O Primeiro Anjo
O contexto de Apocalipse 14 indica um cenário escatológico, prensado entre a perseguição apresentada nos capítulos 12 e 13 e a "colheita" do final do capítulo 14. Os adventistas compreendem que as três mensagens angélicas de Apocalipse 14 representam o movimento final preparando o mundo para a segunda vinda de Cristo. Os Adventistas do Sétimo Dia esperam desempenhar uma função importante na proclamação dessas mensagens. Consequentemente, precisamos compreender o que elas dizem.
Essas três mensagens estão em sequência, pois entre elas, existem elos subjacentes. Um elo é a doutrina da criação conforme foi registrada por Moisés; outro elo é a justificação pela fé. A igreja não pode alcançar êxito na pregação das três mensagens angélicas sem fé no relato bíblico da criação, que é fundamental para essas mensagens e indispensável para a nossa missão.
O primeiro anjo, (Ap 14:6) é descrito como tendo o "evangelho eterno". O evangelho é as boas novas da salvação, que é necessário devido à queda do homem. A história da criação forma a base para compreender essa queda: "Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados" (Rm 2:12, cf 1 Tm 2:13-14).
A mensagem do primeiro anjo consiste em duas partes. A primeira parte é (parafraseada): "Temei a Deus e dai-lhe glória, por causa do julgamento." Essa mensagem foi enfatizada no início da história do adventismo, nas doutrinas do juízo investigativo e executivo. A segunda parte é (novamente parafraseada): "Adorai Aquele que criou." Na escrita hebraica, a mesma ideia era frequentemente expressa duas vezes, usando diferentes palavras. Este é um modo de enfatizar um ponto. A primeira mensagem angélica pode ser tratada com tal paralelismo:
Temei a Deus e dai-lhe glória, por causa do julgamento,
Adorai a Deus por causa da criação.
Temer a Deus é reverenciá-Lo, e implica a adoração:
"Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?
Pois só tu és santo;
por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti,
porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos."
Apocalipse 15:4
O julgamento é um dos atos de justiça de Deus. Para muitos, a ênfase no julgamento não parece ser boas-novas. Porque deveríamos considerar a vinda do julgamento como "boas novas" (evangelho)? E qual é o relacionamento da criação e das boas novas? Vamos considerar estas perguntas ao examinarmos o paralelismo no texto.
"Temer" a Deus significa dar-Lhe reverência, ou adorá-Lo. Esta é a primeira parte do paralelismo. Deus é digno de adoração porque Ele é tanto Criador como Juiz. "Tu és digno, Senhor e Deus nosso,... porque todas as coisas tu criaste...." (Ap 4:11). Ser o Criador demonstra a autoridade de Deus e dá a Ele o direito (responsabilidade?) de julgar.
Qual é o paralelismo entre julgamento e criação? Quem é o Criador? Quem é nosso Juiz? Foi Jesus quem nos criou, e quem estará conosco também no julgamento. As boas novas (evangelho) é que a criação e a redenção estão unidas em Jesus Cristo. Jesus é o nosso Criador (João 1:3) bem como nosso advogado no julgamento (1 João 2:1). Deus tanto nos criou como nos salvou através de Jesus (Cl 1:13-17). Devido a este relacionamento, o julgamento é boas novas para o Cristão.
Apesar de ser muito defendido pela igreja, o aspecto referente à criação nas três mensagens passou a receber a mesma atenção dada ao conceito do julgamento, apenas no início da história da nossa igreja. Havia menos necessidade de enfatizar Deus como Criador porque virtualmente todos os cristãos aceitavam o relato bíblico da criação, o que agora já não é uma realidade.
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Apocalipse Bíblico
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