A Babá - Parte 2

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Acordou amarrada em uma cadeira, com a boca vedada por um pano. Olhou para um lado e para outro em busca das meninas, mas ela estava sozinha naquela sala semi iluminada com diversos quadros nas paredes, o que tornava o local uma verdadeira mansão.
Depois de algum tempo, os pais das crianças entraram no local onde a babá se encontrava. O marido retirou o pano de sua boca e perguntou:
— O que aconteceu? Cadê as meninas?
A moça, que estava em choque, falou gaguejando:
— N-n-não se-sei. Me tirem da-daqui.
Então as meninas entraram na sala e a mais nova falou:
— E porque eles fariam isso?
— Como assim? - ela não estava entendendo nada. Foi então que a mãe da menina falou, com um sorriso sarcástico no rosto:
— Como você deve ter notado, temos boas condições financeiras. Pra ser mais exata, somos ricos. Mas não conseguimos todo esse dinheiro de uma maneira honesta, afinal, ninguém consegue ficar rico com um emprego essa cidadezinha mequetrefe. Então, fizemos um trato com um amigo nosso.
— Como assim? – Amanda perguntou - Por que vocês estão fazendo isso comigo?
— Porque esse é nosso trato. Para continuarmos comendo do bom e do melhor, precisamos entregar uma vítima todos os meses. E adivinha? Você é a vítima desse mês! - sorriu diabolicamente após dizer isso e todos saíram da sala.
Agora tudo fazia sentido para ela: a riqueza do local e o desaparecimento das pessoas onde a maioria eram mulheres.
Agora nada daquilo importava. Tudo o que ela queria agora ela sair dali.
Foi então que lembrou-se da faca que tinha colocado no bolso. Com enorme esforço, ela alcançou e cortou as cordas que lhe amarravam por detrás da cadeira. Com uma dor de cabeça insuportável, a moça andou até a porta, abriu-a devagar e deu de cara com Vanessa, a mais velha, quem entrou na sala onde a babá estava e fechou a porta.
— Eu quero te ajudar.
— Como eu posso confiar em você? - Amanda perguntou.
— Sabe que não sou assim. Não queria que você subisse no quarto. Gosto muito de você, Amanda.
Amanda aproveitou e perguntou:
— O que eu devo fazer para acabar com isso de uma vez?
Vanessa explicou:
— Quando você estava estava desacordada, ele fizeram um ritual com você e vão te matar antes da meia noite. Tudo o que você deve fazer é sobreviver, porque se você permanecer viva depois desse horário, tudo isso acabará e poderemos viver em paz.
— Tá certo, mas... que horas são??
— Olha - apontou pra um relógio dourado na parede - são onze e meia da noite. Você tem meia hora.
De repente ouviram vozes vindo do corredor. Era o casal.
A menina mais velha tratou de se esconder embaixo de uma mesa e a babá voltou para a cadeira, fingindo ainda estar amarrada.
O casal entrou na sala, acompanhados da filha mais nova.
— Chegou a sua hora, minha querida - A mulher falou isso mostrando um facão grande e que brilhava, mesmo com pouca luz local para refletir.
Nessa mesma hora, todos ouviram um grito vindo do andar de cima. Era a voz de Vanessa. Os pais correram até lá e Amanda aproveitou para tentar fugir. Saiu da sala onde estava e foi até a cozinha na tentativa de sair pelos fundos. Lá ela pegou uma faca e tentou abrir a porta, que estava trancada.
— Pra onde você pensa que vai? - Disse o pai das meninas, já com o mesmo facão brilhante na mão.
Foi então que Vanessa apareceu chorando. A babá aproveitou que todos estavam olhando para a menina e correu em direção a eles, acertando a faca no pescoço do pai, matando-o. Correu rumo à porta da frente logo em seguida. Ela chutava a porta na tentativa de arrombá-la enquanto a esposa lamentava, no chão, a morte do marido. Com um olhar vingativo, a mulher levantou-se do chão com o facão na mão e correu rumo à babá, gritando de ódio.
— Cuidado, Amanda! - Vanessa gritou.
Ela virou-se e desviou por pouco do golpe.

Naquele momento deu meia noite.

Os móveis de luxo tornaram-se pó, as pinturas da parede sumiram, os vasos quebraram e toda a riqueza que ali existia evaporou. O chão então se abriu e formou-se um buraco em chamas que puxou o marido morto e a esposa, esta última que gritava jurando vingança. Então o buraco se fechou e pequenos pedaços do teto caíram em cima da babá e das duas meninas. A mansão estava prestes a cair, e foi o que aconteceu depois que todos sairam lá de dentro.
A babá e a menina mais velha se abraçaram, aliviadas. A mais nova não queria fazer parte daquilo, mas depois de ser convencida pela irmã, também juntou-se a elas.

Ainda hoje existem famílias amaldiçoadas e que fazem pactos com entidades malignas em troca de favores e riquezas. O mal ainda ronda esta Terra, basta olhar em volta para perceber que nenhum de nós estamos imunes a isso.
O mal vive entre nós. Cuidado!

Contos De Arrepiar - Uma Coletânea de Histórias de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora