Está apenas começando

3 0 0
                                    

Era uma manhã de sexta-feira, lá estava eu levantando o meu espírito já que meu corpo prosseguia na cama, enrolado no edredom. Para muitos o fato de ser sexta-feira era maravilhoso, pois no outro dia era o tão esperado fim de semana, mas para mim era apenas mais um dia qualquer, já que minha prisão de segurança máxima ( mais conhecida como colégio) estenderia as aulas até o sábado.
Ao conseguir sair do quarto dou de cara com meu pai com aquela bela expressão de péssimos amigos que ele faz todas as vezes que ele é obrigado a acordar cedo por minha causa, porém boa parte do próprio sofrimento era culpa dele, pois foi ele quem me pôs naquele presídio. Passo por ele como o zumbi que sou ao acordar, e entro direto no banheiro, me despindo e tomando uma bela ducha gelada numa tentativa falha de despertar-me. Após o banho, visto minha roupa de guerra e no final de longos 30 minutos de espera, meu pai me leva para o bendito colégio.
Assim que chego e passo pelos portões de metal tingido de preto, avisto meu filhote, como costumo chamar a pequena criatura de óculos sentada nos degraus do local de entrada.

- Bom dia - disse com um sorriso torto

- Que milagre é esse? Você está doente? - Cauã me olha espremendo os olhos de forma analítica dando um sorriso ladino

- Eu estou tentando ser educada, dá pra ajudar? - sento ao lado dele

Aos poucos o resto da gangue vai chegando e se juntando a nós. Igor, Manu, Diogo, Giza e Júlio se sentam com a mesma cara de morte de sempre, o tempo passa enquanto falamos sobre coisas inúteis até que é hora de entrar. Lembro-me da primeira vez que passei por estas portas, na 8ª série, me sentia sozinha e pequena em relação aquele lugar, agora estou no 2º ano e tudo o que eu mais quero é sair daqui. Honestamente, eu odeio estar aqui, o único motivo para continuar vindo é o valor absurdamente alto que meu pai se esforça para pagar todos os meses e o índice de aprovação no Enem desse lugar.
Quando consigo chegar quase morrendo naquele terceiro andar (o que eu acho totalmente desnecessário, porque esse lugar não entende que a maioria dos alunos é sedentária e não gosta de subir seis lances de escada em plenas 7 horas da manhã), vou diretamente para minha sala para ter a certeza de que ninguém irá roubar meu lugar, que se localiza na fileira ao lado da mesa do professor, como uma tentativa falha de entender algo que ele está explicando principalmente se for na aula de química.
Assim que é avistada uma figura de cabelos negros e óculos de grau passando pelos corredores todos entram na sala e se sentam em seus devidos lugares, esperando a aula começar. Seria mais um dia normal, se ela não tivesse posto um pilha de papéis em cima da mesa e depois nos olhado com um semblante de dar medo dizendo a seguinte frase:

- Borracha, caneta e lápis na mão. Teste surpresa.

Este, meus amigos, foi o momento mais assustador do meu dia. Era como se estivesse em meio a um filme de terror e o vilão houvesse acabado de dar as caras pela primeira vez, tudo ficou em câmera lenta e eu jurava que podia ouvir cada palpitar das batidas do meu coração. Comecei a suar frio, em completo desespero, não sabia quase nada do assunto, como é que eu faria um teste?!
Mesmo assim, respirei fundo, encarei o papel com 5 questões em minha frente e tentei responder o máximo que pude.
Ao terminar, fui liberada da sala, e tudo o que eu pude ver do lado de fora eram caras de desespero e tristeza, incluindo o minha, mas pensando bem o problema é: desde quando isso se tornou normal?
As pessoas que passavam por aquele corredor viam a tristeza alheia como algo normal mas não, isso não é, para mim essas são as consequências de um sistema falho que nos força a estudar coisas inúteis para que uma nota nos defina. E, quando se está no ensino médio, é que essa pressão é sentida com mais peso. Já perdi as contas de quantas horas de sono abandonei por causa de uma prova no outro dia ou uma atividade que tinha que ser entregue, e não era porque eu havia deixado para última hora, era porque durante o dia eu não tinha tempo o suficiente, pois meu colégio nos obrigava a estar lá o máximo de tempo possível de forma física ou mental. É quase impossível manter uma vida social dessa forma, e olha que ainda estou no 2º ano, há como ir a alguns eventos, porém imagino-me quando estiver no 3º ano o caos que será, isso se eu chegar viva e com a sanidade intacta até lá, o que pelo rumo que as coisas estão tomando, será meio difícil.
Após caminhar um pouco vejo Jasmim, uma das minhas melhores amigas nesse manicômio, ela está cabisbaixa num canto, vou até lá e sento-me ao seu lado.

- , o que foi? - perguntei realmente preucupada

- Nada, está tudo bem. - respondeu sem me olhar nos olhos

- Eu sei que não está, por favor, não minta pra mim. - disse um pouco mais alto

- Estou apenas preocupada sabe, eu estou perdida, não entendo nada dos novos assuntos. - ela diz me encarando com semblante tristonho

- Eu sei como é, sinto que não estou sabendo o suficiente. Mas o que eu posso fazer? Apenas irei me debruçar mais sobre os livros...- disse também desanimada

- Eu tentei, juro que tentei mas não tem jeito. Eu sou burra, eu vou perder em química!! - ela disse desatando a chorar em meu colo

- Calma, calma, estamos na 1ª unidade. Vai dar tudo certo! - digo tentando acalmá-la. Viram o que eu disse? É um sistema falho, nos fazem acreditar que somos burros por não entendermos uma ou outra matéria. Porém infelizmente aqui dentro de mim eu sei, esse inferno estudantil está apenas no início...

.

.

.

Hi pessoas, então né, sejam bem-vindas ao primeiro capítulo do livro. Espero que gostem, e qualquer coisa é só mandar uma mensagem, atenderei as sugestões e conselhos. Beijos, meus bens😘

 Beijos, meus bens😘

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 06, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

E se eu enlouquecer?Onde histórias criam vida. Descubra agora