I didn't know I was so lost

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Harry

Eu não estava aguentando mais. Niall e Liam e aquela melação toda, conversando sobre coisas fofinhas e rindo naturalmente Argh, todo esse ar de romance me enoja. Principalmente porque eu olho pra pista de dança e vejo Louis dançando colado com uma garota qualquer, enquanto Paul está de lado, tímido, apenas observando. É um rapaz doce, tenho que admitir: ele merece Louis muito mais do que eu. O problema é que nenhum de nós vai tê-lo, porque não é disso que ele gosta. Porque a vida sempre me coloca nessas situações? Lembranças começam a voltar, e meus olhos estão marejando. Eu estou no bar e ninguém se importa comigo. Droga, eu preciso de algo pra me tirar dessa depressão, agora, antes que as imagens comecem a me afogar de novo. Já faz três meses que eu nem pensava nisso, como esse garoto conseguiu mexer comigo a ponto de fazer tudo se tornar tão vívido de novo em minha memória?

Murmuro uma desculpa qualquer para Liam e saio, não posso mais suportar isso. No caminho para a saída da boate, uma lágrima solitária corre pelo meu rosto. Enxugo-a rapidamente. Agora é tarde demais, preciso chegar em casa o quanto antes, eu já sei que vou me despedaçar a qualquer momento. Soluçar histericamente no meio da rua não é algo que eu queira adicionar a meu currículo. Ando pelo beco lateral do prédio, tenho que chegar até o estacionamento e pegar meu carro, pelo menos dentro dele estarei seguro para ouvir Adele ou qualquer outra música depressiva e talvez tentar aquilo novamente Eu só fiz uma vez e a dor foi estranhamente libertadora. Não que ultimamente eu tenha tido muitas crises. Nos últimos dois anos eu tive apenas três, que eu me lembre. Mas mesmo assim, parece que a cada vez que elas vêm agora, são cada vez piores e machucam mais. Literalmente. Tiro a chave do bolso sem dar muita atenção ao mundo ao meu redor. Eu sei que é imprudente ser tão distraído em Londres, mas mesmo assim, eu estava em completa crise emocional, não me culpe.

Harry? Harry! – Subitamente, uma voz cortou o ar noturno de outono e tinha um tom urgente. Algo me dizia que eu a conhecia de algum lugar, mas sinceramente eu não estava me importando. Cheguei rápido até meu Lexus e destranquei a porta. Puxei meu corpo para dentro em um pulo e cliquei no botão de partida. O motor roncou baixo, os faróis de xênon brilharam à frente. Em outra situação eu passaria algum tempo sentindo a potência do meu carro sob as minhas mãos, eu adoro fazer isso. Só que no momento, eu não consigo. Não consigo me focar em nada que seja bom Só naquelas imagens e elas continuam vindo e

Um baque no vidro do painel do carro. Acertei alguém. Merda, merda, merda. Só faltava eu matar alguém pra foder de vez com a porra toda. Resisti ao impulso momentâneo de engatar a ré e sair do estacionamento a toda velocidade. Afinal de contas, a pessoa não tinha culpa de eu ser um completo idiota. E eu também seria médico dentro de um ano e meio, seria completamente antiético da minha parte fazer um juramento sobre “proteger a vida humana a qualquer custo” e atropelar alguém e fugir sem prestar socorro. Enxuguei minhas lágrimas e saí do carro, aquela pessoa precisava de mim agora; o “Harry Styles, médico, frio e sempre no controle”; não o “Harry Styles, lixo humano que não sabe porra nenhuma do que tá fazendo”.

Ai, Harry. Caramba. Tá cego e surdo agora? – Ouvi a mesma voz ao sair do carro. Ao ver o corpo do rapaz mais velho se levantando, o reconheci de imediato. Seus traços másculos marcantes, o cabelo sempre oleoso e com aparência de mal cuidado, o suéter justo característico, delineando os músculos do tronco e a barba espessa para esconder aquele queixo esquisito. Hoje Matthew parecia ainda mais frustrado por estar em sua pele. É o que acontece quando se é um traficante de drogas já carimbado pela polícia.

Matt. – Saudei-o sem animação. Desculpa por isso. Te machuquei? – Ele olhou para si mesmo e bateu a poeira das roupas. Soltou um gemido de dor e puxou a manga direita do suéter que vestia. O cotovelo e parte do antebraço estavam ralados, nada grave. Expirei, aliviado, o ar que, só agora, percebi que estava prendendo.

Nothing can come between you and I ↪ Larry & Niziam☑ [Em Correção]Onde histórias criam vida. Descubra agora