A Lenda De Tarum

A Verdade Dói

Melly

Acordei com uma dor de cabeça horrível, olhei em volta e estava em um quarto que não era o meu, lembrei-me de tudo o que aconteceu na noite anterior, o homem querendo me matar, caio me salvando e me sequestrando, e o acidente , lembro-me dos vidros cortando a minha pele e penetrando cada vez mais me fazendo ficar agoniada, olho para meus braços e não vejo nenhum arranhão, isso é impossível eu me lembro de tudo o que aconteceu eu vi o sangue jorrar, olho para o lado da minha cama e vejo uma cama vazia e desarrumada, caio provavelmente esteve aqui, paro para olhar o quarto em que estou, ele aparenta ser bem antigo, as paredes tinham um leve tom de marrom escuro com algumas fotografias de flores penduradas, as janelas eram ovais o que diferenciava o quarto, nela possuía duas persianas Vermelhas e longas que se arrastavam no chão, do lado de cada cama tinha um criado mudo com uma jarra de água e um copo, perto da cama tem uma porta que se dava ao banheiro, entro e fecho a porta, na parede do banheiro tinha um espelho enorme pendurado, começo a me olhar e vejo que estou com apenas com uma camisa social bordô enorme que caía como um vestido curto pra mim e então começo a lembrar do acidente, lembro de cada caco de vidro cortando minha pele, começo a desabotoar a camisa e não vejo nenhum arranhão nem se quer uma cicatriz, o que estava acontecendo? eu estava buscando respostas mas só acumulava mais e mais perguntas, tiro a camiseta e a jogo no canto do banheiro, entro no chuveiro e ligo na água gelada, e deixo que a água leve pelo ralo cada dor que minha alma carrega, o que acaba tirando um enorme peso das minhas costas e me deixa menos desconfortável, desligo o chuveiro e coloco novamente a camisa enorme que me restou, começo a me questionar como fui parar com apenas essa camisa? será que caio tinha tirado minhas roupas? não queria nem imaginar isso, saio do banheiro e vejo Caio sentado na cama sem camisa, e então o observo por alguns segundos, suas costas estavam cheias de cicatrizes e pude ver em seu corpo arranhões do acidente da noite anterior, como que poderia ele estar com tantos arranhões e eu não possuir nenhum? as feridas que ele possuía eram bem graves.

-Gosta do que vê? -Pergunta Caio me tirando do meu transe

-Ah eu.. que cicatrizes são essas? -Desvio de sua pergunta

Acho que ele se sentiu desconfortável depois dessa pergunta, ele pega sua jaqueta e a coloca cobrindo as suas cicatrizes.

-A gente precisa arrumar um carro se quisermos sair daqui -Diz ele levantando da cama e olhando para mim

-E estamos exatamente onde?

-Bem vindo ao Deserto do Atacama

-Que? estamos muito longe de casa, como vamos voltar?

-Não vamos voltar, Tarum fica a 5 dias daqui

-Que se dane Tarum, eu quero ir pra casa

-Você não tem escolha

-Não tenho escolha? eu vou ligar para John -Digo pegando meu celular no bolsa

-Você não vai fazer isso

-Ah eu vou sim

Caio pega meu celular e joga no chão pisando em cima com foça, o quebrando em vários pedaços.

-Você tem algum problema? -digo bufando de raiva

-Você é meu problema

-O que você quer de mim?

-Você não entende não é? Você faz parte disso, parte do ritual , sua mãe não lhe contou nada não é mesmo?

-Minha mãe não conseguiu me contar, por que um cara idiota com um colar igual o seu a matou antes que ela pudesse me contar algo -Digo aumentando minha voz e então começo a chorar e desmorono