CAPÍTULO QUATRO

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Reação

Cidade de Osbrück. Inverno de 1910.

Dmitry varre com as mãos todos os objetos que haviam em cima de seu criado-mudo, com fúria, em seguida, agarra-se na cortina que cobria a janela e a rasga. Ele estava enfurecido. Uma tempestade de gelo se formava lá fora. Era possível ouvir o uivar do vento.
Da porta do seu quarto, Madar, a criada, o observa com calma.
Dmitry se dá conta de sua presença peculiar.
— Madar. Vá embora! — ele diz em voz alta, o vidro da janela trinca em algumas partes.
— Acalma-se, criança — ela pede com tranquilidade, entrando no quarto. Ela era uma pessoa muito importante na vida do garoto, até porque, era nela que ele concentrava a visão de mãe. Seu pai sempre esteve fora, em reuniões, e ela era a única que esteve com Dmitry, desde a infância à adolescência.
— Consigo compreender sua fúria... — ela diz tranquilamente, sentando-se na cama.
— Não, você não consegue entender — a voz do Dmitry sai embalada de choro.
— É difícil! Nem sempre precisamos entender certas coisa, filho, mas sabe, permitir-se ser quem realmente é, faz com que coisas incríveis aconteçam — ela fala algo em metáfora, a fim de que ele colha a informação necessária.
— Eu não sei... Preciso do meu pai. Preciso de ajuda com algo, e tudo parece está indo contra mim — Dmitry já estava mais calmo, mas inquieto.
— Tenho infinita certeza que você está preparado... — ela diz, levantando-se da cama e indo em direção à janela.
— Preparado? — a dúvida era eminente.
— Venha até cá... — ela pede. Dmitry dá alguns passos até ela e vira-se, observando através da janela, o ambiente melancólico lá fora. Nevava bastante.
— Há uma harmonia que preza o funcionamento de tudo... — ela diz, estendendo a mão em direção a janela. As nuvens grossas e escuras que derramavam muita neve, se dissipam. Exibindo um céu azulado, virgem.
Madar era uma bruxa.
— Como fez isso? — ele indaga, ao perceber que o clima melancólico havia saído dos céus e se afastado da cidade.
— Magia... — ela diz, voltando para a cama —, e você deve entender como canalizar isso a seu favor e da harmonia da natureza.
— Isso é loucura — Dmitry ainda estava confuso. Era difícil para ele entender aquele universo fantástico que se apresentava fortemente, a cada dia.
— Você busca ajudar a garota, não é mesmo? — ela fala pausadamente, olhando para o garoto. Madar conseguia ler seus pensamentos.
Dmitry olha para ela com admiração.
— É tudo o que mais quero...
— Seu amor é verdadeiro. Ele tem o poder de quebrar maldições, entretanto, você deverá controlar-se — Madar diz, caminhando até a porta —, venha até cá.
Dmitry a acompanha.
Eles entram na grande biblioteca da casa dos Vuotchk.
— Eu guardei esse livro por anos... — ela toca na lombada de meia duzia de livros que haviam numa fileira alta, na prateleira. Eles mudam sua cor e exibem um único livro: O Livro de Mondos. Ele estava camuflado com uma espécie de magia, onde só a pessoa certa poderia vê-lo.
— O livro da tia-avó... — Dmitry diz, surpreso —, eu estava procurando-o.
— Há muitas informações aqui. E informações para aqueles que sabem o que querem... — a velha diz, colocando o livro sobre o balcão e folheando-o.
— Como assim?
— Há ganância e sede por poder, e o livro mostra a essas pessoas o caminho, porém, com consequências catastróficas... — ela mostra figuras de guerras —, sua tia-avó era bruxa. Generosa esposa do grande mago Mondos. Naquela época havia harmonia em Westt... Você precisa saber que, você tem uma missão...
— Missão?
— Você faz parte de "O Estágio". Mondos concebeu os escolhidos... Eles se encontrariam para celar a paz — ela continua a falar, enquanto pensa, buscando mais e mais informações de sua velha cabeça.
— O Estágio? Os escolhidos? Por favor, Madar. Seja mais específica.
— Não!  Você saberá o resto com o tempo... você precisa controlar seu interior... seus poderes... — ela fecha o livro.
— Seu pai não traiu Westt, ele precisava proteger este livro, sabia que os escolhidos surgiriam, como na profecia, mas pouco sabia que um destes, seria seu adorado filho. Daniel Vuotchk acredita na mudança que está para acontecer, e ele está em alerta, assim como os demais bruxos da fraternidade branca de Consagrado. Todos estão se conectando!  Peço que fuja para longe e encontre as pessoas certas — Madar mostra o símbolo do triângulo cortado em seu antebraço, que agora era mais visível.
Em seguida, ela põe sua mão gelada sobre o antebraço de Dmitry, e exibe a marca que se desenha nele, como uma cicatriz.
— Você é de Consagrado. De uma nova linhagem de bruxos. Dimi, você precisa achar os demais...
Ele fica admirado com tudo aquilo.
— E a Lindsay? — Ele indaga, sabendo que precisava fazer algo pela garota.
Madar faz uma pausa, enquanto pensa, como se estivesse recebendo uma força espiritual, uma mensagem do além.
— Se o que penso aqui, for certo, vocês serão atraídos, um ao outro.

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⏰ Última atualização: Jun 05, 2018 ⏰

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