Capítulo 3

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Até agora, não entendi direito o que aconteceu. O segundo cara simplesmente passou no meio dos gigantes em um vôo rasante e, enquanto apontava a mão na direção deles,o asfalto tremia e os gigantes ficavam chamuscados. Três ficaram abalados mas um, que ainda não tinha sido atingido, saltou na direção da máquina voadora  e conseguiu se pendurar nela. Acho que o peso extra fez a máquina cair. O piloto se protegeu bem, rolando pra longe bem na hora em que aquela parafernália toda se arrebentou no asfalto. E o monstro não parece ter se ferido muito porque,mal se levantou, saiu correndo feito louco atrás do cara de uniforme, que tentou fugir indo na direção do Salto da Morte: um precipício que fica do lado direito da estrada, onde muitos playboys chapados vindos da cidade grande já haviam "embarcado" enquanto participavam dos famosos "rachas" nas madrugadas de sábado. Passatempo mais estúpido esse!

 Tentei avisar que iria ficar encurralado, mas estava muito longe pra ele ouvir. Poucos metros antes de chegar ao precipício, o herói -acho que esse também pode ser chamado assim - se virou pro gigante e apontou a mão direita em direção ao chão. Uma enorme cratera surgiu entre eles. Sem diminuir o ritmo, o gigante deu um salto incrível, caindo a poucos metros do cara que, sem parecer nem um pouco assustado,bateu com o calcanhar direito bem forte no chão, antes de sair correndo na direção do precipício, com o monstro na sua cola. Imaginei que, entre ser triturado vivo por uma criatura daquelas e saltar do precipício, o cara tivesse escolhido a segunda opção. E quando o gigante saltou tentando agarrar o herói, bufando de raiva e mostrando suas garras e dentes, sem pensar na morte horrível  que certamente esperava os dois no fundo daquele precipício, eu percebi uma coisa:uma linha muito fina e brilhante prendia os pés do herói a um pequeno arpão de metal, fincado exatamente onde ele havia pisado momentos antes. Mal eu tinha percebido isso, os dois mergulharam em queda livre: o herói primeiro e o gigante logo depois, furioso e tentando botar as garras na pele da presa. Mais de um minuto passou até que o herói aparecesse, subindo pela corda estranha que continuava presa ao chão, perto da cratera que ele mesmo havia aberto. Já o gigante, não voltou. Pra ser sincero, conhecendo o tamanho daquela queda,duvido que até mesmo uma criatura daquelas tenha sobrevivido. Só então  me lembrei dos três monstros restantes, que tinham ficado para trás. 

Eles continuavam no meio do asfalto e paralisados, tão surpresos quanto eu pela morte de seu companheiro e pelo cara da máquina voadora ter sobrevivido. Foi aí que o último herói apareceu. Pra dizer a verdade, ele aterrissou!. Só que dessa vez não era um homem e sim um tremendo robô, que caiu do céu e atingiu em cheio um dos grandalhões, deixando ele nocauteado na hora! Logo depois, um helicóptero - deve ter sido de lá que saiu o robô - resgatou o motoqueiro e o outro cara, e começou a sobrevoar o local onde a gente estava. Nessa hora o robô, que já estava lutando com os outros gigantes, jogou um tipo de corda, só que feita de metal (não sei explicar como) em um dos monstros. O monstro ficou com os braços presos, rosnando alto e se debatendo como um animal. Foi então que a corda estranha começou a brilhar, dando um baita choque no gigante, que apagou na hora! Só restava uma daquelas coisas de pé mas, além de ser o mais alto de todos, era bem mais forte que os outros: era o chefe do bando, o que tinha arrancado a mão do xerife Owen!

Aquele robô parecia muito rápido pro seu tamanho: Mal havia eletrocutado um dos monstros, usou seu corpo inerte como apoio e saltou com a sola do pé - ou seja lá o que for aquilo - no rosto do último gigante. A pancada foi fortíssima, mas o monstro não pareceu sentir muito. Seu rosto sangrava, mas ele estava gargalhando!     

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