"Somos anjos caídos, dessa maldade que nos consome."
Boa leitura.
=♡=
"Corro com os pulmões ardendo e meus cabelos em um ritmo desenfreado junto com meus movimentos, sinto o vento frio congelar cada parte do meu corpo descoberto, apenas meus braços livres do vestido branco que me cobria e me destacava na escuridão da noite. A lua brilhava com uma intensidade tão forte que resaltava minha pele branca e avermelhada pelo frio da noite. A barra do vestido estava toda enlamaçada, sinto meus pés descalços afundarem na lama, sinto que corro a muito tempo, nem ao menos sei o motivo de estar correndo, mas sei que preciso correr, como se minha vida dependece disso, então corro o mais rápido que posso.
Com os pulmões gritando por ar, o coração acelerado pela adrenalina e as pernas doendo de tanto correr sinto que podem me deixar na mão a qualquer momento, quando finalmente paro de correr estou em um lugar estranho, mas famíliar, um círculo com pedras em volta como lápides e em cada uma um desenho, na primeira: um anjo, na segunda: um demônio, na terceira: Um anjo sem suas asas, na quarta: um desenho que simboliza as trevas e na quinta: a Luz.
Tomada pela emoção me vejo no centro do círculo como se tudo dependesse de mim, mas logo sinto o medo tomar conta do meus sentidos. Meu vestido branco começa a ficar vermelho, sinto uma dor agonizante e percebo que o sangue é meu.
Levo minha mão até minha barriga onde está a ferida e caio no chão com meus longos cabelos formando uma cortina no chão e o sangue escorrendo em direção às pedras com a ajuda dos caminhos que parecem ser feitos exatamente para esse momento.
Vejo a figura distorcida de um homem com uma adaga na mão, não uma adaga qualquer uma adaga com desenhos de pentagrama e um anjo tendo suas asas arrancadas, a faca estava manchada de sangue o meu sangue logo seu sorriso diabólico aparece e é a última coisa que vejo antes de apagar na escuridão eterna."
Acordo assustada, com a respiração em descompasso passo a mão no rosto e vejo o quão estou suada olho ao redor do quarto e vejo uma silhueta onde a pouca iluminação da janela aberta atinge. Pisco os olhos com força para ter certeza do que estou vendo, mas quando os abro novamente não há nada.
Passo a mão pelos lençóis e vejo que está encharcado de suor, levanto cambaleando pelo sono e acendo a luz, tiro toda a roupa de cama e coloco outra.
Olho no relógio e já são cinco e meia da manhã o sol ainda não nasceu, vou para o banheiro e tomo um banho gelado para me recompor do pesadelo que acabara de ter, na verdade esse sonho me consome todas as noites desde meus nove anos, quando perdi meus pais em um acidente de carro, onde a unica sobrevivente fora eu.
Depois do acidente passei a morar com minha tia Lúcia e minha prima Cristina que me tratam como filha e irmã. Na verda elas são a única família que tenho e me ajudaram a superar os medos, mas esse medo que nem ao menos sei do que é nunca consigo superar e eu preciso descobrir o porque desse sonho maluco, o porque eu vejo coisas estranhas e inexplicáveis. E algo lá no fundo me faz acreditar que será aqui nesse novo começo que irei descobrir.
Termino meu banho e coloco um vestido rosa justo no busto e soltinho na saia com meu tênis branco.
Alisei meu cabelo, longo e castanho escuro que vai até a cintura, tirando os cachinhos das pontas fiz uma maquiagem leve só pra tirar as olheiras de uma noite mal dormida e um batom nude pra combinar.
Quando terminei já eram 06:20 as aulas começam as sete peguei minha mochila e coloquei meus cadernos e os livros novos que tia Lúcia comprou ontem após a reunião com o diretor Pickins.
Desço as escadas em direção a cozinha onde minha tia termina de preparar o café deixando nossa mesa farta.
Lúcia: Acordou cedo querida.-Diz minha tia com sua voz doce.
Eu: Não consegui dormir direito.-Peguei um pedaço de bolo.
Lúcia: Por que?-Ninguém além de mim sabe dos meus pesadelos constantes então sempre que tenho uma noite mal dormida minto.
Eu: Acho que ansiedade por começar o semestre em uma nova escola em uma nova cidade.
Lúcia: Você vai se sair bem, vai arrumar amigos novos.-Ela acariciou minha bochecha.-Você é meu anjo.-Estremeci com a palavra anjo me lembrando do sonho.-Tudo bem?
Eu: Sim, tudo bem.
Lúcia: Sua prima como sempre atrasada.-Ela gritou chamando por minha prima que logo desceu as escadas.
Tia Lúcia e Cristina são incrivelmente parecidas com os cabelos castanhos claros o rosto mais fininho no queixo e lógico que tia Lúcia ganha uns pontos a mais por ser uma mãe jovem ela se passaria muito bem por uma irmã mais velha no auge de seus 33 anos.
Cristina: Até parece que eu nem faço parte dessa família.-Disse ao nos ver abraçadas.
Lúcia: Para de ser boba Cristina.-Ela deu um beijo na testa da mesma ao sair da cozinha.-Ajude a Manu a socializar e fazer amigos.
Eu: Tchau tia.-Ela respondeu enquanto abria a porta e saia.
Cristina: Nem vai dar tempo de tomar café.
Eu: Se você não demorasse tanto.-Revirei os olhos enquanto olhava as horas no celular.-Vamos chegar atrasada.
Cristina: Bobagem, é o primeiro dia de aula em uma nova escola temos que causar impacto.-Disse enquanto entrava em seu carro e girava as chaves.-Você tem que causar impacto Manuela é seu terceiro ano tem que ser o melhor.
Eu: Não sei como, não sou boa em fazer amigos, a única amiga que tenho é você e infelizmente você não está na mesma turma que eu.
Cristina: Você vai fazer amigos rapidinho vai ver só, com essa beleza os meninos vão babar.
Eu: Até parece, Não sou igual a você com os cabelos lindos hidratados, a pele sempre bem tratada o rosto sempre perfeito.-Olhei pra ela.-Eu pareço uma batata.
Cristina: Manuela.-Ela começou a rir.-Você é linda, tem um cabelo lindo e só não é magrinha porque tem muito corpo, tem a bunda grande os seios grandes então pare de se menosprezar ou vou te dar um tapa.
Quando percebi ja estávamos no estacionamento da escola. Onde ha bem poucos alunos já que o sinal ja tocou. Assim que sai do carro peguei meu horário e me despedi da Cris.
Fui até meu armário atraindo alguns olhares dos poucos alunos que restam nos corredores. E para a minha sorte meu armário é de um dos ex jogadores do time de futebol ou seja o espaço é enorme e também é bem ao lado do vestiário dos meninos.
Guardo minha mochila e pego os cadernos que vou usar e os livros das aulas que terei hoje e fecho o armário.
Quando me viro pra ir pra sala de aula do de encontro com alguém e acabo derruando todo o meu material no chão.
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Fragmentos do Pecado
Fantasy"Quando anjos pecam, nasce o fruto de um pecado imperdoável, deixando assim fragamentos de um dos mais puros dos sentimentos o amor que aos olhos de outros é o crucial e condenado pecado." Manuela uma garota simples de uma cidade pequena no colorado...