Prólogo

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Decisões erradas
Tudo bem
Bem vindo à minha vida boba
《F**kin' Perfect - Pink》

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Aparentemente seria uma sexta-feira comum, entretanto, Laura estava com uma sensação estranha. Se contasse a sua mãe ela diria que é um mau pressentimento, mas segundo a ciência isso não existia e Laura tinha uma certa predileção no que a ciência dizia.

As horas estavam passando com certa lentidão e enquanto andava em busca de um presente de dia dos namorados para Theo, seu namorado, seus pensamentos vagavam em assuntos totalmente adversos aos que levaram a mesma até alí.

Desde que perdeu a última paciente, ela tem perdido o sono. Era uma criança de seis anos que chegou ao hospital para a retirada de um tumor. Pelas tomografias seria uma cirurgia sem muitos risco e ocorreria tudo bem, e foi o que disse aos pais.

- É uma cirurgia simples e sem muitos riscos. Fiquem tranquilos pois eu sou boa no que faço e prometo que ela ficará bem. - Prometeu aos pais da menina.

A criança, que se chamava Liz tinha os olhos verdes bem marcantes, assim como o da mãe, e era a única menina do casal que tinha três filhos, sendo dois homens. Laura soube dessas informações no caminho para a sala de cirurgia, pois Liz começou a falar sobre diversos assuntos com a tal, como se fossem amigas de longa data. Contou em relação aos seus irmãos, disse que um era grandão e o outro era chato. Foi a unica coisa que encontrou para definir os irmãos e Laura gargalhou. Era de se entender o motivo deles serem tão apegados a criança, pois o pouco tempo em que Laura trocou palavras com a pequena foi o suficiente para ficar encantada pela mesma.

Tudo parecia correr bem no entanto, ocorreu uma complicação inesperada. Laura fechou os olhos para pensar no que fazer para reverter o quadro e sentiu sua mão formigar. Era a primeira vez em anos que ela não sabia o que fazer.

- Doutora, ela está tendo uma parada cardíaca. - Avisou a enfermeira.

Nesse momento, as coisas aconteciam de forma rápida e até mesmo confusas quando Laura parava para relembrar. Porém, o resultado de tudo era nítido quando o coração parou. Ela não queria dizer aquilo, mas não tinha escolha:

- Hora do óbito, 16:57. - As palavras saíram arrastadas de sua boca e a frustração era evidente.

Antes de ir dar a notícia para os pais, ela se sentou repassando a cirurgia para encontrar onde foi seu erro.

Para sua infelicidade ela não encontrou.

Gostaria de dizer para os pais o que aconteceu, mas ela também precisava que alguém a explicasse. Precisava de respostas tanto quanto os pais precisarão quando forem informados da notícia. Se levantou da poltrona e se recompôs. Respirou fundo segurando as lagrimas que pediam para sair e andou em direção a sala de espera.

Quando chegou ao local, seus olhos se encontraram com os pais. Eles se levantaram assim que a viram e sorriram, fazendo com que Laura se sentisse ainda pior.

Eles confiaram nela e ela falhou.

A sensação de perder um paciente era algo que não dava para se acostumar e aquela era uma perda dolorosa para a mesma.

- Como foi? - Perguntou o pai.

- Eu fiz tudo o que pude. - Ela dizia sabendo que no fundo tentava convencer aquilo para si mesma também. O sorriso que antes estava estampado nos rostos dos pais, foi desaparecendo gradativamente.

- O que a senhora quer dizer com isso?

- Eu sinto muito, mas...

- Não ouse dizer isso. - Disse a mãe exasperada. - A senhora prometeu que ela ficaria bem. - Gritou.

- A filha de vocês faleceu. - Completou contragosto. A mãe da criança se jogou nos braços do pai que permaneceu estático e passou o braço em volta do corpo da esposa.

- Eu sinto muito mesmo. - Enquanto ia se virando ouviu a voz do chefe da família se dirigir a ela.

- Está muito enganada se acha que vai ficar por isso mesmo. - Ameaçou e Laura continuou andando e ignorando o mesmo. - Eu não aceito perder nada meu. -  Sentiu um frio percorer a sua espinha, e tentou esquecer as palavras que vinham a amedrontando até então.

As vezes entrar para uma cirurgia era um tudo ou nada. Vidas são confiadas nas mãos de cirurgiões e cabe a eles cumprir com promessa de salva-las e Laura odiava quebrar suas promessas.

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