Capítulo 1 - Eu, Amanda

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Capítulo 1 – Eu, Amanda

     “O príncipe e a princesa se casaram e viveram felizes para sempre, em um castelo magnífico no reino encantado”. Ok, ok. Chega de baboseiras. Nem todas as histórias são assim, e se eu fosse reescrever essa frase, ficaria mais ou menos assim: “O príncipe e a princesa iam se casar, quando a rainha má lançou uma maldição para enviá-los à outro reino...”
     Minha vida não é das mais fáceis, mas eu convivo com ela todos os dias, e já me acostumei com o destino que ela me dá. Nesses doze anos que eu vivi, aprendi várias coisas, como fugir de alguns dos seus parentes para não passar vergonha com a bendita da pergunta “E o namoradinhos?”
     Tudo começou quando eu era uma bebê, simples, fofa e encantadora, como todos os outros projetos de adultos. Passou um ano, passou dois, e tudo continuava normal na minha visão do meu pequeno mundo de criança. Nem imaginava que um dia eu estaria do jeito que estou hoje, pensando as mesmas coisas que eu penso e fazendo as coisas que faço. Não duvido que com outras crianças também será assim.
     Se tem uma coisa que, felizmente, crianças não pensam muito, é o amor. Até os 9 ou 10 anos, você só tem amigos e amigas, depois disso, fica mais difícil pensar só em amizade por um tempo. A escola não ajuda muito, porque quando você entra no atual Ensino Fundamental ΙΙ, a puberdade cai de paraquedas, e você começa a querer se cuidar sozinho, mandar no seu próprio nariz, para simplesmente mostrar aos seus pais que você consegue ser responsável sem eles, o que é difícil.
     Eu sou uma menina normal, que acabou de entrar no sétimo ano (na verdade faz 3 meses), e está completamente perdida em meio as pessoas do corredor da escola, que são gigantes em comparação a mim, e se tem uma coisa que eu também aprendi, foi não ficar muito perto do ensino médio. Essa escola não é nova para mim, já tenho muitos amigos, mas as vezes em meio a todos eles, me sinto solitária.
     Minha melhor amiga, Daniela, a rainha dos ciúmes e do drama, está sempre ao meu lado, mas eu não entendo como as coisas mudam tão rápido, ela gosta de um menino, o menino gosta dela, e eu gosto de um menino que nem me percebe. Eu falo que ele não gosta de mim, mas a Dani não concorda, e ainda sim fica xingando ele toda hora. Vai entender né?
     Minha matéria favorita, atualmente, é matemática. Eu sei, eu sei, podem pensar que eu sou a nerd da sala (sem ofensas aos estudiosos), mas não sou, minhas amigas são mais estudiosas que eu, mas em compensação, sou boa em inglês, matemática e ciências. Em inglês, modéstia à parte, mas tenho que dizer que sou boa. Nunca fiz um curso, mas fiz aulas online, e também presto atenção que só.
     Eu entro na sala, como todos os dias normais da minha vida, coloco minha bolsa ao lado da minha carteira que, aliás, é encostada na parede, sendo portanto o pior lugar para alguém sentar. Mas continuo sem me preocupar, saio da sala, porque ninguém chegou ainda (eu estudo à tarde, tá?), e vou para a cantina comprar alguma coisa. Encontro minha amiga, Dani, correndo para me abraçar e, como sempre, me contar alguma coisa. Aquele plano de ir na cantina já era, mas fico feliz de ter alguém para ficar comigo.
     Eu conheço a Dani, ela vai me contar alguma coisa sobre o amor verdadeiro dela. Ela começa:
     - Amanda você não acredita no que aconteceu hoje aqui na escola!
     - Calma, calma. Fala devagar e pausadamente. Eu não vou fugir e nem sua boca vai sair do seu rosto, ok?
     - Amanda, eu dei um beijo na bochecha dele.
     - Meu Deus do céu, Daniela, você sabe o que você fez, menina?
     - Sei, sei, não precisa se preocupar, eu já tinha feito isso. Ah, e outra coisa, amanhã eu vou conversar com ele tá?
     -  Que horas?
     O sinal tocou e ela não me respondeu. Nós fomos para a sala e eu fiquei pensando naquilo que ela tinha dito de conversar. Será que... Não, ela não faria isso... A professora me chama e eu tinha esquecido completamente que estava no meio da aula de história:
     - Amanda Cristina, onde nós estamos lendo?
     - Professora, me desculpa, é que aconteceu uma coisa muito triste na minha casa e eu estava pensando.
     Nunca minto para minhas professoras e professores, mas é que eu precisava dessa vez, não queria ser marcada na lista de comportamento. Eu sei que a professora entende, se ela não acreditou na mentirinha.

     
  
    
    



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