem do Brasil para passar vinte dias dividindo o quarto comigo...eu me sinto sortudo! Desculpe-me...ammm...você pode colocar suas coisas naquele lado e descansar um pouco. Eu estarei la embaixo...se você quiser companhia." Eu assenti e o agradeci. Assim que ele fechou a porta eu me encostei na parede e abri um sorriso. Como algo tão maravilhoso poderia estar acontecendo comido? Será que era um sonho? Decidi tomar um banho e colocar roupas confortáveis: um short preto e uma blusa de mangas compridas feita de lã. Eu me deitei na cama, me deixei embalar pelo cheiro floral e da maresia e adormeci.
Tive um sonho estranho, mas muito bom. Eu estava em uma barco à vela, no meio do oceano, com James. Ele estava conduzindo o barco e eu admirava seus cabelos dourados tremeluzindo ao vento. No meu sonho, seus olhos pareciam ainda mais azuis. Em um certo momento, ele se virou pra mim, se aproximou, colocou uma das mãos em meu ombro e começou a falar: "Marina...Mariiiinaaaa...Acorde...Marina!" Eu acordei em um salto, e lá estava ele, como a mão sobre meu ombro fazendo cara de assustado: "Me desculpe, eu não queria que você acordasse assim. Bom, o jantar está pronto, vamos lá?" Eu assenti levemente com a cabeça, ainda estava meio tonta. Quando saímos do quarto eu pude sentir um cheiro de batatas e macarrão com queijo. Deixei que aquele perfume celestial me guiasse até a cozinha, onde todos nos aguardavam sentados a uma mesa retangular de madeira.
Carla disse: "Sentem-se! Estávamos esperando por vocês! Eu espero que goste do jantar Marina." Eu sorri e falei: " Só pelo cheiro já posso dizer que deve estar uma delícia." Ela sorriu e serviu cada membro da família e eu. Levei o garfo a boca e senti o queijo derretendo em minha boca. Tive de me segurar para não soltar um suspiro, acho que James também estava apaixonado pela comida. Ele fazia uma expressão de prazer e felicidade a cada garfada. Após todos terem terminado a refeição, o sr. William me perguntou: "Então Marina, como é sua vida no Brasil?" Tive de pensar um pouco para responder. Finalmente, falei: " Minha vida lá é...perfeitamente razoável. Quer dizer, viver no Brasil tem seus prós e contras. Algo que gosto muito de lá é o clima, a diversidade natural e as pessoas, que são muito acolhedoras. Um dos problemas é que há muita pobreza, fome e ganância. Além disso , o governo não da a mínima para a população mais pobre. Mas acho que é um bom país, honestamente, ele só precisa ser bem administrado." Todos eles me olhavam como se eu fosse uma diplomata ou alguém muito importante. Finalmente, para quebrar meu constrangimento, Carla disse: " Uau! Que menina culta! Haha! Bem, minha querida, aqui, nos Estados Unidos, também temos pobreza e esse tipo de coisa. Mas a propaganda do nosso poder é tão forte que disfarça esses problemas. Muito bem pessoal, botem a louça na pia e vão descansar. Amanha vamos acampar em Monterey! Boa noite!" Todos nos despedimos uns dos outros e fomos para nossos quartos.
Quando eu e James entramos no nosso, eu lhe perguntei: " James, como é esse acampamento em Monterey? Vocês já foram pra lá antes?" Ele fez uma careta e disse: "Ah! É um saco! Não tem internet, eletricidade e há tantos mosquitos que você pode morrer sendo picado. Hehe brincadeira, mas você deveria levar um repelente, ou vai voltar cheia de picadas." É claro que ele não iria gostar de uma acampamento. Ele é aquele tipo de garoto que passa a noite inteira trancado em seu quarto jogando videogames. Não sei como pude pensar que poderia haver algo entre nós. Eu nunca ficaria com um garoto como ele. Eu estava com sono e resolvi ler um dos livros que estava na estante da irmã de James. Na capa estava escrito "The blue lagoon". Na hora me lembrei do filme que minha mãe assistira quando era jovem. Eu assisti com ela recentemente e me apaixonei pela história, devia ser um bom livro. Assim que abri na primeira página, ouvi um barulho de tiros e grunhidos de zumbis. James estava super concentrado jogando Resident Evil para notar que eu gostaria de um pouco de paz, sossego e silêncio para dormir. Revirei os olhos e perguntei: " Você vai ficar jogando isso a noite toda?!" Ele simplesmente balançou os ombros, apático, e grunhiu o que eu acho que foi um "seila". Isso me deixou com muita raiva, mas tentei concentrar minhas energias no livro. Devo ter lido uns três capítulos até quase desabar de sono. Coloquei o livro de volta à prateleira e, quando olhei para James ele ainda estava em seu mundinho apocalíptico totalmente alheio ao que acontecia a sua volta. Me virei de costas para não ver o brilho da TV e cobri os ouvidos com o cobertor tentando me concentrar e esquecer o videogame inútil de James. Como pude me sentir atraída por esse panaca? Ele pode até ser bonitinho mas só sabe jogar videogames. Fiquei ruminando sobre isso até ouvir a TV ser desligada e percebi que ele caminhava até minha cama. O que ele ia fazer? Tentei fingir que estava dormindo. Ele se agachou e acariciou meu rosto. Eu pude ouvi-lo dizer que eu ficava linda dormindo, senti um calafrio. Ele me deu um beijo na testa e disse, baixinho: "Boa noite." Quando ele foi para sua cama eu chequei meu relógio. Eram duas da manha! Aquele louco ficou matando zumbis até as duas da manha! Não acredito que eu teria de passar vinte dias dividindo o quarto com ele. Seria uma longa estadia.
~•~
Olá, leitor!
Espero que esteja gostando da fic! Como você pôde perceber, Marina não aguenta os hábitos e James e está furiosa com ele. Será que nesse a acampamento em Monterey ele conseguirá mudar essa imagem que Marina tem dele?
No próximo capitulo você vai descobrir! Hehe! Obrigada por ler minha história, continue me seguindo para não perder o próximo capítulo! 😘

A ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora