Cap.1

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-Mãe?

Nada..

-Mike?

Nada novamente...

Desci as escadas da minha imensa casa em relação ao meu tamanho de criança. Ao entrar na sala olhei ao redor e gritei:

-Papai?

Nada novamente... Mesmo assim insisti:

-Papai, tenho um doce para você.

 Nada ainda... Achei estranho, o meu pai amava doces quase do mesmo modo que amava a mim e a mamãe, ele viria correndo de imediato, estava tudo escuro então me direcionei para a cozinha e resolvi fazer um lanche, as vezes eu acordo de madrugada com fome e minha empregada sempre deixa um lanchinho pronto para mim dentro da geladeira.

 Olhei no relógio da cozinha e eram 6:30 da manhã, achei estranho a casa estar naquele silêncio constrangedor, todos acordavam exatamente às 6:00 menos eu e o Mike e por isso fiquei confusa, então eu voltei para a sala e liguei o som no volume mais alto e me surpreendi.

NINGUÉM foi lá me repreender e reclamar do barulho, foi aí que eu percebi, meus pais deixaram uma garotinha de 6 anos de idade sozinha em casa e o meu irmão havia sumido.

  Voltei para a cozinha e então notei um bilhetinho feito pela mamãe avisando que ela estava no jardim com o papai, e o Mike saiu cedo para fazer um trabalho portanto fechou a casa para que eu não acordasse muito cedo sem necessidade.

 É óbvio que eu não acreditei nesta desculpa esfarrapada, a mamãe nunca faria isso, ela abriria ao menos uma janela e o meu maninho não acordaria cedo nem se o mundo estivesse prestes a acabar.

 Provavelmente ela foi resolver algo muito sério de última hora, não chamou nem uma babá.

  Depois de um tempo ouvi barulhos, como se alguém estivesse sendo perseguido, haviam gritos e uma das vozes eram da minha mãe, então ouvi um ruído, ou alguém quebrou um galho com o pé em um lugar com MUUITO eco ou eu realmente ouvi um tiro...

-Ô Katherine eu não acredito que você conseguiu acordar mais tarde que o nosso gato Miles.

 Uma voz ao longe muito conhecida me chamava e eu sentia como se estivesse sendo balançada até que...

-AAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

-Só assim pra você acordar.

-Precisava mesmo me jogar cama a baixo Mike? Eu poderia ter lascado a cabeça sabia?

-Deixa de drama e levanta logo daí, a mamãe está chamando, você sabe como ela fica quando alguém se atrasa para o café da manhã.

-Tá bom, desço daqui a 10 minutos.

-Você não tem nem 10 segundos quanto mais isso tudo, veste uma roupa, ajeita esse cabelo e desce o mais rápido que você conseguir.

-Mamãe e suas etiquetas. Vocês não podiam tomar o café de vocês em paz e me deixar aqui quieta?

-Sabe o que a mamãe pensa disso e além do mais essa foi a condição para que você pintasse as pontas do cabelo de roxo não foi?

-Que droga! Já estou indo.

  Eu vinha de uma família muito rica e cheia de regras de etiqueta, comportamento, vestimentas, dentre outras coisas mais. Nunca gostei dessas coisas, achava muito patricinha para o meu gosto, meu irmão nunca se importou, afinal ele era o filhinho da mamãe e o mais folgado.

  Minha família era cheia de segredos e eu sabia disso, eu sentia isso, talvez eu tenha herdado a curiosidade e a intuição do meu pai, eu não falava muito com a Sra.Mads, como todos chamavam minha mãe, e nem ela comigo, então, se eu quisesse saber de algo teria que descobrir, mas eu só tinha três pontos de interrogação:

 1-Como será que o meu pai morreu? 2-Porque a mamãe pediu para encerrar o caso? e 3-Como a minha mãe era antes do casamento com o papai?

Caso (não) EncerradoOnde histórias criam vida. Descubra agora