Rubra A Novata...

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Castiel! Lysandre! Ajudem! – gritou Rosalya ao longe. Correndo como uma condenada.
   - Que aconteceu? – perguntou Lysandre preocupado ao ver o desespero de sua futura cunhada.
   - O Dakota... – começou ela ofegante – Ele vai bater na Violette!
   - Por quê?!
   - Ela esbarrou sem querer nele, e ele ficou furioso! Derrubou todos os desenhos dela! Eu fui ajudar, mas ele me empurrou! Ele vai espanca-la!
   - Só por esse motivo?! – perguntou Lysandre inconformado. Sendo ele e o ruivo puxados por Rosalya.
   - Para um covarde como ele qualquer motivo serve! – falou Castiel convicto.
   Geralmente Castiel não se envolvia nos “assuntos” de Dakota, porque sempre fora encrenqueiro. Ele podia não ser santo, mas não era otário a ponto de bater nas pessoas por qualquer coisa. Principalmente em mulheres. Ele tinha seus princípios. E também não suportava Dakota, nem pintado de ouro.
   - Rápido! Eles estão lá no jardim! – falou Rosalya fazendo os garotos a seguirem.
   - Saco! Aquele mauricinho metido não podia esperar dois dias? Tinha que me arrumar dor de cabeça logo no primeiro dia de aula! – disse o ruivo furioso.
   - Castiel, Violette é nossa amiga! – interviu Lysandre
   - Ela é amiga de vocês não minha! – retrucou ele – Tenho certeza que vai sobrar bronca do cachorro do capeta pra mim nessa, graças aquele desgraçado!
   Era por isso que ele não se envolvia com Dakota. Além de detestá-lo, a culpa sempre caía sobre ele. Nem se lembra de quantas vezes o inspetor Marcus – o Carrasco daquele inferno – o mandava para a diretoria mesmo sem culpa alguma, quando na verdade o culpado era Dakota. Castiel já levava detenção da cadela de graça, e não estava a fim de levar outra. Depois de várias visitas a sala da diretora, não sequer argumentava mais com a esposa do demônio. Não adiantava.
   Merda! Não estava nem um pouco a fim de se envolver. Mas bater numa garota, ainda mais na Violette que não tem boca nem braço pra se defender. Não tinha outro jeito. Eles estavam se aproximando do jardim atrás do prédio onde ficavam os clubes de artes quando Castiel vê algo se movendo.
   - Mas o quê...?

                                                                               ~Ӂ~

   Os três pararam bruscamente quando viram Dakota, ele estava a ponto de socar a cara da Violette. Já tinha levantado o braço juntando força suficiente pra estraçalhar o nariz da menina quando um vulto veio por trás. 
   Castiel não acreditou no que vira: alguém de capuz e óculos escuros agarrou o rabo de cavalo louro do otário agressor de garotas e com apenas um braço o puxou para trás fazendo cair no chão. Antes que Dakota tivesse tempo de se levantar, a pessoa num giro o chutou no rosto fazendo o nariz dele sangrar. Então parou de costas para o louro e esperou. Foi quando a visão se tornou clara e bizarra: De frente parecia um rapaz, ainda mais com aquele capuz, mas de perfil, o corpo era de uma garota. Uma garota acabara de derrotar o mauricinho metido, e fizera bonito, sem nenhum esforço.
   Lysandre e Rosalya encararam o corpo da salvadora pasmos. Como uma garota teria força para agarrar e derrubar um cara do porte de Dakota com uma mão apenas? Castiel teve vontade de rir do louro retardado apanhando de uma garota. Mas essa passou quando viu os comparsas de Dakota se aproximando, para ajuda-lo.
   O louro se levantou com fúria, estava prestes a matar seu agressor.
   - Seu desgraçado! – gritou ele sem saber ainda que o individuo de capuz na verdade era mulher. 
   A garota estava de costas para ele olhando para Violette, que se agachara e estava preste a ter um ataque de pânico. Colada na parede do prédio tremendo dos pés a cabeça. Suas mãos suavam e ela não conseguia dizer uma palavra sequer. Encarava o ser que acabara de salvá-la da surra completamente catatônica. 
   O que acontecera? A realidade virara pesadelo através da brutalidade do louro maníaco. E agora bem diante de seus olhos o pesadelo se transformara em sonho. Há dois segundos Violette olhava para a mão de Dakota se afastando um pouco de seu campo de visão para atingi-la e agora ele fora puxado para trás por alguém.
   E esse alguém o chutara na cara. O “alguém” a salvara da mão do agressor louro e descontrolado.
   - Você está bem? – disse o “alguém” na sua frente, fazendo Violette perceber que o que presenciara era real. Aquela pessoa realmente estava ali. Era uma garota e a havia ajudado. – Ele te feriu? – indagou a voz feminina.
   Violette negou com a cabeça. Foi tudo o que conseguiu fazer.
   - Recomponha-se! – ordenou a garota. Num tom tão tranquilo e ao mesmo tempo cheio de poder e autoridade. A voz da garota e sua confiança deram a sensação de proteção que Violette nunca sentira antes. Tirando-a daquele limbo, trazendo-a de volta a realidade. 
   Então ela viu Dakota se levantar com cólera para atacar sua protetora. Ele iria soca-la, com muito mais força do que na primeira vez quando estava prestes a socar Violette. 
   - Vai bater em mulher Dakota? – Castiel interviu parando a mão do mauricinho metido. Ele era bem mais forte que ele e rapidamente o empurrou para trás. E socou os comparsas dele assim que se aproximaram para ataca-lo.
   Lysandre se posicionou ao lado dele, não era a favor de luta, mas no estado assassino de Dakota sabia que não teria escolha senão ajudar o amigo. Rosalya correu para Violette que ainda estava agachada encarando a garota encapuzada. Esta se virou para olhar a luta na maior naturalidade com as mãos nos bolsos do casaco preto azulado. Quem era aquela garota meu Senhor?!
   - Não se mete nisso Castiel! – berrou Dakota em posição de ataque, acompanhado de seus fieis cães. Fitava-o explodindo de raiva. Odiava perder para aquele ruivo, na verdade, ele odiava perder.
   - Por quê? – desdenhou o ruivo, se divertindo por dentro – Tá com medo? – aquele comentário enfureceu ainda mais seu rival. – Eu sabia que você era otário, mas não ao ponto de bater em garotas!
   - Esse desgraçado quase me deixa careca! – berrou.
   - Não se preocupe... – disse a garota se pondo ao lado do ruivo – Na próxima eu te deixo sem cérebro, se é que você tem um – o tom de escárnio se fez presente na voz dela, misturado com uma completa indiferença.
   - Você é uma garota? – perguntou um dos paspalhos que estava atrás do louro. Ele tinha cabelos e olhos negros.
   - Não pode ser! – exclamou o mauricinho chocado.
   - Pois é... – sorriu Castiel descaradamente – A triste verdade... embora não triste pra mim.
   - Ela me pegou de surpresa foi isso! – rebateu o louro psicopata enfurecido.
   - Não precisa se explicar – disse o ruivo calmamente – Nós vimos tudo. – então riu.
   A garota se manteve em silêncio, olhou envolta e viu que a situação não dependia mais dela. A garota de cabelos roxos não estava mais sozinha. Não havia mais nada o que fazer ali. Então virou para sair. Deu o primeiro passo. 
   - Não tão rápido sua... – começou Dakota atirando-se para agarra-la. Mas a mesma desviou com mais um giro, rodopiou com o pé esquerdo apoiado graciosamente e parou de frente para seu oponente. Mantinha as mãos nos bolsos, mas sua posição era de ataque.
   - MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!
   Todos se viraram para olhar o inspetor de alunos que se aproximava furiosamente do grupo no jardim. Marchava agora em sua direção com pés de fúria. O Carrasco chegara para levar as almas ao purgatório. 
   - Esse ruivo idiota me agrediu sem motivo! – acusou Dakota com seus cumplices em concordância.
   - Mentira! – gritou Castiel. Sabendo que Dakota nunca assumiria ter apanhado de mulher. 
   - Sinceramente Castiel! – começou o inspetor, ignorando o comentário do ruivo – Logo no primeiro dia de aula!
   - Castiel não fez nada. – disse Lysandre tentando acalmar a situação e principalmente o ruivo.
   - É verdade inspetor! – gritou Rosalya. 
   - Se não foi ele que fez isso com Dakota então quem foi?!
   Todos olharam para a garota encapuzada, que não disse nada. Apenas encarou o inspetor com as mãos no bolso. Seu rosto sem expressão, pelo menos o que eles podiam ver dele, já que os óculos da garota tampavam praticamente todo o redor dos olhos.
   - Foi você? – indagou o Carrasco furioso – e então, não vai dizer nada?
   - Eu bati nele. – falou naturalmente. Fazendo o mauricinho metido corar de raiva – Mas não fiz sem motivo, como ele disse. – continuou com a voz tranquila, ignorando completamente os comentários ao seu redor.
   - E que motivo faria você atacar um colega?! – indagou o Carrasco petulante.
   - Ele não é meu colega... – disse ela indiferente.
   - E por isso...
   - E-Ele queria me bater! – falou a garota de cabelos roxos surpreendendo o inspetor. – Ele ia me bater, ela só me defendeu!
   - Mentira! – Gritou Dakota.
   - É verdade! – falou Rosalya – Nós vimos! Se não fosse por ela, Violette teria sido espancada!
   O louro quis contradizer, mas o inspetor apenas o mandou calar a boca enquanto Rosalya e Lysandre contavam o ocorrido. Violette ainda ofegava, mas não parecia aterrorizada. Castiel se perguntou da onde ela arrumara coragem para se defender em frente ao Carrasco? O inspetor Marcus sempre metia medo nela. E depois do choque. Então o ruivo encarou a novata, será...?
   - Nesse caso... O senhor encrenqueiro aqui terá uma conversinha com a diretora! Mas fica o aviso: violência não será permitida aqui! Encontrem outra maneira de resolver seus problemas! – falou o carrasco rispidamente fitando especialmente Castiel que revirou os olhos em resposta – E você, capuz e óculos não são permitidos na escola. – informou.
   - Tecnicamente não estou dentro da escola – respondeu a novata calmamente. – Mas tirarei quando entrar.
   O inspetor assentiu e depois levou o louro em direção a diretoria, enquanto os comparsas saiam dali. Castiel olhando a novata lembrou que o mauricinho a confundira com um garoto. Vendo agora realmente ela não parecia nem um pouco feminina com aquele casaco. Era largo e o capuz enorme, escondia totalmente o cabelo e aqueles óculos... De costas ela realmente parecia um homem. E com a força que ela chutara a cara do retardado...
   - Caramba Violette! – falou Rosalya sorridente – Estou tão orgulhosa de você!
   E a abraçou.
   - Dakota finalmente vai ter o merecido! – exclamou Lysandre.
   - A novata até que é corajosa – comentou Castiel ainda encarando a mesma parada ali – Ou é muito maluca...
   - Castiel! – repreendeu Lysandre.
   - Talvez os dois – disse a novata normalmente, deixando o ruivo e seu amigo intrigados com a resposta – Valeu a ajuda.
   - Tá, tanto faz... – falou Castiel indiferente, apesar de estar surpreso com aquela atitude. Aquela garota derrubou Dakota sozinho, e nem se importou em afirmar isso para o Carrasco. E ainda, de certa forma fez Violette se defender. Ela era... Muito... esquisita.
   A “esquisita” se virou para sair.
   - E-Espera! – falou Violette, fazendo sua protetora parar de costas para todos. – Obrigada!
   A garota ficou em silêncio por dois segundos e então disse normalmente:
   - Disponha. – E continuou andando.
   Realmente era uma garota muito estranha, pensou Castiel olhando ela se distanciar calmamente, como se nada tivesse acontecido. Rosalya levou Violette para enfermaria, pois ela ainda meio que estava em estado de choque com o ocorrido. Enquanto Lysandre e o ruivo foram para dentro da escola.

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⏰ Última atualização: May 05, 2018 ⏰

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