- Uma pena que nosso tempo foi curto, não é mesmo senhor Thorn? Quanto tempo faz, cinco ou dez anos que o senhor aguentou conosco?
- Quinze anos seu monte de merda.
- A vamos, as coisas não mudaram tanto, só houve a guerra dos Zyons e outras coisas, mas o mais importante, é esta carta que acabamos de receber do governo que está endereçada ao senhor.
Eu pego a carta e nela está o carimbo do departamento de finanças do rei Yurik. Leio com atenção:
Em nome do rei Yurik lll, iremos confiscar todas as suas propriedades como o pagamento de todas as sua dividas e como começo da transação, gostaríamos que você fosse ao grande salão do rei e assinasse o termo de aceitação. Você terá que conhecer o novo rei.
- Mas que lixo de rei é esse que solta seus prisioneiros com dividas?!
- Não é você quem fez as dividas e sim sua família. Soube que você tem uma filha crescida.
Eles riram de mim por um motivo tão tolo que eu não conseguia acreditar, mas com tudo, não liguei. Me retirei de lá e fui até meu banco. Saquei tudo o que tinha e fui até o tal grande salão onde encontrei diversos seres que estavam lá para o mesmo propósito que eu, mas um deles me chamou a atenção. Seu nome era Fyru. Ele era um anão com uma certa reputação que já me dizia para me afastar antes que o matasse e então por infelicidade do destino ele veio até mim.
- Ei você!
Eu não o dei atenção, mas cada vez que ele me chamava vinha com um insulto ou um apelido, até o momento que eu cansei de escutar aquela maldita voz que ecoava na minha cabeça e falei:
- O que você quer porra?
- Você finalmente me ouviu, poste! Achei que era surdo.
- Não, você que não tem altura para chegar no meu ouvido. Então, o que quer anão?
- Primeiramente, meu nome é Fyru. Sou um anão de Ziart e soube que você faz uns favores.
Ele subiu num banco e cochichou para mim.
- Sabe né? Favores criminosos, como matar um certo ser desprezível que ronda a tenda de umas crianças de rua. O que me diz? Você vai me ajudar a cuidar desse assunto?
Eu o olhei atentamente e vi o seu machado com as runas de um reino antigo e então veio-me um pequeno laço de memória de quando era apenas uma criança e o falei:
- Me diga como é esse homem que você tanto fala.
Ele me disse para segui-lo e então, fui. Ele foi pela rua me contando suas inúmeras histórias de batalhas e guerras em que participou e perguntou se eu já tinha participado de alguma, eu não o respondi e então ele me perguntou:
- O que você acha das guerras? Eu acho um monte de merda! Apenas lutamos para um bando de reis covardes, atrás de suas mesas de jantares ou trancados em seus quartos fodendo com suas escravas e você o que acha disso tudo?
- Eu acho que não luto por reis e brasões, apenas luto por minha família.
- Então você tem família. Achei que um homem com uma cara de cu sua não tinha nem amigos.
Ele riu.
- Meus amigos morreram lutando ao meu lado e minha família não faz questão da minha existência.
- Que merda! Você adora estragar o clima não é? Mas fica tranquilo porque eu não morro tão facilmente.
- Pouco me importa se você morre facilmente ou não, só irei fazer esse serviço e nunca mais irei vê-lo novamente.
- Claro, claro. Chegamos.
Ele me levou para trás de um mercado, onde só havia espelhos pendurados em todos os cantos da parede. Foi quando eu senti um mal pressentimento e perguntei:
- Onde está o homem que você falou?
Ele apontou para um espelho, mas quando percebi, era tarde demais. Ele me golpeou com o cabo de seu machado e por um breve momento cai. Ele colocou o machado no meu pescoço e disse:
- Quer dizer então que você fode criancinhas e depois finge não saber? Bom, seus dias acabaram!
O anão desceu seu machado com toda força em direção ao meu pescoço, mas esse não era o meu dia de morrer. Com toda a minha força de vontade, avancei em cima dele e o joguei na enorme parede de espelhos que tinha, ele só me olhou e disse:
- Você que brincar? Vamos brincar seu monte de merda!
Iniciamos uma calorosa batalha. O anão com seu machado e eu com meus punhos nu. Foi quando comecei a pensar naquela mesma promessa que tinha feito: usar minha raiva só para ajudar. Foquei em desarmar o anão e então me afastei e esperei, ele disse:
- Você foge como um cão assustado, mas você ainda pagará pelos seu crimes!
- Venha me fazer pagar rato!
Ele veio para cima de mim com uma enorme investida, mas ainda não era minha hora. Consigo pegar o machado dele e começo a esmurra-lo e percebo que já esta muito ferido, eu paro e digo:
- Quem disse que eu faço essas merdas?
- Como assim?! As suas vitimas seu animal! Elas reconhecem seu rosto. Eu o trouxe aqui porque sabia que aqui era seu lugar de caçar a crianças.
Antes que eu pudesse falar escuto ao longe uma pequena voz de uma criança chorando dentro de uma casa. Eu levanto o anão e falo para ele me seguir, que resmunga dizendo:
- O que vamos fazer lá?
- Estou escutando choros de uma criança e não vou ignorar tão facilmente.
Eu arrombo a porta com um chute e o que vi lá gostaria de nunca ter visto. Era uma sala cheia de correntes como num açougue e diversas facas e marcas de sangue sobre elas e nas paredes. Vi uma pobre e pura criança. O anão assim que a viu foi até ela tentando solta-la, mas sem sucesso. Fechei a porta atrás de mim e fui olhar ao redor enquanto o anão tentava desesperadamente soltar a criança, vi diversas roupas rasgadas espalhadas pelo chão e uma pequena montanha de ossadas de pequenos esqueletos. Me dei conta de que eram ossos de uma criança. Corri para ajudar a soltar a criança, mas escutei passos vindo em nossa direção de lá de fora. Foi quando peguei o anão e me escondi para ver quem era, vi um homem alto com um chapéu negro que cobria seu rosto. Esperei até o momento certo, quando ele começou a falar com a garota:
- A minha querida, você não sabe o quanto eu estava louco para te ver e me divertir com você, esse seu brinquedo entre suas pernas é algo que eu estava ansioso para poder brincar.
Ele riu com uma risada de uma aberração e a criança começou a chorar e ele a pegou. Meu coração começou a acelerar. Ele abaixou as calças e eu não tive mais escolhas. Parti para cima dele e o joguei contra a parede. Ele se revelou. O meu antigo carcereiro. Era um bruxo que molestava crianças. Ele lançou um feitiço que vinha em minha direção. Pensei em tudo que havia passado e me nego a morrer. Me recordo daquilo que havia me segurado até agora e lembro da minha verdadeira natureza e digo para o bruxo:
- Eu sou Thorn e você vai morrer pelas minhas mãos!
Carreguei toda a minha fúria sobre ele e só lembro de todas as minhas batalhas que tive que me soltavam assim. Foi quando lembrei da criança na casa e parei de bater nele, então ele disse.
- Você é o ultimo não é mesmo?
Ele começou a rir. Tirei minha camisa e a cobri, sentei a lá fora e lhe disse:
- Não saia dai por nenhum motivo, qualquer coisa nos chame.
Ela acenou com a cabeça e entrei novamente para ver o que o anão estava fazendo. Estava o torturando. O mandei parar. Ele me olhou com um olhar de: eu não ligo para o que você diz. O peguei pela garganta e o joguei em outro canto da sala, ele começou a falar:
- Por quê? Por que deixar ele viver? Ele merece ser torturado até a morte pelo o que ele fez as outras pessoas. Os pais, as famílias.
Ele começou a rir com a mordaça, então a tirei e ele disse:
- Eu me lembro dela anão. Da sua linda filha. Ela tinha a melhor boca que eu já provei. Eu queria só mais uma noite com ela.
Ele ria e ria. Eu cansei de vê-lo rir e disse:
- Fyru, você tem cinco minutos para fazer ele pagar pelo que ele fez, mas você não pode mata-lo.
Fyru começou o mais rápido possível, enquanto isso, sai para ver a criança. Ela estava em pé, caminhando até uma ponte próxima dali prestes a se jogar. Corri até ela e por sorte, consegui impedi-la e então perguntei:
- Por que tiraria sua própria vida?
- Para que isso não aconteça de novo. Você acha mesmo que essa foi a primeira vez que alguém sequestrou crianças? Não, não foi! Essa foi a minha primeira e ultima vez.
De repente, não entendo o por que de fazer isso, talvez por impulso, a abracei e disse:
- Você nunca mais vai ter que se preocupar, porque eu vou cuidar de você.
Ela olhou para mim e sorriu e então, levantei e fui até a casa, quando vi o Fyru sair e dizer:
- Melhor valer a pena isso.
- Eu juro que valerá, agora nos deixe a sós e por favor, cuide da criança.
- Claro, cuidarei dela como se fosse a minha.
- Melhor não, se não ela vai estar num caixão.
Soquei o bruxo e disse:
- Hora de pagar pelos seu pecados.
O anão que já estava lá fora, começou a escutar os gritos. Então, sai com um certo item muito importante para a sobrevivência do bruxo, sai de lá com o coração dele, ainda batendo e pulsando na minha mão e o esmaguei na frente do anão e disse:
- Vamos resolver nossos assuntos com o rei de merda, mas antes vamos comprar umas roupas a criança.
- Só estava esperando, chefe.
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Guardiões da Chama Primordial Livro l
RandomThorn e apenas um homem com o passado sóbrio que sempre que possível tenta redimi-lo,mas em sua jornada para casa ele sera colocado em diversos perigos e provas para ver o quanto de seu passado ele segui-o em frente.