capítulo 3

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Não poderia ser isso, meu precioso bebê, maldita Elisa, agora além de ter que mandar arrumar o meu carro teria que arrumar o carro de um estranho. Gastar mais dinheiro? Esse nem é o problema, o problema mesmo é ter que encarar o dono do carro, e como explicar a ele que bati em seu carro por falta de atenção ou por estar indo atender um ligação? AAAAA isso é péssimo.

Foi olhando para frente que o desespero bateu ainda mais forte, havia algumas pessoas saindo do elevador que dava acesso ao estacionamento, começo a pedir aos céus para que nenhum deles sejam o dono do carro a minha frente, porém tudo começa a piorar quando o Deus grego de hoje de manhã começa a vir na direção do carro batido.

Abaixo a cabeça no volante para não ter que olhar para ele, o destino só poderia estar brincando comigo, o carro não poderia ser de alguma velha resmungona desse prédio? Logo escuto umas batidas no vidro do meu carro, mas ao invés de fazer o que uma pessoa normal faria, que é sair do carro e ter uma conversa civilizada, eu apenas me encolho mais e rezo uns quatro pai nosso antes de tomar qualquer atitude. Talvez isso seja apenas um sonho? A esperança que tive foi para o ralo quando ouço mais batidas no vidro, porém mais fortes.

Devagar vou levantando a cabeça e quando meu olhos vão de encontro ao do Deus grego, apenas forço um sorriso amigável e receosamente vou abrindo a janela do carro.

- Algum problema senhor? - lhe pergunto.

- Talvez o meu problema esteja bem na frente do seu carro. A onde a senhorita estava com a cabeça para bater com essa sua lata velha no meu carro? - disse grosseiro.

- Desculpe, mas do que o senhorito chamou o meu bebê? - quem ele pensava que era para chamar o meu precioso de lata velha?

- Além de desligada é surda?

- Ei olha o respeito queridão, quem você acha que é pra falar assim comigo? Além do mais meu carro não é nenhuma lata velha, ok? - digo descendo do carro já com sangue nos olhos, boa para descer o cacete nele - Além do mais foi apenas uns arranhões, não se preocupe que eu pago. Qual foi? Nunca aconteceu um pequeno erro de cálculo na hora de estacionar? Manda arrumar, e eu pago ok?

- E agora como é que eu vou sair com o meu carro desse jeito? - questionou já irritado.

- Táxi ué. - pego minha bolsa e travo o carro - Mande a fatura para o apartamento 264.

Mando um beijinho pra ele e saio correndo em direção ao elevador, por sorte o mesmo não demorou a abrir, e o bonitão ficou lá parado incrédulo com o ocorrido.

Como eu consegui dizer tudo aquilo sem perder o juízo? Eu não sei, não aceito de jeito nenhum que falem mal do meu carro. Quando ouvi a palavra lata velha, só conseguia ver os olhos dele para fora e a língua em um perfeito nó, porque era isso que eu iria fazer com ele se meu lado mais civilizado não estivesse me controlando.

Adentro meu apartamento furiosa com o ocorrido jogando minha bolsa em qualquer canto da sala.

- IMBECIL, ESTUPIDO, MISERÁVEL! QUEM ELE OUSA PENSAR QUE É? UM DEUS GREGO -grito para a porta. - BABACA!

Elisa aparece na sala com a cara toda verde, provável que era alguma máscara para a pele, e sem entender nada do que estava acontecendo.

- Mas tão lindo... - digo deitando no sofá.

- DA PRA ME EXPLICAR ESSA BERRACEIRA TODA DENTRO DESSE RECINTO DONA CHARLOTTE? QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FALANDO?

- Irmã estou encrencada e não é pouco. Quando me ligou, ocorreu que por ventura sua amada prima aqui resolveu atender manobrando o carro, e digo que foi a pior escolha. - me ajeito no sofá.

- Caramba! - fala tentando segurar o riso e indo em direção ao banheiro.

- Palhaça vai ser f...-

- Inclusive acho que a vizinha da frente é "vizinho". E por sinal ele é bem lindo.

- Deve ser casado, já te falei, a mulher dele geme que nem uma louca.

- Sim tu já me disse porém eu não sou burra já olhei logo pra mão dele. E olha que interessante, não havia um sinal de aliança.

Ela me cutuca várias vezes com aquela cara de "vai que é todo seu", ela só pode estar louca.

- A nem vem! Pode desfazer essa carinha, chega de homens, meu foco é ficar mais rica do que já sou, pode ficar pra você.

- Não posso...- diz ela meio triste.

- Ué? Por que não pode? Não entendi - falo indignada com aquilo.

Sempre tão linda, tendo um charme de outro mundo, conquista milhares de homens com apenas um sorriso, como ela ousa falar que não pode. Ele era solteiro certo?

- Ele é meu chefe!

Mr.ProblemOnde histórias criam vida. Descubra agora