Capítulo 3 - Nada funciona

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Terça, 22 de maio

Sempre que eu vejo que o Lucas e a Dani estão se dando bem, eu fico feliz. Ao contrário da Carol, que fica com aquela cara de nojo. Às vezes, eu sinto dó dela por ela ser assim.

Agora eu estou no meu quarto falando com a Dani no celular. Ela me convidou para ir na lanchonete e eu aceitei. Eu sei que aconteceu alguma coisa.

Dani – Hey Amanda! Vem cá!

Eu – Tô indo, tô indo.

Dani – Você sabe o babado do momento, miga?

Eu – Acho que sei, é sobre a torcida da escola?

Dani – Não. É uma coisa bem melhor que isso. A Carol terminou com o namorado dela!

Eu – Não. Acredito. Nisso. Sério?!

Dani – Eu tô falando! Aquela metida aprendeu uma lição.

Eu – Ok, mas nós não podemos ficar aqui o dia todo né? E as provas? Eu tenho que estudar!

Dani – Tá bom então, eu também, tchau!

Eu lembro da ligação que a mãe da Dani fez para ela na festa, e pergunto sobre o que era.

Dani – Ah, claro. Meu irmãozinho passou muito mal e desmaiou. Ele acabou sendo...

Ela começa a chorar e depois continua, mesmo sem forças.

Dani – Ele acabou sendo internado. Minha mãe está lá com ele e eu estou com a Rosa, a moça que cuida de nós. Ele está muito mal e respirando com a ajuda de um equipamento.

Eu – Sinto muito – falo isso enquanto choro e também abraço ela.

Eu fui logo correndo para casa. Não fico muito surpresa quando minha mãe me chama e eu vejo ela me esperando no sofá da sala. Eu sei que é coisa séria.

Mãe – Filha, eu preciso te contar uma coisa.

Eu –Ai meu Deus, o que aconteceu?

Mãe – A sua tia Gabi, minha irmã, faleceu.

Nesse meio tempo, ouço minha mãe soluçar. Tia Gabi era o máximo, brincava comigo sempre que dava para vir aqui, o que era complicado, pois ela morava em Orlando.

Eu – Sinto muito, mãe. Desculpa, eu preciso ir estudar. Desculpa mesmo.

Levanto do sofá e ando em direção ao meu quarto, mas nisso a minha mãe me puxa novamente para ela.

Mãe – Filha, não vai dar para você ir para a escola essa semana, nós vamos viajar.

Eu – Mas mãe...

Mãe – Desculpa filha, não posso te deixar aqui, você só tem 12 anos meu amor. Vamos no velório da sua tia em Orlando.

Levanto chorando do sofá, pois não quero perder a semana de provas. Minha mãe não entende, eu preciso... Preciso ficar... O plano de estudos não funcionou. Na verdade, nada funciona na minha vida. A viagem será amanhã, e nem arrumei minhas malas. Droga.

Quarta, 23 de maio

Bom, eu estou no avião, com um homem encostado no meu ombro, dormindo. E o pior, eu não contei nada disso pra Dani. Ela vai me matar quando eu chegar, e matar é pouco.

Depois que tudo isso passa, eu vou para casa, e a primeira coisa que eu faço é explicar o que aconteceu para a Dani e minhas outras amigas, sem esquecer a diretora. Minha amizade com a diretora não está das mais boas depois que eu gritei na sala dela, o que não melhora minha situação. A Dani entendeu e nem me matou. Sorte minha.

As coisas depois disso continuam bem e nada inesperado acontece, como a viagem à Orlando. A Carol arruma outro daqueles namorados e a Dani, por incrível que pareça, dá o seu primeiro beijo, o que pode ser estranho para uma menina de 13 anos, mas a mãe dela levou numa boa. Se passaram incríveis DOIS anos depois disso, e foi muito rápido. O menino que eu gostava agora é o atual namorado da Carol. Isso me incomoda um pouco, mas não tanto agora que estou no 9° ano e já tenho 14 anos. A novidade é que eu gosto de um menino incrível que, dessa vez, também sente o mesmo por mim.

Eu, AmandaOnde histórias criam vida. Descubra agora