Two: Love

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Aconteceu em uma noite. Por isso agora eu odeio quando escurece. Você tremia e gritava. Eu não podia fazer nada. Só te observava aflito. Os médicos já tinham te sedado duas vezes só naquela terceira semana internado. Mais uma dose e poderia... Te machucar. Mas você já estava.

Honey, você gritava por mim. Me chamava. Talvez eu soubesse o que você queria.

Ignoro os enfermeiros dizendo que era melhor eu ficar do lado de fora e adentro no seu quarto.
Era um protocolo muito delicado, mas de certa forma, "aprovado." Me perguntaram se eu tinha certeza. Eu nem sentia a coragem. E não, eu não tinha certeza.
Sentei ao pé da cama e chorei. Os enfermeiros se retiram.

Por que tinha que ser você? Tão puro... Não merecia esse fim!
Lee Jooheon, eu te amei o suficiente para me tornar egoísta.
Te manti sofrendo naquela cama de hospital por longos sete meses.
Eu tinha esperanças de você melhorar num passe de mágica, de uma fada madrinha aparecer e te curar...

Me perdoa? Eu sinto muito. O seu aniversário tinha chegado, comprei um bolo, mas você não conseguia comer direito, era difícil de engolir.

Um dia depois do seu aniversário, você pegou pneumonia. Você ficou pior do que já estava.
Era uma situação crítica? Se sim; eu não fiz nada enquanto você morria aos poucos.

Honey, você não morreu porque os médicos eram incompetentes.
Você não morreu pela Doença de Huntington.
A pneumonia fez seus pulmões fracos pedirem descanso. Eles imploravam ppr descanso. Você precisou de aparelho respiratório. Era horrível ver você todo inteligado por aparelhos.

♤♤♤

Passei dois dias fora. Os enfermeiros até estranharam, mas entenderam. Mas eu precisava pensar. Visitei Yoon JeongHan, não o via a meses por causa da viagem dele de intercâmbio. Então contei nossa situação e ele me consolou. Ele é inteligente, me ajudou a organizar minha mente, me apoiou.

JeongHan foi ao hospital comigo e esperou do lado de fora do seu quarto. Os médicos já estavam cientes do que eu faria. Abri a porta e te vejo na cama, dormindo.
Você já não ficava tanto tempo acordado. Afinal, não tinha tanto o que fazer em um quarto de hospital, tinha?

As lágrimas escorriam. Era isso mesmo que eu queria? E se achassem uma cura para você, Honey?

Entrei e tranquei a porta. Olhei você por vários instantes, vendo sua dificuldade para respirar. Seu rosto pálido, suas mãos magrinhas... Dei vários beijos em suas bochechas.
Acariciei seus cabelos. Eles continuavam macios como sempre. Ah, Honey, você estava muito cheiroso. Com cheirinho de sabonete de bebê.

As lágrimas já embaçavam minha visão. Me recordava de tudo, de todos os meus momentos ao seu lado.

Os sorrisos, as lágrimas de emoção, os planos para a velhice. O casamento! Parecia tudo tão perfeitamente projetado e se esvaiu como se nunca tivéssemos pensado. Parecia distante, porque era distante. Nunca iríamos adotar uma filhinho, nem veríamos os primeiros passos dele, juntos. Porque você não estaria mais aqui.

Meus olhos mudam a direção.
Agora eu olhava o botão ON/OFF do aparelho respiratório.

Você iria para um lugar melhor, Lee Jooheon. Você teria felicidade de novo.

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