Música: The night we met
Lord Huron....Boa Leitura...
|| NARRADOR||
Um considerável tempo havia se passado. E nada da garota sair do banheiro. O (des)conhecido, ali do lado de fora, roía as unhas de nervoso e preocupação. Algo de errado, não estava certo. Ele começou a se desesperar, a escola estava se fechando, eles ficariam presos ali. Largou a mochila no chão, girou a maçaneta da porta e uma imagem, que ele seria incapaz de se esquecer, lhe fez paralisar, não sabia o que fazer. Ela estava ali, desmaiada no chão do banheiro, com os pulsos escorrendo sangue. Ele a pegou no colo e saiu correndo. Não ligava se havia deixado seus pertences ali, ela era mais importante naquele momento. Por obra do destino, ou não, o portão se encontrava aberto. Como disse, era como se fossem invisíveis naquele local, ninguém os viu saindo dali.
Sacou o celular do bolso, enquanto continuava chamar pelo nome de Alya, discou o número de uma ambulância, que em poucos minutos chegou, socorrendo a garota. Já com a ficha preenchida, a secretaria discou o número da mãe de Alya, se é assim que devemos chamá-la, pois se ela realmente amava a garota, não pensaria duas vezes ao largar o trabalho e ir ao encontro de sua filha. Mas, o que deixou o garoto conturbado foi a resposta dela, "Se acontecer algo mais grave me ligue, estou ocupada!", sim ela disse isso. Agora me diga, isso realmente é uma mãe?!
O garoto (des)conhecido, que não sabia de absolutamente nada da vida de Alya, estava sentado na sala de espera, transbordando em nervoso, pronto para abordar qualquer médico ou enfermeiro, para saber de notícias da garota, que estava há algumas horas em algum lugar daquele enorme hospital. Ao longo do dia, ele permaneceu ali, comendo lanches das máquinas do hospital, já ciente do estado dela. Antes do entardecer, Alya foi liberada, ela continuava encarar a parede branca em sua frente, quando a porta se abre, revelando o (des)conhecido.
"Da próxima vez, faça isso sem que haja alguém para lhe salvar."_ as mesma palavras foram pronunciadas dias anteriores, irônico, não?
Alya desviou o olhar, agora encarando os pulsos enfaixados. Respirou fundo, levantou-se da cama, sem negar a ajuda do garoto, e saíram andando pelo hospital. Nenhuma palavra foi dita, o silêncio era comum para os dois.
"Estou com fome."_ ela fala, olhando para a máquina de lanches, que há alguns momentos atrás o (des)conhecido, se alimentava. Ele sem pensar duas vezes, pegou o restante do dinheiro no bolso, satisfazendo a fome da garota. Eles andavam em passos lentos pela calçada, quando Alya se deparou com sua casa a poucos quarteirões, parou abruptamente fazendo o garoto a encarar._ "Não quero ir para lá."_ fala suplicando com os olhos para ele, que respirou fundo.
"Venha."_ não disse mais nada, apenas deu meia volta e continuou a caminhada. Ela não o questionou, não precisava ter medo dele, aliás ele acabará de salvar sua vida. Apenas fechou sua boca e o seguiu.
Assim que o garoto destrancou a porta e girou a maçaneta, Alya entrou e encarou cada parede, ele olhava para a reação dela._ "Você mora sozinho?"_ ela pergunta, o garoto tenta adivinhar como ela chegou a essa conclusão.
"Como...?"_ ela sorri travessa.
"Não é difícil adivinhar, quando tudo está desorganizado assim."_ ela aponta para o sofá com edredons, sapatos espalhados e alguns pacotes de pipocas no chão.
"Nem está tão bagunçado."_ ele dá de ombros, dobra os edredons, se senta no sofá e faz sinal para ela fazer o mesmo._ "Quer conversar?"_ Alya suspira, não era muito de se abrir. O (des)conhecido, leva o silêncio dela como uma negação._ "Também não gosto de falar da minha vida para as pessoas. Mas, isso é essencial para nutrir uma amizade."_ ele fala. Amizade! Uma pequena palavra, que ficou completamente desconhecida no vocabulário de Alya, há alguns meses atrás. O silêncio permaneceu, o garoto incomodado começa a contar pequenas partes de sua vida, sem entrar em detalhes._ "Vejamos, desde pequeno vivi em um orfanato... Tenho dezenove anos, estou repetindo o terceiro ano, por problemas que tive... E há alguns meses moro sozinho."_ dá de ombros. Alya presta atenção em cada palavra proferida, dando falta de algo mais importante.
"E qual seu nome, garoto desconhecido?"_ pergunta ansiosa, ele sorri.
"Irei falar somente quando se abrir comigo, assim como acabei de fazer."_ a garota bufa em frustração._ "Enquanto isso, pode me chamar do que preferir."_ o (des)conhecido, percebendo que ficará por isso mesmo, levantou-se do sofá e pegou o controle da televisão, colocando em qualquer canal. Os dois encararam a imagem transmitida, sem prestar a mínima atenção no que passava. Ambos estavam perdidos nos próprios pensamentos. Sem perceberem adormeceram no sofá, já tinham se passado algumas horas, quando Alya se espreguiçou e levantou. Estava escuro, não sabia as horas, sua barriga estava dando sinais de uma má alimentação. Saiu andando com cuidado para não tropeçar e acabar acordando o garoto, que dormia todo torto no sofá. Entrou na suposta cozinha, esbarrou no batente da porta, acendendo o interruptor ao lado, começou a vasculhar os armários a procura de algo para comer.
O garoto sente uma movimentação estranha pela casa, e logo a luz é ligada, ele abre os olhos e caminha até a cozinha. Encontrando Alya bisbilhotando cada canto da mesma._ "O que procura?"_ pergunta com a voz grogue de sono. A garota dá um pulinho de susto.
"Você viu meu celular? Não sei quantas horas e estou morrendo de fome."_ fala se encostando na pia. O garoto por sua vez sacou o celular do bolso da calça, lhe entregando. Anda até a geladeira e pega uma lasanha congelada, colocando no forno._ "Obrigada."_ diz Alya quando o (des)conhecido coloca um prato à sua frente, com um copo de suco. Comeram em silêncio, depois os dois lavaram a bagunça.
"Se quiser pode dormir no meu quarto."_ fala ajeitando o sofá.
"Eu que sou a intrusa."_ Alya diz puxando as mãos do garoto e continuando o que ele fazia, colocando os edredons no sofá, logo se deitando. Liga o despertador do celular e fecha os olhos.
"Qualquer coisa é só gritar. Boa noite, Alya."_ fala o garoto já se afastando.
"Boa noite, desconhecido."
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Unknown
Teen FictionAlya é uma adolescente extremamente reservada e introvertida. Lidando com seus demônios internos, a jovem só pensa em uma coisa: acabar com a dor. Era um dia como qualquer outro quando, num ato de coragem - ou não - ela decidiu terminar com tudo de...