Todas as suas partes deixadas pelo caminho, principalmente em mim.

Você ainda está aqui, querido.

Haverá um outro depois de você querido, um que terá a árdua tarefa de ocupar o seu lugar, e será nos braços dele que eu buscarei calor em um dia de frio do rigoroso inverno de julho no sul, será nos lábios dele que eu irei deixar um pouco de mim, será para ele os meus próximos versos tão cheios de você em cada linha, haverá um outro para que ocupe o seu lugar no meu coração, para que apague os teus rastros da minha pele e te expulse de dentro de mim de uma vez por todas. Haverá um outro para eu me apoiar e ler poemas em voz alta, será os discos de alguma banda de rock dos anos 80 preferida dele ecoando pela casa ao invés do seu jazz que eu tanto gostava, será o corpo dele preenchendo o espaço vazio ao meu lado na cama, será o perfume dele nas minhas roupas, será a voz dele presente nos meus ouvidos no lugar do grave sussurrado da sua, será dado para ele o lugar nos meus pensamentos que antes era só teu. E eu irei jurar querido, jurar que ele será o suficiente, jurar que sua ida não dói mais e que deixou de importar, irei jurar para mim mesma que sua presença em todos os cantos, dentro e fora de mim não existe, irei jurar para mim mesma que meu amor por ti, assim como você é ausente. Irei jurar que não existe mais nada seu por aqui e eu sei lidar com os restos que sobraram, irei jurar para mim mesma de que posso me livrar dos vestígios do que nós éramos. Eu irei, com todas as minhas forças, expelir você de dentro mim por mais que meu coração grite que uma parte minha já se foi com você, sua falta é infernal mas isso é outra mentira que a madrugada me conta e eu acredito, seu amor me transbordou mas algum dia, em alguma hora, não será mais sobre você.

Porque essa é a mentira que eu conto para mim mesma, até que um dia ela seja maior do que meu amor por você.