Quando os monstros saíram do bar, comecei a businar feito louco só pra chamar a atenção deles. Completamente pirados, se puseram a correr atrás de mim. Eu estava morrendo de medo, mas achava que poderia escapar. A lambreta do senhor Jones não é nenhuma Harley, mas eu sabia que o tanque estava cheio e, mesmo a sessenta por hora, o máximo que ela alcança num dia bom, eu iria conseguir deixá-los pra trás na saída da cidade. Mas eu estava enganado: Mal tinha tomado a rodovia e os monstros já estavam na minha cola. E o pior, não só corriam mas, pelo menos dois deles davam saltos enormes, chegando mais alto que as torres de energia que havia na beira da estrada, sempre diminuindo a distância que me separava deles. A essa altura eu já estava apavorado, tentando lembrar de alguma oração pra me despedir do mundo ... foi quando eu vi o primeiro deles: Vestia um uniforme escuro e pilotava a moto mais veloz que eu já vi na minha vida. Na hora, lembro de ter notado que o piloto não usava capacete nem óculos e imaginei como, correndo daquele jeito, ele iria conseguir evitar os arranhões e cortes que a areia do deserto costuma fazer no rosto da gente, quando não usamos proteção. Eu mesmo tinha um, perto do olho esquerdo, que consegui numa das poucas vezes em que consegui sair escondido com a lambreta do senhor Jones. Mas tinha uma coisa errada: ele estava indo na direção dos monstros. Quando notei, já era tarde. Já estava me sentindo mal por ter deixado o estranho ir ao encontro da morte certa sem avisar, quando ouvi os tiros. Na verdade, as rajadas.
Quando me virei pra ver o que estava acontecendo, pensando que iria encontrar o misterioso piloto estraçalhado pelas feras, tive uma surpresa: os monstros estavam parados, tinham vários ferimentos pequenos no peito e nas pernas e a moto estava dando meia-volta pra atacá-los novamente. Parei a uma distância segura pra assistir àquela luta curiosa: um motoqueiro maluco enfrentando cinco gigantes.
Na segunda vez em que o motoqueiro passou por eles, os primeiros monstros pareceram assustados. A moto continuou mandando bala e ele passou fácil por quatro deles, mas o último não arredou o pé e ficou parado, enquanto a moto continuava acelerando em sua direção. Pensei que o piloto iria desviar, dar meia volta ou tentar parar, mas o maluco acelerou e acho que começou a rir. Parecia até que aquilo era divertido para ele. De repente, no meio da corrida, ele subiu no tanque da moto e, quando já estava quase alcançando o gigante, deu um salto mortal para trás, aterrissando que nem um gato no asfalto. Nessa hora, vi que seu rosto estava todo arranhado e que ele carregava um aparelho estranho na mão direita. Ele apertou um botão na parte de cima bem na hora em que a moto atingiu o peito do grandalhão. O monstro acendeu feito um rojão - parecia o quatro de julho. Acho que não sobrou muita coisa dele.
Recuperados do susto, os outros monstros correram pra cima do herói - acho que posso chamá-lo assim, já que não sei e provavelmente nunca vou saber seu verdadeiro nome -, e eu já estava imaginando como ele, tão pequeno, iria fazer pra enfrentar sozinho aqueles brutamontes. Foi quando alguma coisa passou zunindo bem acima de mim. Eu não acreditava nessas histórias de extra-terrestre mas, a partir daquele dia, mudei de ideia. Um outro cara, com o mesmo uniforme do motoqueiro, voava a uns seis metros do chão, em um treco que parecia ter saído de um filme de ficção científica, daqueles com bastante efeito especial.
Ele resgatou o colega, colocou numa elevação próxima e voltou pra encarar os monstros. Nessa hora, pude perceber que os ferimentos no rosto do motoqueiro tinham desaparecido feito mágica.
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DESERTO SELVAGEM
AventuraApós invadirem uma pequena cidade perdida no meio do deserto, monstros cibernéticos perseguem o jovem Juan Rosa e são confrontados pelos integrantes do Projeto Zeromen. Muita ação e aventura, envolvendo robôs e equipamentos de última geração, além d...